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Marco Eusébio Quinta-feira, 07 de Setembro de 2017, 11:58 - A | A

Quinta-feira, 07 de Setembro de 2017, 11h:58 - A | A

Coluna Entrelinhas da Notícia

Juiz usa poesia ao decidir sobre estátua de Manoel de Barros em Campo Grande

Por Marco Eusébio

Da coluna Entrelinhas da Notícia
Artigo de responsabilidade do autor

Foto Chico Ribeiro/Governo MS e imagem reprodução

ColunaMarcoEusébio

A escultura de bronze de Manoel de Barros feita em tamanho natural e a poesia do juiz David de Oliveira Gomes Filho na decisão

"Talvez Carlos Drummond de Andrade, no lugar deste juiz, começasse sua decisão assim: 'E agora, Mané?' Evidentemente que este magistrado não tem intimidade com o querido Manoel de Barros para chamá-lo de 'Mané', mas quem sabe Drummond teria... Fico imaginando se o grande poeta permitiria uma escovação das suas palavras para tentar transformar o 'E agora, José?' em 'E agora, Mané?', afinal de contas, as palavras escondiam Manoel de Barros sem cuidado e o encontravam onde ele não estava!"

 

"E agora, Mané?
A festa nem começou,
as luzes não acenderam,
o povo não chegou,
a homenagem parou,
e agora, Mané?
e agora, você?
você que quer homenageá-lo,
você que quer proteger o patrimônio histórico,
você que faz obras,
você que faz processos,
e agora, você?"

 

Foi assim, pela primeira vez com poesia, que o juiz David de Oliveira Gomes Filho, da 2ª Vara de Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homogêneos de Campo Grande proferiu sua sentença, ao decidir sobre o impasse do local para ser colocada a estátua de bronze de Manoel de Barros feita pelo cartunista e escultor Victor Henrique Woitschach, o Ique, campo-grandense radicado no Rio, a pedido do Governo de MS ao custo de R$ 232 mil.

A obra em homenagem ao poeta seria inaugurada no primeiro semestre, mas ficou sem destino certo depois que o Ministério Público vetou o canteiro central da Avenida Afonso Pena – entre as ruas Rui Barbosa e 13 de Maio – por recomendação do Ministério Público, com base em parecer do Instituto Histórico e Geográfico pelo fato de o local ser um "sítio histórico militar" e o canteiro ser tombado como patrimônio histórico e cultural da cidade.

Diante do impasse, o inspirado juiz deu prazo de 60 dias à Prefeitura de Campo Grande para que recomponha a área que seria destinada à homenagem e autorizou a instalação da estátua em outro local em que não haja restrições – inclusive ao longo do canteiro da própria avenida – sob pena de multa de R$ 100 mil a serem destinados ao Fundo Municipal do Meio Ambiente em caso de descumprimento da decisão.

Leia aqui a íntegra da sentença.

 

 

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Nascido em Santo André (SP) e radicado em Campo Grande (MS) desde a adolescência, Marco Eusébio é um dos mais experientes jornalistas de Mato Grosso do Sul. Com um estilo refinado e marcante de escrever, ficou conhecido como autor de uma das mais lidas colunas divulgadas em sites de notícias do estado. Agora em formato “in blog” amplia a comunicação com seus leitores através deste Portal www.marcoeusebio.com.br ativado no dia 29/2/2009.

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