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Política Quarta-feira, 18 de Outubro de 2017, 11:51 - A | A

Quarta-feira, 18 de Outubro de 2017, 11h:51 - A | A

Clima tenso

Marun, relator da CPMI da JBS, discute com membro da comissão durante depoimento

Deputado de MS foi chamado de “lambe-botas” e respondeu, chamando colega de “vira-lata”

Flávio Brito
Capital News

Gilmar Felix / Câmara dos Deputados

Marun, relator da CPMI da JBS, discute com membro da comissão durante depoimento

Discussão ocorreu durante o depoimento do procurador da República Ângelo Goulart Villela

Durante mais de sete horas de depoimento à CPMI da JBS, nesta terça-feira (17), o procurador da República Ângelo Goulart Villela acusou o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot de ter “interesse político” em derrubar o presidente Michel Temer por meio do acordo de delação premiada celebrado com os controladores do grupo J&F, Joesley e Wesley Batista. O depoimento de Villela fez com que alguns integrantes da comissão colocassem em dúvida procedimentos adotados pelo Ministério Público para celebrar acordos de colaboração com acusados de crime. Já outros parlamentares frisaram que não viram irregularidades na atuação de Janot.

Para o relator da CPMI, deputado Carlos Marun (PMDB-MS), a gravação da conversa de Temer foi um crime e parte de uma conspiração que teve o envolvimento do ex-procurador Marcelo Miller, que deixou a equipe de Janot e a carreira no Ministério Público para advogar para a JBS. “O presidente foi criminosamente gravado com o objetivo de se promover a sua deposição. Se isso não é uma conspiração criminosa, tenho dificuldade de saber o que é”, declarou.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) foi além e disse que a CPMI é uma coalizão de partidos investigados, com o objetivo de criminalizar o Ministério Público e inviabilizar a Operação Lava Jato. A fala motivou uma troca de ofensas entre o senador e o relator Marun. “Vira-lata”, gritava de um lado o deputado Carlos Marun. “Lambe-botas, bate-pau de Temer”, retrucava do outro o senador Randolfe Rodrigues, conforme transcrição publicada pelo jornal Folha de São Paulo.

A troca de acusação fez com que a sessão da CPMI fosse interrompida por alguns minutos. A confusão começou quando Randolfe questionava o depoente a respeito de um áudio de conversa gravada por ele em uma reunião do Ministério Público Federal, o que lhe rendeu a acusação de vazar informações internas para favorecer a JBS.

Villela afirmou que nem sua defesa tinha o áudio e foi interpelado pelo deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que disse a ele que pedisse o áudio ao senador Randolfe, que ele o teria.

“Não entendi a provocação barata”, afirmou o senador, que logo em seguida acusou o PT e PMDB de formarem uma “coalizão” e citou o relator Marun.  “É uma coalizão do PT e do PMDB, o sr. e o deputado Marun estão muito próximos”.

Marun, da mesa, logo se irritou e pediu que seu nome não fosse citado. A confusão, então, começou. “Vira-lata! Vira-lata!”, gritava Marun, um dos principais aliados de Temer e relator da comissão. “Lambe-botas, bate-pau do Temer!”, respondia aos berros o senador Randolfe, enquanto o presidente do colegiado, senador Ataídes de Oliveira (PSDB-TO) pedia calma e dizia que iria suspender a sessão.

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