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Reportagem Especial Quinta-feira, 02 de Julho de 2015, 12:31 - A | A

Quinta-feira, 02 de Julho de 2015, 12h:31 - A | A

Dedicação

“O trabalho tem que ser por amor ao próximo” diz cuidadora de idosos ao expor os desafios diários da profissão

Para Fernanda Duarte (30) muitos idosos não tem família e os cuidadores acabam se tornando uma referência afetiva nesse processo

Taciane Peres
Capital News

Deurico/Capital News

“O trabalho tem que ser por amor ao próximo” diz cuidadora de idosos ao expor os desafios diários da profissão

Com um sorriso no rosto e muita disposição. Foi assim que a cuidadora de idosos Fernanda Duarte (30), chegou ao Recanto São João Bosco, no bairro Tiradentes, em Campo Grande para ser entrevistada pelo Capital News. Muito animada, Fernanda contou como é a rotina de uma cuidadora de idosos, atuando dentro da instituição e mostra que é preciso muito mais do que técnica e formação mas sim, ter algo que é essencial em quase todas as profissões: amor pelo que faz. Nossa reportagem foi conhecer um pouco mais da realidade desses profissionais que muitas vezes acabam sendo a única família de muitos idosos que moram no “Recanto São João Bosco".

 

Dom para cuidar
“Essa profissão começou por que meu pai precisava de cuidados médicos. Eu cuidei dele durante muito tempo e com isso passei a gostar dessa “coisa de cuidar das pessoas”. Com isso eu passei a fazer alguns trabalhos em hospitais, procurei me aprofundar mais nesse mundo, entender mais como é ser realmente um cuidador de idoso. Depois fiz um curso especializado e fui gostando cada vez mais. Isso foi importante para aperfeiçoar as minhas técnicas e saber como dar um auxilio melhor a quem precisa ser atendido”, diz a cuidadora.

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“O trabalho tem que ser por amor ao próximo” diz cuidadora de idosos ao expor os desafios diários da profissão

Fernanda Duarte, cuidadora dedica seu tempo oferecendo ajuda e atenção aos idosos

Laços de família
Com o trabalho diário, os profissionais acabam se tornando parte da família dos idosos e muitas vezes sendo a única referência para eles, que já foram rejeitados pela família e pela própria sociedade. “Nós sabemos que muitos que chegam aqui não tem família, alguns tem a presença de familiares mas outros não se tornam muito presentes. A gente sabe que muitos chegam aqui por que não tem condições financeiras, não tem nenhum cuidado lá fora e estar com eles no dia-dia faz com que fiquem apegados a gente, como um amigo, é assim que eu me sinto como um amigo deles também, não me sinto sozinha e também não deixo eles sozinhos”, comenta a cuidadora.

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“O trabalho tem que ser por amor ao próximo” diz cuidadora de idosos ao expor os desafios diários da profissão

Muitos idosos são abandonados por familiares, o que torna os laços afetivos entre cuidadores mais fortes

Responsabilidade
“Eu tenho uma filha de 12 anos, tenho família, todos nós temos problemas lá fora mas quando a gente chega aqui parece que tudo muda, as coisas ficam diferentes. Não é como trabalhar em uma empresa, como no comércio, aqui nós cuidamos de seres humanos. Temos que deixar o que nos angustia, nossas preocupações para cuidar das pessoas que estão aqui. Isso é fundamental para concluirmos nossa rotina, não posso ficar estressada enquanto cuido de alguém, as pessoas precisam de cuidados de forma integral e qualquer falta de atenção pode trazer consequências complicadas. Aqui não tem espaço para estresse, inclusive, aqui nós aprendemos com eles, aqui eles é que nos ensinam, eles é que fazem a gente perceber que temos muito o que valorizar e aprender na vida”.

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“O trabalho tem que ser por amor ao próximo” diz cuidadora de idosos ao expor os desafios diários da profissão

"Não é como trabalhar em uma empresa, como no comércio, aqui nós cuidamos de seres humanos", diz Fernanda

Quem canta seus males espanta
“Costumo dizer que tenho uma técnica ótima e infalível quando estou exercendo meu trabalho. Eu costumo cantar, fico aqui, saio cantando por todos os corredores, dou banho neles cuidando, sempre com muita atenção mas a música sempre me acompanha. Isso anima os idosos, isso deixa o clima melhor, mais tranquilo e isso é transmitido de uma forma positiva, eles precisam disso e esse detalhes, esse pequeno gesto pode fazer a diferença, eles percebem essa energia. Imagine você doente, sem ninguém por perto, se sentindo muitas vezes sozinho, um gesto pode mudar o dia dessa pessoa, pode fazer ela ter esperança no ser humano, por isso devemos encarar as coisas de uma forma melhor, com alegria”.

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“O trabalho tem que ser por amor ao próximo” diz cuidadora de idosos ao expor os desafios diários da profissão

O trabalho dos cuidadores faz com que os idosos que moram no recanto se sintam mais acolhidos

Aperfeiçoando os cuidados
“Eu comecei minha profissão exclusivamente por vontade própria. Eu busquei oportunidades, busquei ter uma atenção redobrada ao que estava fazendo, fiz meu curso e acredito ser muito importante essa preparação. Saber como pegar, como limpar, como tratar, por que as pessoas que temos contato precisam de praticamente cuidado para tudo. Tomar banho, comer, andar, deitar, levantar, enfim e isso requer técnica, requer que a pessoa não tenha só vontade de ajudar e sim, saber o que está fazendo. Como cuidadora cuidamos da higiene, as coisas deles, levamos para passear, trocamos fraldas, ajudamos a comer e principalmente somos vigilantes. Temos que ficar atentos a qualquer sinal diferente, por isso é importante o exercício diário, a convivência, pois isso torna um trabalho afetivo, quem quer ser cuidador de idoso tem que saber que tem que colocar a “mão na massa”, mas é gratificante quando eles nos agradecem com o olhar, com pequenos gestos”.

 

Amor ao próximo
“Eu indico que quem quer trabalhar nessa profissão o principal requisito é ter amor ao próximo. Esse é o grande segredo, tem que ter amor incondicional ao que faz. Têm situações em que você encontra o idoso bravo, o idoso muitas vezes agressivo, ele está debilitado, ele sente dores, ele se sente sozinho então tem que ter amor ao que faz. Só quem tem amor faz o que fazemos aqui, nada mais. Amor é a palavra de ordem, com o amor tem paciência e depois vem à técnica, aperfeiçoar o trabalho, mas ter prazer em trabalhar com aquilo que gosta compensa qualquer problema, qualquer contratempo que ocorre na nossa função, esse é o caminho, não acho que fiz o suficiente, acredito que posso fazer muito mais pelas pessoas”, diz Fernanda.

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“O trabalho tem que ser por amor ao próximo” diz cuidadora de idosos ao expor os desafios diários da profissão

“eles se sentem sozinhos então tem que ter amor ao que faz” diz a cuidadora quando se refere aos idosos

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“O trabalho tem que ser por amor ao próximo” diz cuidadora de idosos ao expor os desafios diários da profissão

Josineth destaca o trabalho do assistente social no processo de acolhimento dos idosos.

Assistência social

Já a assistente social Josineth de Oliveira Pereira de 36 anos, também fala sobre a atuação dos profissionais que atuam junto a terceira idade. “O Assistente social tem que ter uma visão humana e saber que aqui temos que garantir os direitos dos idosos, a qualidade no atendimento, melhoras para o dia-dia, tudo isso faz parte do nosso trabalho. Eu diria que o assistente social está “metido em tudo” (risos) e temos que atuar em todas as esferas para nos certificarmos de que o idoso está bem atendido. O serviço social é a porta de entrada do idoso dentro de uma entidade”, diz Josi.


Acolhimento

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“O trabalho tem que ser por amor ao próximo” diz cuidadora de idosos ao expor os desafios diários da profissão

Mônica atua como responsável técnica pela saúde do Recanto São João Bosco

Mônica Silveira, (50) enfermeira e responsável técnica pela saúde do Recanto São João Bosco destaca a importância de um trabalho em conjunto e revela que as dificuldades são superadas pelo comprometimento que os profissionais têm perante os idosos. "Nossa instituição é considerada uma ILPI (Instituição de Longa Permanência para os Idosos). Aqui nós trabalhamos em equipe. Avaliamos o grau de comprometimento desses profissionais, como deve ser acolhido e as necessidades que precisam ser atendidas. Formamos uma equipe multidisciplinar que é composto por fisioterapeutas, nutricionistas, assistente social, equipe de enfermagem com enfermeiros assistenciais, técnicos e os cuidadores. Hoje temos 83 idosos conosco que de acordo com o grau de complexidade nós fazemos o dimensionamento desses profissionais. Com o aumento da demanda constante, o apoio do poder público e da comunidade tornam-se constantes para que o funcionamento da casa tenha estrutura suficiente para atender todos os idosos. “Nós recebemos muito apoio da sociedade civil. Temos um convênio também da prefeitura mas o que mais nos ajuda é a população. Essa ação é fundamental para que nossa casa não feche as portas. Nossa casa é enorme, é a maior do Estado e temos que fazer nosso trabalho com qualidade e uma estrutura adequada é fundamental para o andamento desta casa”, diz Mônica.


Apelo por doações
Quem quiser contribuir com alguma colaboração ao Recanto São João Bosco deve procurar a direção através do telefone (67) 3345-0500. Os materiais de maior necessidade são fraldas, sabonete líquido, hidratante corporal, desodorante, creme dental e alimentos em geral. O asilo encontra-se na Av. José Nogueira Viêira, 1900 no bairro Tiradentes.

Deurico/Capital News

“O trabalho tem que ser por amor ao próximo” diz cuidadora de idosos ao expor os desafios diários da profissão

Recanto São João Bosco

Álbum de fotos

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Cuidadora conta como é a rotina de trabalho cuidando de idosos

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Mauricea 12/01/2022

E verdade,essa profissão tem que ter amor ao próximo mesmo

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Ivone galdino gostei muito 23/01/2019

Gostei muito do que lie faz 10 aons que estou na proficao espero aprender mais

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Monica 02/07/2015

Parabens a equipe do Capital News, pela matéria, mostrar a real imagem do Recanto São João Bosco, é o que há de melhor. Sentimento de amor, carinho e profissionalismo é o que todos nós preservamos aos nossos idosos. Obrigada

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3 comentários

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