Diagnosticado com a síndrome de Guillain-Barré há 10 meses, Samuel Scariot, de 11 anos, voltou a andar nesta manhã desta terça-feira (12), no Centro Especializado em Reabilitação da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Campo Grande (CER/APAE).
Samuel, que foi diagnosticado com o raro distúrbio na metade do ano passado, que lhe fez perder movimentos deixou todos que estavam no local emocionados no momento em que começou a dar os seus primeiros passos. O procedimento foi registrado pela mãe do paciente, Elecir Scariot.
“Defino o dia de hoje como gratificante. A síndrome deixou o Samuel muito fragilizado, mas, com a reabilitação e medicação, os movimentos estão voltando, e o paciente está feliz e confiante em poder voltar a andar”, relatou a fisioterapeuta Daniela Araújo, que acompanhou o paciente durante esse momento.
Elecir, mãe do Samuel, conta que viu a vida do filho mudar em junho de 2018. Naquele mês, ele foi atendido em estado grave, com a visão e a fala comprometida, além da perda de todos os movimentos voluntários do corpo. A criança uma forte dormência nas mãos - o primeiro sintoma da doença. E no dia seguinte, ao acordar, já estava completamente paralisado na cama.
O menino chegou a ficar 15 dias entubado e 21 dias no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do hospital, onde, segundo a mãe do paciente, a médica responsável comunicou que o caso, além de grave, era raro. Samuel recebeu alta hospitalar após 41 dias de internação. Com 12 kg a menos, o menino deu início a mais uma batalha pela recuperação de seus movimentos.
De acordo com a fisioterapeuta Sarita Baltuilhe, supervisora do setor de Fisioterapia Pediátrica do CER/APAE, Samuel recebeu triagem inicial do Sisreg (Sistema de Centrais de Regulação) em julho, com um quadro motor de tetraparesia (déficit de força muscular dos membros e tronco), e perda da força muscular em membros superiores e inferiores, além de dor intensa ao mobilizar as pernas. Nessa época, passou a utilizar cadeira de rodas para locomoção.
De acordo com Elecir, mãe do Samuel, os médicos não souberam diagnosticar a causa da síndrome. “Surpreendente como tudo surgiu da noite para o dia. Enfrentei e enfrento tudo isso com muita luta e batalha, cuido do Samuel sozinha. Deixei meu emprego, mas graças a Deus e aos profissionais da Apae, meu filho a cada dia tem uma evolução, ele é um milagre e estou muito feliz e ainda mais confiante”, relatou.
Guillain-Barré
A Síndrome de Guillain-Barré é uma doença neurológica autoimune em que o sistema nervoso é atacado pelo próprio sistema imunológico do organismo. Esse ataque provoca lesão na estrutura que recobre os nervos, o que provoca fraqueza muscular progressiva e paralisia. Se afetar os músculos respiratórios, o quadro pode ser fatal.
Tratamento
O Sistema Único de Saúde (SUS) dispõe de tratamento para a síndrome de Guillain-Barré, incluindo procedimentos, diagnósticos clínicos, de reabilitação e medicamentos. O Brasil conta hoje com 136 Centros Especializados em Reabilitação, que atendem pacientes pela rede pública de saúde, sendo o CER/APAE de Campo Grande, um deles.