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Cotidiano Quinta-feira, 15 de Março de 2018, 10:47 - A | A

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TRISTE ESTATÍSTICA

Quatro mulheres foram assassinadas no âmbito da violência doméstica em MS

O número é deste ano; o assunto foi tema de palestra com delegada

Laura Holsback
Capital News

Em Mato Grosso do Sul quatro mulheres foram assassinadas no âmbito da violência doméstica neste ano e em todo o ano passado foram 16 mortes. Os números foram apresentadas pela delegada Ariene Nazareth Murad de Souza, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Campo Grande, durante palestra sobre “Violência doméstica e a lei Maria da Penha”. O evento foi promovido pelo Sista-MS (Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Fundação Universidade Federal de Mato Grosso do Sul e Institutos Federais de Ensino de MS), em homenagem ao mês da mulher.

 

Divulgação

Quatro mulheres foram assassinadas no âmbito da violência doméstica em MS

Palestra foi ministrada pela delegada Ariene Nazareth Murad de Souza

A palestra foi no auditório da UFMS e contou com a participação de servidoras públicas da universidade, do HU, institutos federais de ensino e da comunidade em geral.

 

A direção do Sista-MS vem trabalhando esse assunto desde 8 de março, Dia Internacional da Mulher, por considerar esses números inconcebíveis” e “inaceitáveis”. “As mulheres e a sociedade não podem permanecer calados diante de números tão sérios. Precisamos realizar trabalhos para que esses números sejam conhecidos, criticados e anulados”, comenta, indignada, a coordenadora geral do Sista-MS Cléo Gomes.

 

Na palestra, a delegada comentou sobre a Lei Maria da Penha, sancionada em 10 de agosto de 2006. Ela foi criada em homenagem a Maria da Penha Maia Fernandes, que foi vítima de violência doméstica praticada pelo esposo, o qual tentou assassiná-la duas vezes. Primeiro ele a deixou paraplégica após um tiro, na segunda, tentou eletrocutá-la no chuveiro. A lei tem o objetivo de prevenir e coibir a violência de gênero (submissão da mulher em relação ao homem), protegendo as relações afetivas tanto daqueles que moram juntos, quanto de namorados, os transexuais com identidade de gênero feminina e também as relações homo afetivas em que a mulher é vítima.

 

Ariene Nazareth apresentou também uma pesquisa online com jovens de 16 a 24 anos de ambos os sexos realizada pela Data Popular e Instituto Avon de 2014, que apontou que 3 em cada 5 mulheres jovens já sofreram violência em relacionamentos; Metade sofreu violência após o fim da relação; 37% tiveram relações sexuais forçadas sem proteção; Um em cada 4 homens já repassaram imagens de mulheres nuas sem consentimento delas a terceiros.

 

 “A agressão começa verbalmente e sempre evolui para agressão física e termina com um homem amoroso e carinhoso prometendo que vai mudar, e o ciclo da violência começa novamente. A mulher está envolvida psicologicamente e não consegue romper esse ciclo”, explica a delegada Ariene.

Presente na palestra, a jovem B.O.S. de 28 anos contou sua história de violência doméstica e explicou sobre o ciclo da violência dizendo o quanto é difícil quebrar este ciclo e denunciar.

 

Segundo ela, o problema normalmente começa com um relacionamento abusivo envolvente em que a pessoa se sente muito amada pelo agressor que parece estudar a vítima. Depois ele começa fazer com que ela se sinta dependente dele como se ele fosse o melhor, um círculo vicioso, e quando decide tomar uma atitude começam as agressões e a vítima se sente bloqueada emocionalmente para agir de maneira adequada.

 

Sobre as 16 mulheres foram mortas em Mato Grosso do Sul em 2017, a delegada de polícia informou que nenhuma dessas mulheres havia feito BO (boletim de ocorrência) anteriormente. “Isso ressalta ainda mais a importância da denúncia. O silêncio mata. Todos nós como cidadãos devemos contribuir e muitas vezes falar pelas mulheres agredidas. Faço um apelo para que a população denuncie”, acrescentou a policial. No ano passado quase 5 mil mulheres receberam medida protetiva em MS e mais de 50% delas têm de 18 a 34 anos.

 

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