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Política Domingo, 14 de Janeiro de 2018, 10:48 - A | A

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“Voto de Minerva”

Vereadora é denunciada pelo Ministério Público após cobrar propina

Márcia Queiroz Vida chegou a dar “desconto” no valor cobrado para votar contra processo de cassação de outra parlamentar da Câmara de Água Clara

Flávio Brito
Capital News

 

Assessoria

Vereadora é denunciada pelo Ministério Público após cobrar propina

Vereadora Gerolina, que sofreu tentativa de cobrança de propina, em pronunciamento na tribuna

Depois de oferecer “desconto” em propina, vereadora presa em operação é denunciada por corrupção e tráfico de influência, pelo Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS). O promotor de Justiça substituto Paulo Henrique Mendonça de Freitas, da Comarca de Água Clara, ofereceu denúncia contra a vereadora Márcia Queiroz Vida (Avante) e sua assessora Inês Oliveira da Silva. A operação “Voto de Minerva]’ foi deflagrada em 19 de dezembro de 2017 e contou com a participação da Polícia Civil e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado).

 

Márcia Vida é acusada de cobrar propina para mudar seu voto no processo que podia resultar na cassação da vereadora vereadora Gerolina da Silva Alves (PSDB). Por meio de bilhetes enviados à colega da Casa de Leis, a denunciada pelo MPMS chegou a pedir R$ 80 mil para votar contra a cassação, depois baixou o valor para R$ 50 mil, dizendo ser este o valor mínimo para garantir seu voto e de mais dois vereadores para a manutenção do mandato de Gerolina.

 

Conforme informações do MPMS, em 11 de dezembro de 2017, depois da última sessão da Câmara de Água Clara, Márcia Vida se aproximou de Gerolina e perguntou sobre o horário que esta estaria na escola que trabalha, pois uma pessoa a procuraria. No dia seguinte, a vereadora tucana foi procurada em casa, antes que saísse para o trabalho. 

 

Depois de saber dos detalhes sobre o expediente da parlamentar, Inês foi enviada até a casa de Gerolina, por volta das 11h de 12 dezembro do ano passado. Ao chegar, a auxiliar explicou que havia sido mandada por Márcia. Segundo o detalhes divulgados da investigação, Inês, então, teria mostrado a Gerolina uma lauda de papel na qual constava uma mensagem escrita por Márcia Vida, onde se lia: “Você quer meu voto a favor a respeito do processo de cassação? ( ) sim ( ) não”.

 

Diante disso, Inês teria dito que, caso a resposta fosse “sim”, Márcia pediu que lhe fosse mostrado mais um recado, escrito em uma segunda folha de papel: “Me arruma R$ 80.000,00 que eu voto a favor ou faria com que o processo fosse cancelado!”. Gerolina recusou a oferta. Inês foi embora depois de pedir desculpas e justificar que teria ido à residência  de Gerolina porque Márcia Vida havia lhe pedido para levar a proposta.

 

Gerolina e Inês se encontraram novamente no dia 14 do mês passado, por volta das 14h. Desta vez, a vereadora do PSDB decidiu gravar a conversa  e o material foi entregue ao Ministério Público. Durante o depoimento de Gerolina, Inês ligou no celular da parlamentar. A ligação foi colocada em viva-voz e ouvida também pelo promotor. 

 

Inês disse que estava em frente à casa de Gerolina para entregar um novo recado de Márcia, com havia conversado. Foi marcado um novo encontro para as 22h30, desta vez acompanhado pelas autoridades e novamente gravado para comprovar os crimes de corrupção e tráfico de influência.

O papel com o recado de Marcia Vida desta vez dizia: “O mínimo é R$ 50.000,00. Faço para o processo! Como? Não vai nem ter votação! Você tem que confiar e sabe que pode nem ter votação! O relator vai encaminhar para mim, aí já paro! Entendeu? Só posso dizer: confie em mim! Derrubo mais dois votos comigo! (tráfico de influência) E que fique entre nós sempre!”.

 

 

A representante de Mácia Vida, que à época era a 2ª vice-presidente da Câmara, deu mais detalhes sobre o procedimento para parar o processo e a forma com a qual a propina seria paga. O Ministério Público representou pela prisão preventiva das denunciadas e pela busca e apreensão de documentos nas residências de Inês e Márcia e na Câmara. Além das condenações, o promotor requereu condenação por dano moral contra Gerolina e dano moral coletivo. A Câmara Municipal recebeu, no dia 20 de dezembro, ofício da juíza da Vara Única da Comarca de Água Clara, Thielly Dias de Alencar Pithan e Silva, sobre decisão que determinou o afastamento de Márcia do exercício do cargo de vereadora por tempo indeterminado.  

 

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