Segunda-feira, 06 de Maio de 2024


Marco Eusébio Sábado, 28 de Setembro de 2019, 08:05 - A | A

Sábado, 28 de Setembro de 2019, 08h:05 - A | A

Coluna Entrelinhas da Notícia

Janot revela que foi armado ao Supremo para matar Gilmar Mendes e se suicidar

Por Marco Eusébio

Da coluna Entrelinhas da Notícia
Artigo de responsabilidade do autor

Fotos Arquivo Reprodução

ColunaMarcoEusébio

Gilmar e Janot: ao justificar porque não concretizou sua intenção, Janot disse que 'foi a mão de Deus'

Rodrigo Janot revelou ao Estadão e à Veja que, quando era procurador-geral da República, chegou a ir armado ao Supremo com a intenção de matar Gilmar Mendes. "Não ia ser ameaça não. Ia ser assassinato mesmo. Ia matar ele e depois me suicidar", afirmou. O caso ocorreu em 2017, quando Janot pediu o impedimento de Mendes na análise de um habeas corpus de Eike Batista, com o argumento de que a mulher do ministro, Guiomar Mendes, atuava no escritório Sérgio Bermudes, que advogava para o empresário. Ao se defender, Gilmar afirmou em ofício à então presidente do STF, Cármen Lúcia, que a filha de Janot – Letícia Ladeira Monteiro de Barros – advogava para a empreiteira OAS e que poderia "ser credora por honorários advocatícios de pessoas jurídicas envolvidas na Lava Jato". Janot disse ao Estadão: "Minha filha nunca advogou na área penal... e aí eu saí do sério". O ex-PGR disse que encontrou Gilmar na antessala da Corte: "Ele estava sozinho (...) Mas foi a mão de Deus", afirmou, ao justificar por que não concretizou a intenção. Rodrigo Janot disse que no livro "Nada menos que tudo" (Editora Planeta), em que relata sua atuação na Lava Jato, citou a cena "sem dar nome aos bois".

 

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Gilmar Mendes ironiza Janot: achei que só estava exposto a 'petições mal redigidas'

Nelson Jr./STF

ColunaMarcoEusébio

Em nota, Gilmar Mendes aproveitou para voltar a criticar a Lava Jato e aconselha Janot a buscar 'ajuda psiquiátrica'

"Sempre acreditei que, na relação profissional com tão notória figura, estava exposto, no máximo, a petições mal redigidas", ironizou Gilmar Mendes ao comentar a revelação do ex-procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de que foi armado ao Supremo em 2017 com a intenção de matá-lo e se matar depois. Em nota à imprensa, o ministro do STF lamentou que "parte do processo legal no país ficou refém de quem confessa ter impulsos homicidas", disse que sua "intenção suicida" era só pelo "livramento da pena" em ato de "oportunismo e covardia". Afirmou ainda que o combate à corrupão no Brasil "tornou-se refém de fanáticos" e recomendou a Janot buscar "ajuda psiquiátrica". E no Twitter (veja aqui) Gilmar volta a criticar a Lava Jato que, sob comando de Janot, teve seu período mais ativo: "É difícil não imaginar os abusos cometidos ao acusar e processar investigados"

Leia a íntegra da nota:

"Dadas as palavras de um ex-procurador-geral da República, nada mais me resta além de lamentar o fato de que, por um bom tempo, uma parte do devido processo legal no país ficou refém de quem confessa ter impulsos homicidas, destacando que a eventual intenção suicida, no caso, buscava apenas o livramento da pena que adviria do gesto tresloucado. Até o ato contra si mesmo seria motivado por oportunismo e covardia.

O combate à corrupção no Brasil — justo, necessário e urgente — tornou-se refém de fanáticos que nunca esconderam que também tinham um projeto de poder. Dentro do que é cabível a um ministro do STF, procurei evidenciar tais desvios. E continuarei a fazê-lo em defesa da Constituição e do devido processo legal.

Confesso que estou algo surpreso. Sempre acreditei que, na relação profissional com tão notória figura, estava exposto, no máximo, a petições mal redigidas, em que a pobreza da língua concorria com a indigência da fundamentação técnica. Agora ele revela que eu corria também risco de morrer.

Se a divergência com um ministro do Supremo o expôs a tais tentações tresloucadas, imagino como conduziu ações penais de pessoas que ministros do Supremo não eram. Afinal, certamente não tem medo de assassinar reputações quem confessa a intenção de assassinar um membro da corte constitucional do país.

Recomendo que procure ajuda psiquiátrica. Continuaremos a defender a Constituição e o devido processo legal.

Acho que nada precisa ser acrescentado."

 

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Gilmar pede providências contra Janot

TSE Divulgação

ColunaMarcoEusébio

Gilmar Mendes quer Supremo proíba Janot de entrar na Corte e que fique sem porte de armas

Depois de Rodrigo Janot revelar à imprensa que chegou a ir armado ao Supremo para matá-lo e cometer suicídio, o ministro Gilmar Mendes pediu providências à Corte como a retirada do porte de armas do ex-procurador-geral da República e que ele seja proibido de entrar na sede do STF, informa a Folha de S.Paulo. O jornal também ouviu o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que ironizou: "Mas o Brasil é um país estranho. Cada dia é uma novidade. Hoje descobrimos que o procurador-geral queria matar um ministro do Supremo. Quem é que vai querer investir num país desse?". O deputado disse ainda que espera que a Polícia Federal já tenha tirado o porte de armas de Janot.

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Alexandre de Moraes proíbe Janot de aproximar dos ministros do Supremo

Agência Brasil/Arquivo

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Após revelar que teve intenção de matar Gilmar Mendes em 2017, Janot está proibido de se aproximar do STF

Um dia depois de Rodrigo Janot declarar à imprensa que chegou a ir armado ao Supremo em 2017 com a intenção de matar Gilmar Mendes e se suicidar, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, mandou a Polícia Federal fazer busca e apreensão na casa e no escritório do ex-procurador-geral da República para recolher armas, celulares etc., suspendeu seu porte de arma e proibiu Janot de entra na sede e ou anexos da Corte e de aproximar-se a menos de 200 metros de qualquer um de seus ministros. Em nota, a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) condenou as declarações de Janot, mas também repudiou que o episódio, "por oportunismo", possa "servir de pretexto para ações que busquem enfraquecer a instituição" citando declaração de Gilmar defendendo "mudanças na forma de escolha da chefia da instituição para que qualquer 'jurista' possa ser escolhido procurador-geral, mesmo que não pertencente à carreira". A ANPR também condenou os mandados de Moraes emitidos em uma "investigação inconstitucional", o chamado inquérito das fake news contra o Supremo, frisando que o "Inquérito nº 4.781 afronta o Estado democrático de direito ao usurpar atribuição do Ministério Público". Leia aqui a íntegra.

 

 

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Nascido em Santo André (SP) e radicado em Campo Grande (MS) desde a adolescência, Marco Eusébio é um dos mais experientes jornalistas de Mato Grosso do Sul. Com um estilo refinado e marcante de escrever, ficou conhecido como autor de uma das mais lidas colunas divulgadas em sites de notícias do estado. Agora em formato “in blog” amplia a comunicação com seus leitores através deste Portal www.marcoeusebio.com.br ativado no dia 29/2/2009.

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