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ENTREVISTA Quinta-feira, 12 de Janeiro de 2017, 15:14 - A | A

Quinta-feira, 12 de Janeiro de 2017, 15h:14 - A | A

Projetos

Secretária Nilde Brun afirma que união combaterá crise na Cultura

Gestão será mais aberta a conversas e também incentivará mais o Turismo na Capital

Flavia Andrade
Capital News

Deurico/Capital News

Secretária Nilde Brun afirma que união combaterá crise na Cultura

Gestão será mais aberta a conversas e também incentivará mais o Turismo na Capital

O Capital News entrevistou a Secretária Municipal de Cultura e Turismo, Nilde Brun. Formada em Ciências Econômicas pela faculdade Unidas Católicas de Mato Grosso e pós-graduada em Administração em Turismo e Hotelaria. Nilde Brun atuou como superintendente de Turismo na Secretaria de Estado da Produção e Desenvolvimento Sustentável e também foi à primeira diretora-presidente da Fundação de Turismo do Estado. Presidiu o Conselho Geopark Pantanal-Serra da Bodoquena e foi Superintende da Fecomércio-MS (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) e do Instituto de Pesquisa da Federação.

Hoje a frente da Secretaria de Cultura e Turismo de Campo Grande, Nilde Brun falou sobre seus projetos e sobre a necessidade de conversar e ouvir, participantes e representantes de todos os segmentos ligados a essa secretaria, para que assim, possa elaborar um plano que atenda a todos e traga movimento aos setores, assim como aquecimento na economia da Capital.


Confira a entrevista:

Como a Sra vê a junção da Cultura com o Turismo neste novo mandato?

Deurico/Capital News

Secretária Nilde Brun afirma que união combaterá crise na Cultura

Secretária pontua importância da junção da Cultura com o Turismo

Nilde Brun - Eu vejo a junção, em um momento especial para o Turismo e a Cultura de Campo Grande, eu tenho tido a oportunidade de conhecer, e conheci outros lugares, pessoas de outras cidades, estados e a grande parte desses estados e municípios trabalham a Cultura e o Turismo juntos.

 

Porque trabalham juntos? E esse é o entendimento que nós temos também, porque um complementa o outro, a Cultura produz produtos, para serem entregues para o Turismo, e o Turismo provoca demanda de consumo para a Cultura.

 

Então, é claro que nós temos que trabalhar as políticas separadamente, a política da cultura, a política do turismo, são atividades que tem que ser trabalhadas de formas diferentes, e elas se complementam, para poder uma, ser o “braço da outra”, uma produzir para a outra e trazer demanda de consumo. A junção é salutar para todos, todo mundo ganha com isso, porque a partir do momento que eu consigo provocar uma demanda de consumo para a cultura, ela só tem a ganhar com isso, porque se produzir cada vez mais, terá oportunidade de produzir mais e aumentar a quantidade de produtos a oferecer. Já existem experiências Brasil a fora e em outros lugares do mundo inclusive que já trabalham a cultura e o turismo junto e dá super certo.

 

A expectativa é grande, de que a gente realmente possa fazer da cultura e do turismo de Campo Grande, um grande produto e uma grande demanda, inclusive de geração de emprego e renda, para o campo grandenses, porque o turismo tem um grande diferencial das outras economias, onde ele traz dinheiro novo, é dinheiro de fora que vem para dentro, e essa injeção de recurso que vem de fora, é o que faz com que a economia cresça. É uma circulação constante, porque é dinheiro novo que está entrando e não fica naquele círculo vicioso, e isso faz com que ela cresça cada vez mais, inclusive gerando impostos para a cidade, trazendo benefícios para o bem da comunidade. Porque turismo é serviço e serviço é imposto cobrado pelo poder municipal.

A Sra já conseguiu fazer um balanço inicial do que foi deixado para a Secretaria, o que já tem, o que foi deixado, o que pode ser utilizado?
Nilde Brun - Estamos conhecendo, temos 8 dias úteis hoje, estamos fazendo levantamento de todos os projetos, conhecendo toda a legislação, que principalmente relacionada a cultura, em função de todo o histórico que todo mundo acompanhou do ano passado para cá, que a gente termina meio que assumindo moralmente, porque a gente sabe da importância da cultura e de todo o trabalho dos artistas para Campo Grande, e a gente tem vivenciado e ter de uma certa forma participado, por ter ouvido da imprensa e ouvindo todo o movimento que eles fizeram no ano anterior, com relação a tudo o que aconteceu com a cultura, a gente se sente meio que na obrigação moral de ajudar essas pessoas, e essa tem sido uma grande preocupação, nós sabemos que os projetos do edital, foi empenhado até o final do ano passado, mas todos os projetos que foram empenhados foram cancelados, eles sendo cancelados, não tem como ser executado pois não passou restos a pagar.

 

O que foi empenhado, se tivesse ficado restos a pagar, nós teríamos condições de dar andamento nesses projetos do edital de 2016, como isso não aconteceu, praticamente essa história é zerada, a gente não tem legalmente falando, não temos como ativar. Estudamos o edital para ver a possibilidade de dar continuidade, mas nós tivemos a informação de que não vai ser possível.


Vai ter que ser feito um novo edital para Cultura?

Deurico/Capital News

Secretária Nilde Brun afirma que união combaterá crise na Cultura

Com a crise na Cultura, momento é de conversa, análise e estudo, para definir decisões com cautela

Nilde Brun - Na realidade, o que eu quero fazer, a minha gestão é uma gestão muito participativa, eu gosto de que as governanças instaladas estejam muito presente na gestão.

 

Eu sou de estar muito presente, de ouvir, de conversar. Amanhã teremos uma reunião com o Fórum de Cultura e com o Conselho Municipal de Cultura, e é uma das questões que vamos colocar, tomar a decisão em conjunto. Não quero tirar da minha responsabilidade e jogar para eles, encontrar a solução que seja boa para todos, trabalhar juntos, pensar juntos em uma solução que seja boa para todos, e que a cultura ganhe com isso.

 

Eu até disse para a equipe, no primeiro dia em que estive com eles, nós todos especialmente, os funcionários públicos, somos todos coadjuvantes de uma única estrela que é o turismo e a cultura, hoje turismo e cultura juntos, temos que trabalhar para que essa estrela brilhe e não nós, nós não temos que brilhar, temos que ajudar elas a brilharem, e é o mesmo apelo que vou fazer para essas instituições que estão instaladas, que são instituições fortes e tem posicionamentos firmes e é importante que tenham esse posicionamento, que eles venham junto com a gente para construir esse momento, que seja um momento diferente.

 

Esquecer história jamais, acho que a história que nos fortalece, e mostra da onde viemos e quem somos, mas tem certas coisas que não temos que ficar relembrando, o passado, e cruzar os braços e esperar acontecer, então vamos fazer algo juntos, que a gente possa construir e de agora a diante olhar para  frente e dizer que o nosso horizonte é esse e é lá que nós vamos chegar, então essa é a proposta.


Tem alguns projetos que já estão em vista para serem implantados? Como os eventos de Bonito, Corumbá, Maracaju, que seja diferente mas que tenha continuidade para Campo Grande?
Nilde Brun - Como estamos pensando, primeiro, nós pegamos o Plano Municipal de Cultura para Campo Grande, o plano praticamente será a nossa “bíblia” de execução das ações da cultura, porque ele está muito bem estruturado, muito bem elaborado, foi elaborado em 2010 com temporal até 2020, é um documento espetacular, fantástico, que não precisa inventar moda, está tudo ali, então estamos nos debruçando no plano.

“O plano praticamente será a nossa ‘bíblia’ de execução das ações da cultura”

 

A única coisa que vamos começar a estabelecer agora, e é algo que queremos discutir com o Fórum e com o Conselho, são as políticas de direcionamento dos manifestos da cultura, a política interna de implementação dessas políticas, para que a gente possa dar o direcionamento de cada atividade dessa, seja no teatro, na dança, na música, no circo, qual o encaminhamento, qual a política interna da prefeitura para que a gente possa colocar isso e nos direcionar, o que eu quero fazer e aonde eu quero chegar, essa é a ferramenta que está faltando internamente, pois o plano está maravilhoso. Nós vamos estabelecer agora, e essa política vai ser validada com o conselho e com o fórum para que eles possam estar participando também, para que essa via de mão dupla, essa troca, que eles que conhecem muito de cultura e são representantes da sociedade civil e estão indicados para fazer esse trabalho junto com o poder público e isso eu sempre respeitei.

 

Na época do turismo, nós temos um Conselho Municipal de Turismo que vamos reunir para elaborar um plano municipal de turismo, que não existe, para que a gente possa estabelecer como vamos trabalhar em Campo Grande, que tipo de atividade ou segmento do turismo que vamos trabalhar, definir esses segmentos, e quando sentarmos com o turismo, temos que estar com o olho na cultura, pois tudo que for estabelecido com a cultura para que possamos unir tudo isso lá na frente, não podemos mais trabalhar separados, vamos caminhar paralelo, mas um olhando para o outro para que mais para frente, possamos encontrar e seguir um junto com o outro. Com um oferecendo produto ao outro, isso irá enriquecer os setores e poderemos fazer com que isso melhore.


Em Campo Grande existem muitos parques, praças, locais públicos que podem ser utilizados, existe algum projeto para a utilização desses espaços?

Deurico/Capital News

Secretária Nilde Brun afirma que união combaterá crise na Cultura

Estudos e avaliações serão realizados para utilizações de locais públicos em eventos

Nilde Brun - Nós estamos trabalhando com a expectativa de trabalhar as 7 microregiões urbanas de Campo Grande e as 2 rurais que são Anhanduí e Rochedo, que são consideradas regiões rurais. Queremos trabalhar com essas microregiões, levando tudo aquilo que a gente possa oferecer, e oportunizando e aproveitando aquelas pessoas que estão naquelas regiões. Se naquela região temos pessoas que trabalham com o artesanato, dentro da política da linguagem do artesanato, por isso que é importante estabelecermos a linguagem de cada atividade dessas, para poder valorizar a pessoa da região, porém dentro de uma única linguagem, senão cada pessoa vai fazer da tua forma, porque o poder público não deu o direcionamento, e quando a gente construir a linguagem de cada atividade, com apoio e validado pelos fóruns e pelos conselhos, nós vamos conseguir ter uma linguagem diferenciada, pública, e conseguir implantar por região, ou itinerante ou identificando os polos e criando nas microregiões, mas levando para as pessoas, para que elas possam participar. Porque não incentivar com que o próprio Campo Grandense conheça a sua cidade, a utilização das praças, parques, escolas, tantas escolas que temos, porque não utilizar para que levem manifestações, para que aprendam em qualquer atividade cultural, ou que seja participando, ouvindo, curtindo, possibilitando que as pessoas participem efetivamente do projeto e que não seja apenas um projeto que vai lá, apresenta, recolhe e vai embora. Queremos incorporar bem a proposta e levar a população, claro que sozinhos não conseguimos fazer isso, primeiro que 2017 será um ano difícil, financeiramente para nós, para a prefeitura especialmente, mas nós iremos priorizar.  Além dessa reunião com o conselho e com o fórum, nós queremos fazer reuniões segmentadas para ouvir cada segmento dessas linguagens.

Existem muitas feiras de artesanato que surgiram nos últimos anos, haverá reestruturação desses setores?

Nilde Brun - Assim que estabelecermos as políticas de linguagem do setor, como trabalhar, a proposta, forma de atuação, e para definir isso temos que trazer pessoas desses segmentos, unir essas pessoas, porque não podemos construir sem ouvir, o básico da construção é ouvir um ao outro. Vamos ouvir as pessoas, validar a política, aí todo mundo vai saber exatamente como tem que se posicionar.

As pessoas tem atividades que estão acontecendo que são setores privados, pessoas que se unem em prol de um projeto e dão segmento a isso, como as feiras que tem surgido na cidade. Tem muitas iniciativas privadas que não temos conhecimento da metade, uma das propostas é quantificar e notificar esses projetos para que possamos trabalhar em parceria, será um braço nosso, se conseguirmos conversar, colocar um projeto nosso no meio, não iremos gastar muito, vamos dar apenas um reforço a mais para esse projeto, e dar um reforço a mais.

 

Precisamos estabelecer essa linguagem para que eles também possam enxergar nesse processo, o que eles podem melhorar, excluir, incluir, temos que lembrar dos trabalhos manuais, que é diferente do artesanato, que tem que haver uma política diferenciada, pois não podemos criar um “monstrinho”, onde a pessoa não irá se ver. Por isso precisamos conversar, trazer as pessoas, para conhecer o que estão fazendo, o que pensam, e em cima disso fazer uma proposta que vai de encontro ao que elas já estão fazendo.

O teatro traz peças boas de fora e da cidade, porém falta apoio para estimular mais o acesso e baratear o custo, qual a proposta com relação a esse segmento?

Ouça o áudio

Nilde Brun - Nós temos dentro da secretaria de cultura uma divisão de teatro e circo e uma divisão só para dança, vamos pegar uma pessoa que entenda dessa linguagem, para que possa cuidar dessas pessoas que estão fazendo. Iremos trazer os envolvidos para que possamos conversar.

 

Nós não temos direito de errar e temos que ouvir, planejar, para que possamos seguir, por isso queremos trazer pessoas de cada linguagem, para que possamos elaborar a proposta. 2017 teremos que trabalhar com prioridade e “pé no chão”, não dá para imaginar tudo e achar que vamos conseguir fazer tudo.

 

Temos que ter a sensibilidade, entendimento em priorizar, vamos pensar em política integrada sem dúvidas, porém em 2017 temos que priorizar, para que não erremos, focar em alcançar um plano maior, o desafio é grande. O desafio da cultura não é de A, B ou C, não dá pra ficar apontando, não gosto de trabalhar apontando, nós estamos aqui para ajudar, vamos ajudar a construir, olhar para frente e aproveitar os erros que aconteceram. Essa é a grande chamada que a gente faz para todos do segmento e para todos que trabalham com a gente.

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