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Quarta-feira, 03 de Maio de 2017, 13h:28

Gravada em Dourados, “Natasha” promete novo olhar sobre diversidade no MS

Série terá 13 episódios e com exibição garantida em TV´s públicas de todo o Brasil

Rogério Vidmantas
De Dourados para o Capital News

Léo Cavalheiro/Diário MS

Gravada em Dourados, “Natasha” promete novo olhar sobre diversidade no MS

Elenco de “Natasha” prima pela diversidade: Diego Bernardino, Flávio Rocha, Valéria Diniz, Naomi Neri e Ona Silva com Thiago Rotta e Antony Magalhães

 

Dourados é cenário da série de TV Natasha, que vai mostrar uma viagem de quatro pessoas para homenagear uma amiga em comum, assassinada. De pano de fundo a luta contra o preconceito e falta de conhecimento da sociedade em relação ao universo que cerca a comunidade de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros (LGBT). Tudo isso em 13 episódios que serão exibidos em mais de duzentas TV’s públicas em todo o Brasil. As gravações começaram no dia 3 de abril em diversas locações e deve seguir até o fim de junho. Depois, a fase de edição e montagem vai até outubro.

Divulgação

Gravada em Dourados, “Natasha” promete novo olhar sobre diversidade no MS

Diego Bernardino é maquiado para cena de Natasha

Resumidamente, Natasha é uma travesti que estava se prostituindo para realizar um sonho, participar do concurso “Raio do Sol do Pantanal”. Depois da sua morte, as amigas Monique, Nicole, Inês e Leona resolvem que vão para esse concurso, de Kombi, de Dourados a Cuiabá, capital do Mato Grosso. A viagem, de pouco mais de mil quilômetros, é uma jornada de autoconhecimento e elas são obrigadas a lidar com o preconceito e falta de conhecimento da sociedade, além das dificuldades de se pegar estrada sem dinheiro e sem saber o que as espera.

Monique, a motorista é lésbica e com ela viajam a travesti Leona, a transexual Inês e Nicole, uma drag queen. Para escolha dos atores, foi respeitada a diversidade e cada personagem é interpretada de acordo com a sua identidade de gênero. Ona Silva, travesti, interpreta Leona, Naomi Neri, transexual, interpreta Inês, Diego Bernardino, Drag Queen, interpreta Nicole e Valéria Diniz, lésbica, interpreta Monique.

Diversidade e oportunidade
A série foi escrita por Antony Magalhães e, originalmente, seria uma história dentro de outra história. “Na verdade a ideia pra Natasha surgiu de um livro que eu estava escrevendo. Uma das personagens é acadêmica de cinema e comprou uma kombi velha por que tinha o sonho de gravar um curta metragem com a mesma história da série”, explica o autor.

Divulgação

Gravada em Dourados, “Natasha” promete novo olhar sobre diversidade no MS

Elenco principal de Natasha, série gravad em Dourados


O que mudou foi a possibilidade de financiamento pela Agência Nacional de Cinema (Ancine), que abriu um edital direcionado para produções com a temática da série. “Quando vi que [Natasha] se encaixava na temática do edital da Ancine falei pro Thiago [Rotta, diretor] que poderia dar certo e acabou dando mesmo. Comecei a escrever no final de outubro e em dezembro os roteiros estavam prontos”, conta.

Além dos atores principais, a equipe técnica também conta com a diversidade de gênero e a regra foi contratar 80% dos técnicos pertencentes aos LGBT. “Foi uma forma de garantir representatividade, além de gerar emprego e renda para essas pessoas, que na maioria das vezes são barradas nas vagas de emprego. Não queremos fazer bonito só na ficção”, argumenta a produtora executiva, Ana Ostapenko.

De acordo com o diretor Thiago Rotta, a série pode mudar a visão das pessoas, principalmente na cidade onde a produção é realizada. “Escolhemos gravar em Dourados porque é a nossa cidade, é aqui que a Plug Produções foi fundada e essa cidade precisa demais de Natasha. Queremos mostrar que pessoas trans, lésbicas, travestis existem sim, devem ser respeitadas e inseridas no mercado de trabalho e na sociedade”, conclui.