Durante entrevista concedida à Rádio Difusora, no Programa “A Boca do Povo”, Delcídio do Amaral enfatiza nesta quarta-feira (03), o sofrimento vivido por ele durante os 3 anos e 8 meses que antecederam o julgamento ao qual ele foi absolvido, para Delcídio, “Recebi tudo com tranquilidade, e agora esse processo passou pela última instância, porque apesar daquele período recursal de 15 dias, é muito pouco provável que alguém apresente recurso, ainda mais por unanimidade. Eu sofri 3 anos e 8 meses, sabe quanto tempo levou o julgamento de segunda-feira? Apenas 3 minutos,
Tamanha a contundênica da aberração que cometeram comigo, foi uma violência, e eu acho que, isso foi fruto de um momento que o país viveu, e acho que o melhor resumo disso aí é uma fala do Nietzsche, ‘ O maior inimigo da verdade não é a mentira, é a convicção’, Hoje o Brasil precisa atentar bastante para essa suposta convicção de alguns, porque casos como o meu podem acontecer com alguns”, destaca.
Ao ser questionado pelo locutor Sérgio Cruz com relação a transição por conta da Operação Lava Jato, ele aponta que, “ se é real ou não, se hackers buscaram essa informação e adulteraram, ou seja, espero que seja real, porque se for verdadeiro irá trazer consequências sérias para o país, eu não tenho dúvida nenhuma disso. Sobre o ponto de vista político e jurídico”, aponta.
Delcídio se considera roubado, “ Eu sempre tive uma vida organizada e da noite para o dia, tive as coisas bagunçadas, as pessoas sumiram da minha vida. Você acaba contaminando outras pessoas que não tem nada a ver com o momento em que você está passando”.
Com relação ao prejuízo que Delcídio alega ter passado após a condenação, “Estou esperando o acórdão na quinta-feira para começar a tomar as medidas, os meus advogados já estão estudando o caso para verificar quais os principais pontos e medidas”, diz.
Ex-senador Delcídio do Amaral destaca acúmulo das histórias para elaboração de um livro, “ eu já venho trabalhando nisso há um bom tempo, até no período em que fico na fazenda, eu comecei a escrever. Isso vai exigir um trabalho forte de revisão, mas é um livro para ‘arrombar’, especialmente com uma pitada muito forte do período em que eu fui político. Isso não quer dizer que eu não volte para a política, mas eu foco nesse momento em que tive a honra de ser Senador e representar o Mato Grosso do Sul”, enfatiza.
“Chorei muitas vezes, quantas vezes, sozinho e entre amigos, o choro sozinho é mais difícil, porque ele é solitário, mas, eu senti com as minhas filhas, até porque, por você se considerar responsável pelo que elas estão passando. A encrenca é comigo, vem para cima de mim, agora a mulher é atacada, as filhas são atacadas, é bullying, até vídeos jogaram na internet, colocando meninas como sendo supostamente minhas filhas, mas não tinha nenhuma relação com ela, porém, usavam os nomes delas, e você se sente como o grande causador de tudo isso. Agora eu estou saindo, vou deixar de ser vidraça, agora eu vou ser pedra, é diferente”, declara.
Nos últimos 3 anos e 8 meses, Delcídio do Amaral pontua a saudade das caminhadas em meio ao povo e os atrasos em suas reuniões, segundo ele, “Uma das coisas que mais senti falta é o contato com o povo, eu faço com prazer, sempre fiz, eu atrasava as minhas reuniões em 3h a 4h, eu sempre gostei de conversar, principalmente a noite, sempre gostei de música, o restante eu procurei aprender muito, li bastante, e voltei a aprofundar o meu conhecimento no livro dos livros que é a Bíblia. Então, isso me ajudou a aproveitar esse tempo que eu passei para não parar e continuar avançando”.
Delcídio está negociando com um partido de porte médio do Estado o seu retorno ao meio político, ele diz ter realizado mapeamento de Mato Grosso do Sul e está se preparando para dar início ao trabalho a ser desenvolvido após a divulgação da sua sentença na quinta-feira (04), “Eu vou começar a preparar, quando eu fui inocentado em primeira instância, o primeiro programa que eu dei entrevista foi aqui, na segunda vez eu fui inocentado de novo.
Eu agora vou voltar para a política, vou começar a estruturar um partido forte no Estado, com tranquilidade, andando nos municípios, eu fiz um mapeamento em todo o Estado e ainda temos gente fiel nos municípios, vamos começar em um partido médio e vamos construindo as alianças que a gente entender que tem consequência com o que estamos projetando sobre o ponto de vista de debate político, política do Estado, e olhando principalmente para onde o nosso Mato Grosso do Sul vai. Precisamos transformar o nosso Estado, em um lugar que todos nós sonhamos, temos uma responsabilidade muito grande com toda essa moçada que está vindo aí e precisa ter perspectiva”.
Delcídio destaca a possibilidade de ser pré-candidato a Governador de Mato Grosso do Sul, “Quem não quer ser governador do seu Estado? Eu sou um pantaneiro que saiu daqui como engenheiro, participei em grandes obras do Brasil, desde o Complexo de Paulo Afonso, a grande linha de Salvador, a linha que sai de Tucuruí e chega a Manaus, malária nas costas e outras coisas.
Depois eu saio e viro dirigente do sistema Eletrobras, depois recebo convite para trabalhar na Shell da Holanda, voltei, fui para o Sul, Nordeste, Amazônia, com projetos na área de geração, em iniciativa privada, depois acabei indo para o Ministério, Vale do Rio Doce, Petrobrás e depois Senado Federal. Eu não sei se sou melhor ou pior, mas sou diferente com certeza. Tenho muito a colaborar, cometi muitos erros e me penitencio dos erros que cometi, mas também, acertei muita coisa, e precisamos construir política em um momento conturbado que estamos, mas vamos esperar”, conclui Delcídio do Amaral.