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Economia Segunda-feira, 04 de Setembro de 2017, 14:26 - A | A

Segunda-feira, 04 de Setembro de 2017, 14h:26 - A | A

Papel e celulose

Novos donos da Eldorado falam em negócio de “ouro” e suspendem planos de expansão

Em entrevista, executivo afirma que o foco será a integração em as equipes das demais empresas

Flávio Brito
Capital News

Divulgação/Eldorado Brasil

Eldorado contrata em várias áreas em Três Lagoas

Eldorado foi comprada por R$ 15 bilhões

A Eldorado Papel e Celulose, localizada em Três Lagoas, já tem novo dono e não pertence mais a J&F Investimentos, dos irmãos Joesley e Wesley Batista. A primeira etapa do negócio foi concluída na madrugada de sábado (2). De acordo com informações divulgadas nesta segunda-feira (4), pelo jornal Valor Econômico, até o fim deste mês, a Paper Excellence será dona de 34% da fábrica.  “A prioridade da Paper Excellence neste momento é primeiro fazer a integração [com a Eldorado]. Integrar nossa operação e depois melhorá-la. Queremos ver a eficiência, a produtividade. Também queremos fazer a integração com a equipe da Paper Excellence, que é muito boa. Primeiro, vamos integrar ambas as companhias e depois vamos olhar as oportunidade”, afirmou ao Valor o presidente-adjunto da Paper Excellence, Pedro Chang.



A celulose produzida na Eldorado será vendia no mercado internacional e o foco será a Ásia, com compradores interessados na chamada fibra curta de eucalipto, usada na produção de papel para escrever, por exemplo.  A conclusão do negócio deve ocorrer em até 12 meses, com a liberação do financiamento.  Os irmãos Batista se tornaram ainda mais conhecidos depois que passaram a ser investigados na Operação Lava Jato. Em deleção premiada, os dois relataram o pagamento de propina para a manutenção de negócios do grupo e a obtenção de incentivos fiscais.

De olho na posição do Brasil no mercado mundial de papel e celulose e na tecnologia desenvolvida aqui, os compradores consideram ter feito um negócio de “ouro”. Na avaliação da cúpula do grupo de origem chinesa, baseado na Holanda, os R$ 15 bilhões pagos pela fábrica são menores que o valor que teria de ser investido para colocar em operação um empreendimento iniciado do zero.  Em sua página institucional, a Eldorado afirma que gera 5 mil empregos diretos.  A Paper Excellece afirma que também saiu ganhando em reaproveitar esses “talentos”.

A Paper Excellence cita ainda a burocracia brasileira como um fator importante para tomar a decisão de fazer a aquisição da Eldorado. “Eu acho que adquirir uma fábrica de celulose tem a ver com o momento, a oportunidade, a localização etc. E o Brasil, até agora, está numa posição de liderança em termos de produtividade [no setor]. Então é uma boa oportunidade. Se queremos estar no Brasil, construir uma fábrica do zero levaria muito tempo. Você precisa adquirir terras, ter paciência”, afirmou Chang, em entrevista por telefone após o fechamento do negócio no fim de semana.

“É uma oportunidade de ouro que alguém quisesse vender algo com a capacidade de produção adequada, uma capacidade de 1,7 milhão de tonelada. É uma oportunidade rara, no momento certo, na localização certa. Então, estamos muito felizes de fazer essa aquisição. Estamos celebrando”, completou Chiang, acrescentando em suas repostas ao Valor Econômico que os planos de expansão que a Eldorado já tinha não são prioridade no momento, e sim a necessidade de fazer a integração das equipes e de gestão dos novos ativos. A empresa da família de origem chinesa Widjaja, estabelecida na Indonésia, tem outras sete fábricas, no Canadá e na França, com capacidade de produção de 2,3 milhões de toneladas.


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