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ENTREVISTA Domingo, 30 de Setembro de 2012, 08:00 - A | A

Domingo, 30 de Setembro de 2012, 08h:00 - A | A

Edson Giroto promete implantar em Campo Grande “o maior programa social já visto”

Paulo Fernandes - Capital News (www.capitalnews.com.br)

Deputado federal, engenheiro civil e ex-secretário, Edson Giroto (PMDB) parece bem à vontade e com a mesma certeza de qualquer candidato a prefeito de Campo Grande: de que será eleito. A entrevista a poucos dias do pleito é feita em uma sala na VCA, empresa contratada para fazer a campanha do peemedebista. Na conversa de 20 minutos, ele surpreende, fala sobre ter feito “militância da esquerda” e promete implantar “o maior programa social já visto”.

Antes de a entrevista começar, o candidato faz questão de falar sobre o ritmo acelerado da campanha, que acorda cada vez mais cedo e dorme tarde, e que a missão dele é “trabalhar, trabalhar e trabalhar”.

Objetivo, Giroto dá respostas curtas e diretas, mas não parece apressado. É o estilo dele. Ele fala sobre as administrações estadual e municipal da qual participou, promete construir 15 mil casas, cinco escolas de tempo integral e sete centros “Coração de Mãe”, para dar aulas complementares às crianças.

Militante da esquerda

Logo o candidato também mostra o lado pouco conhecido. Promete implantar “o maior programa social já visto” e diz, em um dos pontos altos da entrevista, que nenhum dos candidatos a prefeito de Campo Grande “militou política estudantil e política da esquerda” como ele.

“Eu sou um democrata convicto. Eu digo que ninguém militou política estudantil e política da esquerda, como eu militei, dos candidatos que estão aí. Nenhum deles, nenhum, militou da forma como eu militei, diretamente ligado nos movimentos estudantis”, afirmou.

A declaração é dada quando questionado se, caso eleito, irá opinar sobre a escolha do futuro presidente da Câmara Municipal. A resposta, claro, é de que não. E é enfática. “Não vou interferir de forma alguma. Não posso interferir. Não devo interferir e não vou interferir”.

Capital News - Candidato, por que o senhor quer ser prefeito de Campo Grande?

Edson Giroto – Para que eu possa continuar um trabalho que eu aprendi a fazer em 1997. Eu entro na Prefeitura, aí comecei a percorrer Campo Grande para que eu pudesse ajudar o então prefeito André Puccinelli a melhorar a cidade. E esse trabalho é integrado com as secretarias. E nós melhoramos. Melhoramos os índices sociais, as vias urbanas, nós fomos em busca de fazer uma justiça social diminuindo e buscando erradicar as favelas. Foi um trabalho que nós dá hoje a condição de poder dizer à população que eu quero servi-la, que eu quero ser mais um a servir e isso que me faz ter a vontade de ser prefeito de Campo Grande.

Capital News – Tem algum ensinamento ou exemplo do governador André Puccinelli em especial que o senhor pretende aplicar na Prefeitura?

Edson Giroto – Tem, respeitar a população trabalhando muito, muito mesmo.

Capital News – Por ter sido secretário de obras e até mesmo pela sua formação, engenheiro, o senhor é visto como um ‘tocador de obras’, mas nessa campanha o senhor está tentando mostrar outro lado, de que vai dar prioridade também às políticas sociais. Para essa área, quais são suas propostas?

Edson Giroto – Na verdade, não existe essa diferença de quem toca obras e quem faz ação social. O poder público de forma integrada tem que ser sempre voltado a fazer obra social. É que está mudando, antigamente ação social era assistência social e o Brasil do futuro e Campo Grande do futuro não é assistência só, é ação, ação integrada. E ação integrada é quando constrói casas, você está construindo casas e gerando dessa forma uma ação social. Por que uma ação social? Porque nas casas você abriga as famílias, através das casas você gerou emprego [durante a construção] e gerando emprego, gera renda. Então na verdade, é uma integração. Quando faço as grandes avenidas, eu busco fazê-las para melhorar o fluxo da cidade, dando satisfação para as pessoas, qualidade de vida, mas também fazendo a preservação das nascentes e preservando as matas ciliares que vai ao encontro da sustentabilidade. Então, na verdade, são ações integradas que fazem a cidade. É por isso que eu digo: eu vou implantar nessa cidade o maior programa social já visto porque eu vou integrar as ações. As ações vão ter que ser integradas através de uma cidade que eu vou busca da qualificação e da humanização para atender melhor. Eu estava falando no Conselho de Saúde que fazer saúde não é só contratar médico. Você fazer a saúde, você tem que fazer justiça com os servidores através dos planos de cargos e salários para que todos tenham a segurança para fazer o seu serviço. Em contrapartida, eu tenho que capacitar essas pessoas para te atender melhor. É a humanização. Depois disso, tem que fazer todo um trabalho para o atendimento ser bem feito. Não o atendimento pessoal, mas também o atendimento hospitalar, do procedimento da saúde. Depois disso, tenho que ter na cultura do médico a responsabilidade de saber servir bem aqueles que precisam da medicina da saúde pública. Então, na verdade, é todo um trabalho que a gente vai fazendo. Isso é um planejamento. Não é planejar a cidade escrevendo o que vai fazer. Eu vou planejar a cidade vou escrever: ‘vou fazer tantas casas, tal, tal, tal’. Não. O planejamento é a integração das políticas sociais do município.

Capital News – O senhor falou várias vezes em habitação nessa resposta. Quantas casas o senhor pretende construir?

Edson Giroto – Quinze mil.

Capital News – Qual é o déficit?

Edson Giroto – De Campo Grande, eu imagino que ainda temos um déficit de 28 mil a 30 mil moradias, mas na verdade, como a cidade é dinâmica, ela cresce, tem um crescimento vegetativo, você tem que ter busca de 15 e no próximo se fizer mais 15 nós vamos diminuir esse déficit, nós vamos baixando esse déficit. Eu vou fazer programas de habitação para a mulher desabrigada, que por algum momento foi abandonada, que essa é a primeira que a gente tem que ter, eu tenho que fazer o programa para atender as pessoas deficientes, eu tenho que fazer um programa de moradia para as pessoas que trabalham na construção civil, eu tenho que fazer para as pessoas que trabalham nas empresas de vestuário, então são vários programas específicos que com isso eu começo a ser mais justo nesse processo de atendimento às pessoas sem moradia.

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Promessa de Giroto é construir 15 mil casas e cinco escolas de tempo integral
Foto: Deurico/Capital News

Capital News – Na área de educação, o senhor pretende ampliar as escolas de tempo integral? Quais são as suas propostas?

Edson Giroto – Com certeza. Eu vou ampliar no mínimo, no mínimo, mais cinco escolas de tempo integral na Capital. É claro que só isso você vem em um processo de busca de aumentar a quantidade porque quando você constrói escola de tempo integral abriga os seus filhos, você dá segurança aos pais que trabalham. Por isso que a escola em tempo integral ela passa também pela educação infantil porque deixou a creche hoje, o Ceinf, só de cuidar. Ela cuida e educa. Você tem de 0 a 3 [anos] cuidar. De 3 a 5 [anos] que já é educar e aí vai já nesse processo de educação infantil e todas essas pessoas, todos os melhores alunos da rede de ensino municipal, são crianças que tiveram essa sequência.

Capital News – Além da ampliação do número de escolas, tem mais alguma proposta para essa área?

Edson Giroto – Tem. Os sete centros Coração de Mãe. O que são esses sete centros? Eles vêm ao encontro para fazer o abrigamento [sic] das crianças que estudam na escola municipal. Já que o Ceinf é só de 0 a 5 [anos] que você abriga, e depois vão para o ensino regular, para o ensino fundamental, o ensino básico, aí eles ficam só meio turno, um período, e o contra-turno? Eles vão ficar na rua? E o pai e a mãe que trabalham? Aí eles ficam desprotegidos da ação e da proteção da família? Então, nós fazemos o Coração de Mãe, eu trago essas crianças para dentro do Coração de Mãe para fazer um ensino complementar através das ações educacionais como tarefa, dar aula de artes, música, informatização e também pratica de esportes. Com isso, ele fica todo o dia ocupado e a mãe e o pai têm certeza de que o seu filho está abrigado. É isso que eu chamo de proteção às famílias.Além disso, você tem as ações sociais, da assistência social, que aí vai com os Creas e os Cras. O Cras é o Centro de Referência da Assistência Social. E os Creas são de média complexidade, já é para as famílias que estão em risco de dissolução, de desfazer a família. Desfazendo a família, com certeza, você gera um problema social gravíssimo: a delinquência, a prostituição infantil, o abandono, é todo esse trabalho.

Capital News – O senhor é a favor de devolver a administração da Santa Casa à Associação Beneficente?

Edson Giroto – Não, eu sou a favor de encontrar a melhor forma para continuar tendo uma eficiência no atendimento. Então, veja só, a intervenção foi feita porque era necessária. O governo municipal e o governo estadual - o governo municipal mais porque a gestão plena é dele, é para ele que vêm todos os recursos e é ele quem distribui - ele tinha a obrigação, a responsabilidade de reabrir a Santa Casa. A Santa Casa estava com cadeado e corrente. Ele tinha que tomar uma medida porque o gestor poderia ser responsabilizado. Depois disso, ela vem passando por várias avaliações para entender qual a melhor forma de administrar e na reunião que vai ter agora, eu acho que em novembro, é que prepara para março [de 2013] o novo modelo de gestão que é criando uma fundação. A fundação que vai administrar a Santa Casa é a sociedade, o Ministério Público Estadual, o governo do Estado, a Prefeitura de Campo Grande, entidades, sociedade civil organizada, aí muda a gestão e que eu acho que é a solução.

Capital News – Que propostas o senhor tem para a área de saúde?

Edson Giroto – Continuar a implantar uma rede básica de atendimento, ela é uma malha de postos espalhados pela cidade onde cada posto tem de uma a quatro equipes e atende de 3.000 até 16.000 pessoas, cada centro, cada unidade, e dessa forma nós vamos ampliando a malha de atendimento até chegar no mínimo, no mínimo, a 60%, 70%, e que aí, com certeza, muda a relação de atendimento à saúde.

Capital News – O senhor não acredita ser necessário a criação de um Hospital Municipal ou de um Pronto Socorro Municipal?

Edson Giroto – Não, não, porque eles não entendem. Eles têm que estudar. Na verdade os 24 horas que estão sendo transformados em UPAs (Unidades de Pronto Atendimento), as UPAs são pequenos hospitais. No UPA tem centro de atendimento para pequenas cirurgias, os centros intensivos, tem enfermaria, radiografia, ultrassonografia. Ele já tem o atendimento de um pequeno hospital. Por isso que ele é dito como urgência e emergência. São nove. Estamos fazendo mais dez, espalhados. O que precisa é fazer o complemento dessa rede de básica de atendimento, é concluir esse planejamento que começou em 1998, quando o Ministério da Saúde muda a gestão da saúde pública. A Prefeitura de Campo Grande naquela época adere e começa a implantar o novo sistema de gestão. Por isso, quando todo mundo insiste em falar mal de Campo Grande, Campo Grande hoje é referência na implantação do Sistema Único de Saúde, da rede básica de atendimento. O Brasil inteiro vem para cá conhecer. Na semana retrasada estiveram aqui pessoas dos Estados Unidos para ver como funciona a rede de atendimento pública do Brasil e vieram para Campo Grande. O que precisa é ter paciência, determinação e respeito ao servidor que busca capacitação, nesse processo de nós fazermos o Plano de Carreira e Remuneração para que possamos, aí sim, fazer um trabalho integrado, a gestão integrada, é isso que eu vou fazer.

Capital News – Os seus adversários também falam em congelar e alguns até em reduzir o IPTU. O senhor tem alguma proposta com relação aos tributos?

Edson Giroto – Claro, você tem que fazer um trabalho, um processo de ser justo, uma renúncia fiscal. Agora, quem fala isso faz uma demagogia. São demagogos. Não, é? São demagogos. Por que? Porque, na verdade, você tem que fazer uma justiça fiscal e tributária. Você tem que sentar, ver se você está sendo excedendo em algumas coisas, mas fazer isso com responsabilidade porque você tem a Lei de Responsabilidade Fiscal [LRF] e que limita. O prefeito não tem uma caneta na mão que pode tudo. Ele não é o imperador, o senhor de todos os problemas. Você tem leis para seguir porque você administra o que é de todos. Agora, claro que eu vou fazer uma revisão de todos os impostos para ver se a avaliação dos impostos de Campo Grande estão bem avaliados. E todas aquelas distorções que tiverem eu corrijo na hora, agora com muita responsabilidade. Como é que vamos fazer as obras de mais postos, como eles falam, de não sei quantos Ceinfs? Como é que eles vão fazer os asfaltos, que estão pretendendo? Como é que vão fazer as mudanças no transporte e trânsito, que eles falam? Então, é um contra-senso. Eles falam que abaixam aqui, falam que vão gastar aqui, mas não explicam da onde vem o dinheiro. Nós temos que ter responsabilidade.

Capital News – Outros candidatos também falam em rever as licitações do transporte coletivo e do lixo. O que o senhor tem a dizer sobre isso?

Edson Giroto – Eu acho demagogia. Eu acho que todos eles falam sem nenhum tipo de recurso jurídico para defender o que falam. Se a licitação foi feita dentro dos parâmetros legais, dentro da lei, que obriga o processo de licitação e contratação, você não revê nada. Na verdade, o prefeito que entra tem, por obrigação, de assumir os compromissos do anterior porque se não ele cria uma insegurança jurídica. Você lembra muito bem qual era o medo do investidor quando o Lula foi eleito. E o presidente Lula foi extremamente coerente e correto quando cumpriu todos os contratos e acordos internacionais que o País tinha. Isso que deu credibilidade para o País e deu uma estabilidade econômica. O que falam é diferente da ação. Falar por falar é para enganar.

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Candidato peemedebista, Edson Giroto contou ter feito “militância da esquerda”
Foto: Deurico/Capital News

Capital News – Estão sendo eleitos novos vereadores e a Câmara Municipal terá que eleger uma nova Mesa Diretora em 2013. Se for eleito prefeito, o senhor pretende opinar sobre a escolha do presidente da Casa de Leis?

Edson Giroto – De jeito nenhum. Eu sou um democrata convicto. Eu digo que ninguém militou política estudantil e política da esquerda, como eu militei, dos candidatos que estão aí. Nenhum deles, nenhum, militou da forma como eu militei, diretamente ligado nos movimentos estudantis. E a forma democrática de cada Poder tem toda a liberdade para poder fazer o seu processo de escolha. Não vou interferir.

Capital News – Está gravado.

Edson Giroto – Não vou interferir de forma alguma. Não posso interferir. Não devo interferir e não vou interferir.

Capital News – O senhor pretende manter alguns dos secretários atuais, do Nelsinho Trad?

Edson Giroto – Não pensei. Na verdade estou preocupado agora em levar as propostas para a população. Os secretários tiveram contato comigo, todos eles, nós somos amigos porque convivi com eles quando fui secretário de obras do prefeito Nelsinho e tem pessoas também que foram secretários comigo quando o André [Puccinelli] era prefeito, tenho por eles um respeito muito grande, mas não pensei nisso agora, até porque o pensamento agora é a eleição.

Capital News – O senhor já parou para pensar se irá dividir ou fundir algumas secretarias, ampliar ou enxugar o secretariado?

Edson Giroto – Não, não. Não pelo seguinte: porque eu tenho muito claro que eu vou contratar uma empresa que tem expertise na gestão moderna da política administrativa pública. Eu penso que o Estado brasileiro tanto federal, estadual e municipal tem que passar por um processo de modernização na sua gestão dos recursos públicos. Dessa forma, com a cabeça de planejador que eu sou, eu fui preparado para planejar e executar, eu vou discutir e contratar uma empresa que tenha expertise nessa área para que ela possa fazer o levantamento completo das ações da Prefeitura, das secretarias, como elas estavam, como elas funcionam, do custeio, da economia, o que eu posso economizar com as despesas da Prefeitura, e aí, com muita tranquilidade eu vou implantar o meu modelo de gestão.

Capital News – Se o senhor for eleito, no dia 1º de janeiro, quando sentar na cadeira de prefeito, qual será a sua primeira decisão?

Edson Giroto – Implantar o maior programa social que Campo Grande já viu. Não tenha dúvida. Não tenha dúvida de que eu vou fazer isso junto das igrejas, junto das entidades, junto d a sociedade civil organizada. Vou fazer.

Vídeo


Por Paulo Fernandes - Capital News (www.capitalnews.com.br)

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Marcos Batista 17/10/2012

Giroto é por tudo isso que você não vencerá as eleições municipais de 2012.

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