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Domingo, 23 de Junho de 2019, 09h:33

A decomposição do corpo

Por Oscar D’Ambrosio*

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A dupla de atores Géza Röhrig e Matthew Broderick é a grande responsável pelo sucesso de “To Dust”, filme que traz o primeiro no papel de um judeu ortodoxo cantor de funerais que perde a esposa vitimada de câncer. Sua obsessão está em saber como ocorre a decomposição desse corpo.

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Encontra assim um professor de biologia (Broderick) que leva uma vida sem graça com aulas que interessam a muitos poucos. Ambos iniciam uma jornada para libertar a voz do cantor, que não consegue mais exercer seu papel na comunidade. A melhor resposta está em proporcionar uma decomposição do corpo da esposa mais rápida e integrada ao ecossistema, sem caixões que atrasam o processo.

A direção de Shawn Snyder consegue o máximo da dupla de protagonistas, principalmente na cena em que são pegos por uma policial tentando invadir um local proibido para observar a decomposição de corpos. Outro momento é a marcante morte por asfixia de um porco, que, segundo a literatura médica, teria um processo próximo do humano.

São instantes de grande intensidade numa narrativa que parte de uma situação aparentemente absurda para um desenvolvimento de diversas implicações existenciais plenas de humanidade, como a perplexidade dos filhos do cantor perante as atitudes estranhas do pai. O conjunto mostra, como um todo, como não se está preparado para a morte, por mais que se fale dela.

 

 

*Oscar D’Ambrosio

Jornalista pela USP, mestre em Artes Visuais pela Unesp, graduado em Letras (Português e Inglês) e doutor em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.