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Quinta-feira, 20 de Junho de 2019, 11h:57

Telemedicina deve se expandir no país com regulamentação

Por Pérola Cattini

Da coluna Bem-Estar
Artigo de responsabilidade do autor

Novo campo permite consultas, diagnósticos e orientações médicas à distância

Divulgação

ColunaBem-Estar

Existe um novo campo da medicina permeado por novas tecnologias: a telemedicina. Quem se forma em uma faculdade de medicina normalmente está acostumado com métodos tradicionais de consulta e tratamento, mas essa nova modalidade pode mudar a vida de muitos pacientes no Brasil e ao redor do mundo. Consiste em realizar consultas, diagnósticos e orientações médicas via videoconferência e aplicativos de mensagem.

A prática já é adotada por outros  países como a França, no apoio a pessoas idosas e pessoas com deficiência. É uma forma de chegar até pacientes que não possuem condição de se deslocar. O suporte à distância, no entanto, só acontece com indivíduos com doenças crônicas ou para tratamentos mais pontuais. Para a resolução de problemas mais agudos de saúde, a telemedicina não é recomendada e até mesmo recebe críticas de parte da comunidade médica.

No Brasil, os médicos já utilizavam plataformas virtuais para orientar os pacientes, diagnosticar problemas pontuais e recomendar o uso de alguma pomada para alergia, por exemplo. Mas, em fevereiro de 2019, este campo ganhou uma regulamentação no país. A Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) nº 2.227/18) foi elaborada após inúmeros debates com especialistas e baseada em rígidos parâmetros éticos, técnicos e legais, de acordo com a entidade.

Segundo o CFM, a norma abre portas à integralidade do Sistema Único de Saúde (SUS) para milhões de brasileiros, atualmente vítimas da negligência assistencial. Para o presidente do CFM, Carlos Vital, trata-se de um novo marco para o exercício da medicina no Brasil. “As possibilidades que se abrem no Brasil com essa mudança normativa são substanciais e precisam ser utilizadas pelos médicos, pacientes e gestores com obediência plena às recomendações do CFM. Acreditamos, por exemplo, que na esfera da saúde pública essa inovação será revolucionária ao permitir a construção de linhas de cuidado remoto, por meio de plataformas digitais”, destacou Vital.

Alguns dos serviços de telemedicina mais utilizados são as teleinterconsultas, teletriagens e teleorientações. No caso da teleinterconsulta, o médico divide o atendimento com outro profissional, em busca de uma segunda opinião. No caso da teleorientação e da teletriagem, os pacientes podem entrar em contato com médicos quando surgir algum problema, para saber qual caminho seguir no sistema de saúde.

Críticas e preocupações
Apesar de todo avanço tecnológico e as facilidades proporcionadas pela modalidade, alguns especialistas fazem ressalvas à telemedicina e expressam preocupações. A ampliação do modelo tem sido criticada por conselhos regionais de medicina, o que levou o CFM a abrir uma consulta pública para envio de sugestões. Dois dos pontos mais criticados foram as consultas não presenciais e a proteção dos dados dos pacientes.


De acordo com o texto inicial, populações geograficamente remotas podem receber atendimentos on-line sem a necessidade de um primeiro contato. Com as condições precárias de saúde em alguns municípios e a carência de médico nessas regiões, o temor é de que esse seja o primeiro recurso utilizado na falta de um médico, diminuindo ainda mais a distância entre os profissionais de saúde e os pacientes.

“São discussões relevantes e saudáveis até para o modelo convencional de consulta. Hoje grande parte das reclamações de pacientes é de médicos que sequer levantam os olhos para enxergá-los durante a consulta presencial”, disse Caio Soares, diretor médico da Teladoc, uma das maiores empresas do mundo em telemedicina, em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo.