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ENTREVISTA Domingo, 27 de Novembro de 2011, 07:41 - A | A

Domingo, 27 de Novembro de 2011, 07h:41 - A | A

\"Acessibilidade é igual ao meio ambiente, tem que cuidar todos os dias\", diz presidente reeleito do Crea-MS

Valquíria Oriqui - Capital News (www.capitalnews.com.br)

Pela segunda vez consecutiva o engenheiro Jary de Carvalho e Castro foi reeleito presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso do Sul (Crea-MS). Com 1.182 votos, a gestão do Crea referente a 2012 a 2014 fica a cargo, novamente, de Jary Castro.

Em entrevista exclusiva ao Capital News, o engenheiro fala sobre o perigo de trabalhar na formalidade e da importância de se utilizar o material de segurança durante a realização das obras.

Além disso, a acessibilidade e as mudanças na infra-estrutura da cidade também são alguns dos assuntos abordados durante a entrevista.

Capital News – Qual a razão da falta de engenheiros no mercado atualmente?

Jary de Carvalho e Castro – Tivemos um período de estagnação na engenharia durante um período de 30 anos. Profissionais se formavam e seguiam outros ramos de atividade. De 2007 pra cá tivemos um “boom” onde teve um crescimento no segmento da engenharia. Isso gerou a necessidade de mão de obra qualificada. Hoje entram 160 mil estudantes de engenharia das universidades, apenas 32 mil se formam por ano. Isso mostra o problema de base, problema no ensino médio, pois para cursar engenharia são necessários conhecimentos profundos de matemática, física e química. Para suprir essa falta de profissionais no Estado, trouxemos de Cuba a ideia do projeto Crea Senior, que consiste em pegar profissionais que se afastaram da engenharia ou se aposentaram para que sejam resgatados para este mercado que está bastante interessante.

Capital News – O planejamento da cidade em sua opinião é ruim?

Jary de Carvalho e Castro – Eu não diria que é ruim. Em fevereiro de 2010, em cima daqueles problemas de enchentes que acometeram a cidade, criamos uma carta do Crea onde reunimos todas as autoridades dos assuntos, no caso drenagem, contenções e passamos essas informações à quem é de direito, à prefeitura e ao Ministério Público. O Crea está à disposição para participar e discutir qualquer assunto ligado a engenharia.

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Jary não considera o planejamento da Capital ruim e diz que Crea está à disposição para ajudar
Foto: Deurico/Capital News

Capital News – O Crea fiscaliza ?

Jary de Carvalho e Castro – A função do Crea é fiscalizar o exercício das profissões. Quando tem alguma obra, reforma, ampliação, projetos elaborados ou plantações onde envolva agrônomos ou técnicos agrícolas, o Crea vai averiguar se existe profissionais que são responsáveis por cada serviço que está sendo feito. Se for uma empresa esta empresa tem que ter registro no Crea e tem que ter profissionais aptos a executarem o tipo de serviço. Este é o trabalho de base do Crea. Além disso, temos entidades ligadas ao Crea que também fornecem este tipo de serviço. O Crea age em parceria com o Ministério Público Federal ou Estadual, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil. O Crea não tem poder de polícia, se for constatado algum erro acionamos a quem é de direito.

Capital News – Qual é o problema do Nova Lima?

Jary de Carvalho e Castro - É um problema de solo, no projeto elaborado lá.

Capital News – Os profissionais de engenharia que egressam da universidade estão preparados para elaborar projetos levando em conta as novas situações climáticas?

Jary de Carvalho e Castro – Na época que me formei, há quase 30 anos, era um tipo de pensamento. A pessoa estudava por cinco anos e ia trabalhar. Hoje, a pessoa se forma e não pode parar mais de estudar. A evolução na área da engenharia é muito grande e constante. O clima é uma questão muito importante, pois no dia da enchente que acometeu Campo Grande, choveu em um dia o que era previsto para três meses. As obras devem ser executadas com os coeficientes do que eram antigamente. Em Campo Grande tem épocas que se tem as quatro estações em um mesmo dia.

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Para Jary, profissionais não podem parar de estudar, pois evolução na área de engenharia é constante
Foto: Deurico/Capital News

Capital News – Existe algum projeto de engenharia para o trânsito de Campo Grande?

Jary de Carvalho e Castro - Acredito que sim. Vamos iniciando nossa gestão buscando pessoas que tenham um conhecimento mais aprofundado da engenharia de trânsito para que possamos discutir o assunto. O trânsito não é minha praia, mas conversando com pessoas experientes na área vamos melhorar a situação para a população.

Capital News – Há quem defenda a retirada dos canteiros da Afonso Pena. Na opinião do senhor, futuramente vai ser necessário a retirada dos canteiros?

Jary de Carvalho e Castro – Eu acredito que de imediato deveria ter estacionamento. Nas grandes cidades, por exemplo, tem edifícios de garagens. Eu acredito que soluções tem.

Capital News – Na opinião do senhor, é necessário verticalizar Campo Grande?

Jary de Carvalho e Castro – Isso vai muito da lei da oferta e procura. Essa verticalização faz parte do crescimento da cidade. Tem que ter o bom senso e uma discussão mais aprofundada. Sou totalmente contra a construção de prédios tão altos, como vem acontecendo, acho que isso interfere até no clima da cidade, como nas correntes de vento, por exemplo.

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Presidente do Crea alerta que a construção de prédios muito altos interfere no clima da cidade
Foto: Deurico/Capital News

Capital News – Como o senhor vê a acessibilidade em Campo Grande?

Jary de Carvalho e Castro - Não acho que Campo Grande tem dificuldade de implantar a acessibilidade. Campo Grande não tem uma política voltada para a acessibilidade. Acessibilidade é igual o meio ambiente; você tem que cuidar todos os dias para ter um futuro melhor, não só para você, mas para todos. A acessibilidade não é só para quem usa cadeira de rodas, e sim para os idosos, que aumentam mais a cada ano no Brasil, para o obeso, e o Brasil está com uma epidemia de obesos no País, o deficiente visual e auditivo.

Capital News – Como estão as condições de segurança para com os trabalhadores de obras?

Jary de Carvalho e Castro – Houve uma diminuição de acidentes em obras, pois, as pessoas que trabalham na formalidade trabalham com equipamentos de segurança. Hoje em dia está cada vez mais difícil a mão de obra, que é a peça fundamental para a profissão. Além disso temos o engenheiro da segurança do trabalho, que é uma categoria da engenharia, que uma obra, que tenha problemas de perigo (de escavação por exemplo) tem que ter um técnico responsável para orientar. Uma obra com mais de 20 trabalhadores também necessita de um técnico. O problema está na informalidade. Tem pessoas que constroem sem engenheiro, sem empresa, aí realmente é “um samba do crioulo doido”. A pessoa quer fazer uma reforma, uma laje, e não toma as devidas precauções, aí é que está o grande problema. Na formalidade eu não acredito que um engenheiro ou arquiteto em sã consciência vai vacilar nesse quesito pois sabe que vai responder criminalmente.

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Jary de Carvalho diz que parte dos acidentes de trabalho em construções se deve à informalidade
Foto: Deurico/Capital News

Capital News – Como combater a informalidade?

Jary de Carvalho e Castro – Aí que está! É muito importante as pessoas entenderem que aquele que trabalha com a carteira assinada tem muito mais garantia do que aquelas que não trabalham. 


Por Valquíria Oriqui - Capital News (www.capitalnews.com.br)

 

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