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Polícia Segunda-feira, 11 de Julho de 2022, 10:31 - A | A

Segunda-feira, 11 de Julho de 2022, 10h:31 - A | A

Conflito indigena

Perícia comprova que indígenas não destruíram sede da fazenda ocupada em Amambai

Segundo o MPF alegações de que itens havia sido levados do local é falsa

Iury de Oliveira
Capital News

Divulgação/MPF

Perícia comprova que indígenas não destruíram sede da fazenda ocupada em Amambai

Casa que era ocupada pelos caseiros da Fazenda Borda da Mata

 

Foi finalizado o relatório técnico de vistoria produzido pelo setor de Perícia, Pesquisa e Análise do Ministério Público Federal (MPF). Ele foi anexado ao procedimento preparatório 1.21.005.001030/2022-21, instaurado para apurar e acompanhar suposto conflito entre indígenas da aldeia Amambai e forças policiais locais.

 

Trata-se do resultado parcial da perícia realizada no local do conflito entre os dias 28 de junho e 4 de julho. O procedimento preparatório e o relatório estão sob sigilo, mas algumas informações podem ser divulgadas. Relatório foi divulgado na última quinta-feira (7).

 

A casa azul, que era onde os caseiros da Fazenda Borda da Mata ficavam, pelo relato dos ex-moradores e autoridades de segurança teria sido quebrada e os bens levados, mas de acordo com o relatório isso não aconteceu.

 

De acordo com o MPF, fotografias tiradas em 27 de maio, logo após a primeira retirada dos indígenas pela Tropa de Choque da PM, e disponibilizadas ao MPF pelos antigos moradores, ilustram o local sujo e revirado, mas também objetos de valor que interessariam aos indígenas e que lá permaneceram, a exemplo de equipamentos de pesca, bacia plástica, botijão de gás, freezer e cortina. É possível ver camas, colchões, sofás, poltronas, um aparelho de televisão e até uma cédula de R$ 2.

 

No dia em que as fotografias foram tiradas, 27 de maio, os ex-moradores retornaram ao local, acompanhados da Polícia Militar, a fim de, com veículo fretado, buscar o que não conseguiram levar consigo de imediato: geladeira, freezer, mesa, poltrona, cadeiras de plástico. O fogão e alguns itens de uso pessoal já haviam sido retirados com a ajuda da PM no dia da primeira ocupação, segundo os próprios caseiros em entrevista concedida ao antropólogo do MPF.

 

Divulgação/MPF

Perícia comprova que indígenas não destruíram sede da fazenda ocupada em Amambai

Casa que era ocupada pelos caseiros da Fazenda Borda da Mata

Já as fotografias feitas pelo próprio perito do MPF, em 1º de julho, dias após a segunda ação da Tropa de Choque – que resultou na morte do indígena Vito Fernandes – mostra a mesma “casa azul” com o interior limpo e mais alguns materiais que poderiam ter valor para os indígenas ali acampados: fogão, geladeira, colchões, toalha, cobertor, roupas, cadeiras, botijão de gás, panelas, garrafão de água mineral, fardo de papel higiênico e até um saco de pães. A informação obtida pelo MPF é que, entre uma ação da Tropa de Choque e outra, uma equipe de segurança particular passou a ocupar a “casa azul”.

 

Além da “casa azul”, as demais edificações da sede da fazenda, incluindo insumos e equipamentos, não aparentam ter sofrido qualquer avaria significativa recente.

 

Viatura da Funai

Narra ainda o relatório que, em 24 de junho, o coordenador técnico da Funai em Amambai, Newton Bueno, compareceu na área do conflito e foi mantido “como refém” pelos indígenas, tendo conseguido sair da área com apoio da polícia. O coordenador técnico conta ainda que teve seu aparelho celular e as chaves do veículo funcional, uma caminhonete L-200, subtraídos pelos indígenas.

 

Quando da chegada da equipe pericial do MPF no local, houve o intermédio das negociações e o referido veículo foi devolvido sem qualquer sinal capaz de configurar “dano ao patrimônio público”. Durante a permanência da viatura na área ocupada, ela foi utilizada inicialmente para o transporte de indígenas feridos e, depois, para o transporte de água.

 

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