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Cotidiano Segunda-feira, 04 de Setembro de 2017, 15:50 - A | A

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Resocialização

Infratoras de Unidade de Internação tem dia de beleza

As parcerias com entidades públicas, privadas e religiosas proporcionam diversas atividades

Fernanda Freitas
Capital News

Prefeitura de Campo Grande

Jovens da Unei tem dia de beleza promovido pela Subsecretaria de Políticas para Juventude

As parcerias com entidades públicas, privadas e religiosas proporcionam diversas atividades

A Subsecretaria de Políticas para Juventude da Prefeitura de Campo Grande e a Unidade Educacional de Internação (Unei) Feminina Estrela do Amanhã, da Secretaria de Justiça do Governo do Estado, se uniram para proporcionar um dia de beleza para as meninas que estão reclusas na casa.

O cabeleireiro e funcionário público da Subsecretaria Municipal de Juventude, Marcos Rogério Andrade Ferreira, conversou com as jovens e cuidou da aparência de cada uma das oito internas que estavam no dia.

A ação entre os órgãos aconteceu pela primeira vez e já há um estudo para que possa ter uma continuidade. A intenção é que, pelo menos uma vez por mês, o cabeleireiro possa ir à unidade e realizar um trabalho diferenciado com as internas.

“Este é um trabalho que eu já faço com os detentos do semiaberto e poder levar um serviço como este para estas pessoas é fundamental e ajuda na resocialização. Os jovens precisam ver que há outras oportunidades e que o crime não compensa. Por que não ajudar da forma como gostamos de fazer?”, disse Roberto.

O subsecretário de Políticas para Juventude da Prefeitura, Maicon Nogueira, destaca que as parcerias são fundamentais para alcançar os jovens. Ele ressalta também que é preciso trabalhar com essa parcela da população de forma contínua, para que possam ter condições de se desenvolverem com melhor estrutura.

“Precisamos entender a realidade dos jovens para poder fazer ações que visem à melhoria da qualidade de vida deles. Eles já crescem vendo que os pais não tiveram oportunidades e temos que mostrar que eles não precisam seguir a mesma vida e aproveitar as portas que estão se abrindo”, disse.

A Unei Estrela do Amanhã está em uma casa adaptada para receber adolescentes com idade entre 12 e menores de 18 anos completos. A maioria delas, de acordo com a direção da unidade, fica em torno de 45 dias, conforme encaminhamento do juiz, e estão cumprindo pena por tráfico. Muitas delas são de outros estados, como Mato Grosso, Rondônia e Pará, mas há também jovens de outras cidades de Mato Grosso do Sul.


As parcerias com entidades públicas, privadas e religiosas proporcionam diversas atividades físicas, laborais, artesanais e culturais, para que elas passem o dia com pensamentos diferentes dos que ela tinha quando chegou. As ações buscam desenvolver os talentos das jovens infratoras. Muitas vezes, as internas que tem condições de sair vão a museus, parques e cinema. Elas também têm acesso à dança, judô e atividades escolares do ensino médio e fundamental.

A diretora da Unidade, Dorotéa Lamar Ramos Ayoroa, destaca que a medida de internação já tem dimensões punitiva e a intenção é promover a ressocialização dessas jovens.

“Nós trabalhamos em um contexto educativo ligado a parcerias, porque sem parcerias nós não fazemos nada. Temos parcerias com Secretaria da Mulher, Ampare, entidades religiosas, SENAR, ligadas a Secretaria de Saúde e Educação”, disse Dorotéa.

As parcerias resultam em uma nova realidade para as internas e, mesmo que o tempo de permanência na unidade seja pouco, é essencial mostrar que elas podem seguir outros caminhos e que há outras oportunidades.

“O trabalho que fazemos aqui é muito rápido. Teve uma jovem que ficou 11 meses. Ela fez cursos de informática, de relacionamento pessoal, de primeiros socorros. O que tinha para oferecer, nós oferecemos. Depois que ela saiu, veio aqui e pediu o certificado, porque arrumou um emprego e precisava colocar no currículo”, exemplificou a diretora da Unei.

O local é composto por uma equipe multidisciplinar que conta com psicóloga, assistente social, educador físico, de assuntos gerais e agentes de segurança. Uma vez por semana, há uma reunião para avaliar como está o desenvolvimento das meninas que estão internadas.

Por virem de uma realidade onde as oportunidades desaparecem como areia ao vento, muitas entram na Unei achando que são injustiçadas e que não deveriam estar ali. Todas elas passam por um trabalho psicológico que envolve, principalmente, a percepção de novas chances de vida. “A gente mostra o porquê ela veio parar aqui, outras entram já sabendo o porquê estão aqui. Muitas entram com crise de abstinência. Em todos os casos, a família é importante. Muitas vezes temos que trazer a família, já que elas não têm mais contato. Como trabalhamos com meninas, a maioria já não tem mais contato com a família. Mesmo as que têm 12, 13 anos, não tem mais contato. Algumas estão morando com amigas ou morando com namorado”, explica a psicóloga da unidade, Silvia Guimarães Dias.

Depois de cumprida a pena, a Unidade encaminha as adolescentes para a família, levando cada uma delas até os responsáveis. (Com Assessoria).

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