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Cotidiano Sábado, 27 de Agosto de 2011, 11:08 - A | A

Sábado, 27 de Agosto de 2011, 11h:08 - A | A

Taxista morto após discussão tinha medo de trabalhar à noite e dava conselhos a colegas

Valquíria Oriqui e Alessandra Carvalho - Capital News

Familiares e amigos do taxista Daniel Manoel Dudu, de 50 anos, morto na madrugada de ontem, dia 26, com dois tiros na cabeça, após discussão com um passageiro devido ao valor da corrida,  velam o corpo dele hoje na Pax Nacional do Aero Rancho, em Campo Grande. Segundo testemunho da família, Dudu tinha medo de trabalhar no período da noite.

O irmão de Daniel, Isaías Manoel Dudu, de 47 anos, há 25 anos trabalha como taxista, conta que este foi o primeiro assalto e discussão com algum cliente que o irmão sofreu. “Foi o primeiro assalto que o meu irmão sofreu. Ele tinha uma cisma e não gostava de trabalhar no período noturno. No dia do crime Daniel tinha uma corrida agendada na madrugada para um vizinho dele, e, naquele dia, após a corrida, ele decidiu fazer outras corridas próximo ao Morenão, foi quando pegou o casal”, informa o irmão.

Para Isaías, o sistema de segurança do táxi poderia ser melhor, apesar da tecnologia. “Para mostrar que estamos em perigo temos que apertar um botão, nisso, o assaltante vai me ver apertando o botão. Além disso, deveria ter um botão mais prático e próximo ao volante. E se os rádio transmissores que passam as corridas pudessem ouvir as conversas das corridas, seria mais seguro também”, desabafa o irmão da vítima.

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O irmão dele, Isaias disse que até agora não acredita o que aconteceu
Foto: Alessandra Carvalho/Capital News

Taxistas em perigo

Um colega de trabalho de Daniel, Wilson Albino, conhecido como “Pancho”, de 57 anos, trabalha há 13 como taxista, esteve presente no velório do amigo e conta que, além de três assaltos também já sofreu algo parecido.

“Em 2005, por volta das 4h me pediram para pegar um casal na pedra da avenida Afonso Pena. Quando cheguei lá, dois rapazes me pediram para seguir sentido Jardim Columbia. Ao chegar no bairro indicado, um dos assaltantes apontou uma faca me pedindo dinheiro, celular e a minha carteira”, conta o taxista ao informar que o assaltante levou R$ 120.

“No momento que fui pegar o dinheiro o assaltante fez um corte no meu pescoço, pegou a chave do carro e saíram correndo a pé. Eu só consegui sair dalí com a chave reserva que estava no porta malas e fui direto para o posto de saúde. Naquele dia eu pensei em desistir de ser taxista. Eu só não desisti mesmo por causa da minha idade. Não é fácil conseguir emprego para um idoso como eu. Só continuo na profissão pela idade, até minha família me pediu para deixar de ser taxista”, conta o trabalhador que ganha cerca de R$ 1,5 mil por mês.

Ainda segundo o taxista, Daniel dava conselho para os taxistas novos na profissão. “Ele pedia para que prestassem atenção no trânsito, que sempre verificassem o tipo de cliente e que se tivesse alguma desconfiança do cliente era para desistir da corrida, e Daniel nunca mostrou medo de ser taxista e sempre gostou muito da profissão”, relembra o amigo.

Daniel era casado, morava no Jardim Bonança, em Campo Grande. Pai de cinco filhos, sendo os caçulas um casal de gêmeos, de seis anos. O taxista era casado com Lucilene, de 36 anos. O enterro será no cemitério Cruzeiro, saída para Cuiabá. A saída da Pax para o  velório deve ocorrer por volta das 15 horas.

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