Uma técnica em enfermagem do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) relatou a seguinte situação: Nossa equipe do SAMU foi acionada para atender vítimas de um incêndio em uma rodoviária. Por causa disso, diversas viaturas básicas e uma avançada foram mobilizadas para atender a ocorrência.
Após procurar muito tempo pelas vítimas, ela e os outros socorristas descobriram que a comunicação se tratava de um trote. Como se sentir diante dessa situação? Esse relato é fictício, mas retrata uma realidade cada vez mais presente nas rotinas de atendimentos às ocorrências de urgência e emergência.
O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) foi criado pelo governo federal em 2003. Os benefícios com a iniciativa são muitos, entre elas a redução do número de mortes, do tempo de internação em hospitais e das sequelas causadas pela falta de socorro rápido.
Atualmente, as ambulâncias do SAMU estão disponíveis para 150 milhões de brasileiros, em quase 3 mil municípios, cobrindo 75% do território nacional. O caso de trote acima relatado é apenas um dos milhares que vitimizam o SAMU.
Em Campo Grande só no ano passado, o SAMU recebeu 5634 chamadas falsas. Até março deste ano, foram 836 ligações. Essas chamadas indevidas atrapalham desde o atendimento das demandas com linhas telefônicas ocupadas até a assistência às vítimas com o deslocamento de viaturas e equipes para onde não há ocorrências reais.
Quando a gente tem que sair para atender uma ocorrência falsa a outra pessoa fica sem atendimento e pode ter o quadro de saúde agravado e infelizmente vir a óbito
Embora o trote não seja, ainda, tipificado como crime, não quer dizer que não há possibilidade de punição, isso porque dependendo do conteúdo e das consequências da ligação, a pessoa pode ser responsabilizada criminalmente pelo ato irresponsável.
No caso das crianças, quem responde são os pais ou responsáveis e nos casos de adolescentes, dependendo da situação, eles podem cumprir medidas por atos infracionais.
De acordo com o Coordenador Do Samu Ricardo Alves Rapassi seis atendentes trabalham por plantão e com os trotes o atendimento a quem precisa fica prejudicado. “A gente trabalha com recurso limitado e quando a gente tem que sair para atender uma ocorrência falsa a outra pessoa fica sem atendimento e pode ter o quadro de saúde agravado e infelizmente vir a óbito”, detalhou.