O ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse na noite quinta-feira (5) que vai apresentar na próxima segunda-feira (9) representação e queixa-crime na Corregedoria da Polícia Federal e na Procuradoria-Geral da República (PGR) contra vazamento de informações que citam seu nome. O ministro deu as declarações após a divulgação de reportagem de um jornal de grande circulação nacional. Segundo o jornal paulista, Marun, um dos principais articuladores políticos do governo Michel Temer, é suspeito de envolvimento com a suposta organização criminosa que, segundo a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público, fraudava registros sindicais no Ministério do Trabalho, apurado na da terceira fase da Operação Registro Espúrio.
“Desde que assumi a Secretaria de Governo, eu nunca pus os pés no Ministério do Trabalho, nunca conversei com nenhum servidor daquele ministério a respeito de demanda de qualquer sindicato, pessoalmente, ou por telefone, ou por qualquer outro meio. Todavia, infelizmente o ato de rotina de encaminhar através da minha assessoria pleitos que me foram apresentados por sindicalistas de Mato Grosso do Sul, em reunião pública, agendada e divulgada, se transformou em motivo de enxovalhamento da minha honra”, afirmou Marun, no Palácio do Planalto.
Conforme a publicação feita ontem que a PF pediu autorização para cumprir mandados de busca e apreensão em endereços de Marun e de sua chefe de gabinete, Vivianne de Melo, mas a Procuradoria-Geral da República entendeu que, por ora, não havia provas de que o emedebista integrava a organização criminosa.
No despacho de sexta (29) em que afastou do cargo o ministro do Trabalho, Helton Yomura, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Edson Fachin, relator das investigações da Operação Registro Espúrio, concordou com o posicionamento da PGR, mas destacou trechos que reforçam suspeitas sobre Marun.
Em suas manifestações ao Supremo, a PF e a PGR apontaram que materiais apreendidos anteriormente pela Registro Espúrio, como mensagens de celular, mostram que Marun “se vale de sua força política para solicitar concessões de registros das entidades [sindicais] de seu interesse”. O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias e Cooperativas de Carnes de Derivados, Indústrias da Alimentação de São Gabriel do Oeste (Sintrael), base eleitoral do ministro, e o Sindicato Estadual dos Trabalhadores Celetistas nas Cooperativas no Mato Grosso do Sul (Sintracoop-MS) teriam sido tema de conversas entre pessoas ligados ao gabinete de Marum e do ex-ministro Helton Yomura.