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Opinião Domingo, 12 de Novembro de 2017, 07:00 - A | A

Domingo, 12 de Novembro de 2017, 07h:00 - A | A

Opinião

A importância da governança corporativa no agronegócio: a busca pela perpetuidade do negócio rural familiar

Por Marcelo Matte Rodrigues*

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“Transparência”, essa é a palavra que rege a implementação de um modelo de Governança Corporativa em uma empresa, independente da área em que ela está inserida. Para essa transparência ser alcançada, pois ela deve conduzir a gestão das empresas familiares, é necessário um processo claro e periódico de prestação de contas, envolvendo os principais interessados na gestão do negócio familiar.

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Marcelo Matte Rodrigues

 

Governança Corporativa é o sistema pelo qual as empresas e demais organizações são dirigidas, monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre sócios, conselho de administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes interessadas, segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC.

Embora exista ainda um entendimento de que Governança Corporativa seja algo voltado para empresas de capital aberto, a implantação desse serviço em empresas menores e de capital privado vem ganhando destaque nos últimos anos, e o Agronegócio está começando a abrir os olhos para essa necessidade.

A implantação de um sistema capaz de auxiliar na organização da família, propriedade e gestão, ajuda a garantir a transição de gerações, sucessão na propriedade e na gestão, acesso a capital e geração de valor, cooperando de tal modo, para a longevidade das empresas familiares.

Alguns dados colaboram para demonstrar a importância da Governança Corporativa em empresas rurais familiares:

 

•    Mais de 80% dos negócios familiares não chegam à terceira geração;
•    07 de cada 10 empresas não dispõem de procedimentos para resolver conflitos familiares;
•    Somente cerca de 20% das fortunas brasileiras atuais são herdadas. A maioria se perde em   conflitos familiares, que poderiam ser evitados.

 

Empresas familiares que sobrevivem às gerações, em geral, são aquelas que se preparam para enfrentar os desafios da convivência societária familiar. A prevenção desses conflitos é feita através da Governança Corporativa, que possibilita o entendimento e a perpetuidade do negócio familiar, evitando disputas familiares que muitas vezes chegam ao judiciário.

Nos dias atuais, a prevenção é essencial. Deixar para se preocupar com um conflito na empresa somente após esse conflito já estar instaurado gera perda de tempo, dinheiro e desgasta os colaboradores da empresa familiar, prejudicando os negócios. Assim como TRANSPARÊNCIA, a palavra PREVISIBILIDADE também deve fazer parte do manual da empresa familiar rural. Prever conflitos é uma forma de lidar com eles, e evitá-los se torna mais fácil, daí a importância da Governança Corporativa.

Alguns desentendimentos característicos de empresas rurais familiares são a respeito da possibilidade de os agregados (noras, genros e cunhados) participarem ou não do negócio. É importante que isso seja decidido antes de um conflito existir.

A Governança se torna uma gestão de riscos, evitando futuros conflitos. São desenvolvidas recomendações objetivas, com a finalidade de preservar e aperfeiçoar o valor da organização, facilitando seu acesso ao capital e colaborando para a sua longevidade. A preocupação é criar um conjunto eficiente de mecanismos a fim de certificar que a conduta dos administradores e familiares esteja sempre alinhada com o melhor interesse da empresa.

O planejamento sucessório é essencial nas empresas rurais familiares, e a Governança Corporativa se torna uma ferramenta essencial para esse planejamento ser eficiente. A profissionalização da empresa garante sua perpetuidade e seu crescimento.

John Davis, professor da Harvard Business School e reconhecido como uma das maiores autoridades em gestão de empresas familiares no mundo, afirma que a sucessão da liderança nas empresas familiares é uma questão bastante complexa e que merece atenção especial.

Uma pesquisa divulgada pela PricewaterhouseCoopers (PwC) mostrou que as empresas familiares estão se preparando melhor e progredindo no caminho da estruturação. No Brasil, a análise da PwC é de que as empresas familiares serão um extraordinário ponto de alavancagem da economia, já que são tradicionalmente grandes empregadoras.

Algumas práticas que fazem parte do modelo de Governança Corporativa serão listadas abaixo:

 

•    Protocolo Familiar: É um compromisso com a profissionalização. Registra o compromisso dos membros da família em torno de agendas comuns, que devem ser identificadas em encontros e reuniões.
•    Acordo de Sócios: Nele são tratadas uma série de questões que podem gerar conflito entre os sócios e para os quais são estabelecidas, de maneira prévia, regras e condutas.
•    Conselhos de Sócios e de Administração: O conselho de sócios é o órgão máximo que elege os administradores e a quem eles prestam contas de seus atos. Nas empresas familiares, normalmente são os pais os chefes, porém é comum não haver uma estrutura que garanta a sucessão de uma forma organizada, o que pode gerar disputas desnecessárias. O conselho garante essa organização.
•    Formalização de negócios: Nas empresas familiares é extremamente comum os pais comprarem bens e colocarem no nome dos filhos, e remunerarem familiares de maneira informal. Formalizar as operações e remunerações é uma forma de garantir a perpetuidade do negócio.

 

A Governança Corporativa se mostra de extrema relevância para empresas rurais familiares. E sua implantação ganha cada vez mais espaço no cenário nacional. Qualquer modelo de evolução das organizações mexe muito com as pessoas envolvidas e depende especialmente delas. Numa empresa tipicamente familiar, o salto para a complexidade e a modernidade certamente exigirá ajustes no perfil do fundador, de seus sucessores e dos gestores.

Por isso, a contratação de consultorias especializadas em Governança Corporativa é o melhor caminho para uma implantação correta e que traga grandes resultados.

 

 

*Marcelo Matte Rodrigues

Bacharel em Direito; Pós Graduando em Gestão Financeira – Responsável por cursos em Governança Corporativa e Planejamento Sucessório para Empresas Rurais Familiares. Santa Maria – RS.
[email protected]

 

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