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Opinião Sábado, 10 de Fevereiro de 2018, 13:15 - A | A

Sábado, 10 de Fevereiro de 2018, 13h:15 - A | A

Opinião

Batuque

Por Francisco Habermann*

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Tudo mudou. Carnaval também. O Axé está desbancado, agora é Funk. Não entro em detalhes por não acompanhar o assunto. Leio isso nos jornais.

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Francisco Habermann - Artigo

Francisco Habermann

 

Sei que os entendidos dizem que carnaval sem samba não é carnaval. Penso que têm razão e, por este ângulo, até dá prá dar uns pitacos. De leve, claro.

O ritmo do samba está nas raízes históricas do Brasil. Não se progride na música popular brasileira sem passar pelo samba. Grandes compositores e intérpretes nacionais se destacam e são admirados mundo afora. Aliás, o Brasil é conhecido pelo samba. Sempre faz sucesso e não pode ficar fora, especialmente nas festas populares. Aqui, até pernilongo samba o zuim, zuim.

A dança é simples mas o ritmo é complexo, segundo os especialistas entendidos do assunto. Ouvi explanação do maestro Isaac Karabtchevsky que compassos do samba podem ser subdivididos em partes. O seu estudo rítmico exige competência, portanto. Não é simples como parece.

A interpretação musical do samba é outra especialidade que diferencia os artistas. Exige habilidades que vão além da voz. Grandes intérpretes sabem os segredos das nuances sutis embutidas nesse ritmo. Já o gingado ( bamboleio, requebro ) é outra conversa.

A expressão corporal que acompanha os compassos do gingado clássico brasileiro é muito especial e não pode conter exageros. Busca a elegância e mostra toda a sutileza do andamento musical.

E o mais interessante é que tudo começa com um batuque. É o anúncio da festa. Vem que vai ter um batuque, dizem. Hoje, aqui tem. Veja e sinta a bela amostra da composição de João da Bahiana:

 

“Batuque na cozinha
Sinhá não quer
Por causa do batuque
Eu queimei meu pé”

 

Onde tem samba, tem alegria. Então, vamos lá, gente. E vamos pulando, que exercício faz bem para a saúde. O bom é que a música sadia alegra o coração, especialmente do sofrido povo brasileiro.

Mas, restam perguntas que não querem calar na minha cachola: quem dança e pula carnaval é povo sofrido? Estaríamos vivendo no Brasil um contraste realístico-fantasioso diante de tantas mazelas sociais e políticas?

Ai, ai... que batuque difícil. Acho que queimei meu pé!

 

 

*Francisco Habermann

Professor da Faculdade de Medicina da Unesp de Botucau. Contato: [email protected]

 

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