É inegável que as tecnologias de informação vieram para ficar. O que ainda é passível de dúvida são os efeitos que essa “revolução da informação” trará para as sociedades ao redor do globo. Nos últimos anos os ataques cibernéticos – ou ciberataques – aumentaram constantemente, trazendo problemas de segurança não somente para os usuários individuais da grande rede, mas também para empresas e até mesmo governos e Estados.
Prova disso é a atuação de hackers nas eleições norte-americanas, que ao promover o vazamento de e-mails do comitê de campanha de Hillary Clinton influenciaram na decisão de muitos eleitores. A democracia – maior orgulho do governo dos Estados Unidos da América – apresentou-se fragilizada diante dos desafios trazidos pelo “mundo cyber”.
Outro evento aconteceu nessa sexta-feira (12/05/2017): um massivo ataque cibernético com um tipo de vírus denominado ransomware – que “sequestra” os dados de um computador criptografando-os para em seguida cobrar um resgate para a sua liberação – infectou, ainda com informações preliminares, mais de 45.000 computadores ao redor do mundo, paralisando parte do sistema de saúde do Reino Unido.
O caso se complica, pois o ataque foi reivindicado por um grupo de hackers chamado Shadow Brokers que afirmam ter roubado o sofisticado código-vírus da NSA (National Security Agency – a mesma agência de inteligência na qual Edward Snowden prestava serviços). Apesar das suspeitas, nem a NSA nem o governo dos Estados Unidos se pronunciaram sobre os casos ou confirmaram qualquer informação.
Não restam dúvidas de que muitos países se preparam para uma nova forma de ação militar: aquela que ao invés de utilizar balas e bombas, será travada em bits e à velocidades da luz. O que parece vir de um filme de ficção científica aproxima-se e nesse ponto pergunto: o mundo cibernético é igual para todos?
Fica claro que apesar da imagem de “grande aldeia global” que a Internet nos transmite, grande parte do globo ainda não tem acesso a ela ou, quando tem, o mesmo é precário e à baixas velocidades. No mundo desenvolvido – onde os gigantes Facebook e Alphabet (Google) nasceram – o panorama é diferente: a fibra ótica e a economia da informação já são uma realidade.
Parece que a vantagem de dominar as novas tecnologias de informática traz consigo perigos. A dependência dos sistemas eletrônicos pode representar a grande contradição do nosso tempo. Resta saber como atuarão os governos dos países centrais diante dos novos desafios engendrados pelo ciberespaço: o regime de segurança por eles proposto certamente será acatado pelos países que chegarão atrasados (e entre eles, o Brasil) ao novo patamar de relações globais e, agora, cibernéticas.
*Friedrich Maier
Bacharel em Relações Internacionais e Mestrando em Ciências Sociais pela UNESP (FFC-Marília).
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