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Internacional Sexta-feira, 09 de Maio de 2014, 13:13 - A | A

Sexta-feira, 09 de Maio de 2014, 13h:13 - A | A

Anisitia Internacional: autoridades da Nigéria sabiam de ataque à escola

Da Redação (SA)

As forças de segurança da Nigéria tiveram quatro horas de aviso prévio sobre o ataque da milícia Boko Haram no internato em Chibok, que resultou no rapto de mais de 240 estudantes em abril, mas não fizeram o suficiente para deter grupo armado. As informações são da organização não governamental (ONG) Anistia Internacional, que informou nesta sexta-feira (9) ter testemunhos contundentes de que as autoridades não conseguiram agir diante dos avisos sobre o ataque. Três semanas depois do ocorrido, a maioria das jovens continua em cativeiro em local desconhecido.

“O fato de que as forças de segurança nigerianas sabiam sobre o ataque iminente do Boko Haram, mas não conseguiram tomar as medidas imediatas necessárias para detê-lo, só vai ampliar o clamor nacional e internacional contra esse crime horrível", disse o diretor da Anistia Internacional na África, Netsanet Belay.

Para ele, isso é uma “negligência grosseira” do dever da Nigéria em proteger os civis. Segundo Belay, o país deve agora usar de todos os meios legais à disposição para garantir a libertação segura das adolescentes raptadas, garantir que os sequestros não ocorram novamente e fornecer apoio médico e psicológico para quando forem libertadas.
De acordo com a Anistia, a Nigéria não respondeu ao aviso dos ataques devido à incapacidade de reunir tropas, aos poucos recursos e ao medo de envolvimento com os grupos armados, muitas vezes melhor equipados. As informações obtidas pela organização mostram que comandos próximos à Chibok, no Leste do país, foram repetidamente alertados para a ameaça à segurança e às autoridades locais.

Dois oficiais superiores das Forças Armadas da Nigéria confirmaram que o Exército estava ciente do ataque planejado antes mesmo de receber chamadas de autoridades locais. Um oficial disse que o comandante não foi capaz de mobilizar reforços, informou a Anistia em nota. A identidade dos oficiais foi mantida em sigilo por segurança.

"O rapto e detenção contínua dessas meninas da escola são crimes de guerra, e os responsáveis devem ser levados à Justiça. Ataques a escolas também violam o direito a educação e devem cessar imediatamente", explicou Belay.

O sequestro das jovens em Chibok ocorreu no contexto do agravamento da violência e de graves violações e abusos dos direitos humanos cometidos por grupos islâmicos armados e pelas forças do governo nigeriano. Investigações da Anistia Internacional indicam que pelo menos 2 mil pessoas foram mortas no conflito na Nigéria em 2014.

Segundo a organização, apesar da piora da situação no país, as autoridades não conseguem investigar adequadamente os assassinatos, os sequestros, levar os suspeitos à Justiça ou evitar novos ataques. “Ao mesmo tempo , o governo continua prendendo ilegalmente centenas de pessoas suspeitas de ligações com o Boko Haram em detenção militar e está negando acesso a advogados. A maioria das pessoas detidas em todo o país está sem acusações criminais e muitos foram executados extrajudicialmente pelas forças de segurança antes de enfrentar julgamento”, informou a Anistia Internacional.
 

(Fonte: Agência Brasil)

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