Sábado, 04 de Maio de 2024


Reportagem Especial Quinta-feira, 02 de Novembro de 2023, 08:49 - A | A

Quinta-feira, 02 de Novembro de 2023, 08h:49 - A | A

Reportagem Especial

Luto repentino: O desafio da perda abrupta

Para amenizar a saudade, mãe tatua foto da filha que foi vítima de acidente de trânsito

Renata Silva
Especial para o Capital News

Acervo Pessoal

Luto repentino: O desafio da perda abrupta

“Eu acredito que a dor no coração de uma mãe nunca passa, a força quem te dá é Deus”. Enfatizou a mãe

Quando é do nada? A gente não tem como aceitar?

Olhar as fotos, ouvir os áudios e assistir aos vídeos da filha é o que faz Walquíria amenizar a saudade. Ela perdeu a filha de 22 anos de forma abrupta, num acidente de trânsito, a despedida não programada mudou de vez a rotina da corretora de imóveis. “Quando é de uma doença a gente aos poucos vai se despedindo, e quando é do nada? A gente não tem como aceitar?”, enfatiza com voz embargada.

Quatro meses se passaram e a corretora de imóveis Walquiria Cristina Lemes, de 46 anos, lembra a notícia que recebeu no dia 29 de junho deste ano. Era uma quinta feira e a secretária de 22 anos, Mirian Lemes Torquato, se preparava para mais um dia de trabalho, só não imaginava que seria o último a sair de casa com vida. No trajeto, uma atitude imprudente no trânsito mudaria de vez seus planos.

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Luto repentino: O desafio da perda abrupta

Miriam tinha 22 anos e foi vítima de acidente de trânsito

Um motorista desatento, que havia acabado de estacionar o veículo, abriu a porta do carro sem olhar no retrovisor para ver se passava alguém na rua. Neste exato momento, Mirian passou de moto, a atitude, não só fez a jovem se desequilibrar ao colidir com a porta, como ao cair e ser atropelada por um caminhão de carga que passava na hora.

Com o atropelamento a secretária morreu no local. Ela não teve a oportunidade de se despedir dos seus, de realizar um último desejo, de pedir perdão, de se perdoar de algo. Sua vida foi ceifada assim...De repente! E quantas pessoas passam por isso? E quantas famílias também não têm a chance de se despedirem dos seus? De abraçarem? De darem o último beijo, cheiro? Como lidar com isso?

"O filho que perde uma mãe é órfão. O marido, quando perde uma esposa é viúvo. Não tem uma palavra para definir a perda de um filho"

São tantas perguntas e quase nenhuma resposta. A Walquíria fala que a dor de uma mãe nunca passa, é um vazio para sempre. “O filho que perde uma mãe é órfão. O marido, quando perde uma esposa é viúvo. Não tem uma palavra para definir a perda de um filho, não tem na bíblia. Só Deus para nos dar forças”, desabafa.

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Luto repentino: O desafio da perda abrupta

A jovem ao fado da família

A mãe fala que a filha era uma menina sonhadora e com muita alegria de viver. Era doce, meiga, gentil e gostava de proteger a mãe e os sobrinhos. A jovem tinha dois pets que eram apaixonados por ela e era uma pessoa com muita fé em Deus, frisou a mãe.. “Minha filha era como um raio de sol no dia frio. Ela iluminava tudo”, enfatizou.

Ela iluminava tudo

Além da Mirian, Walquíria tem outros três filhos, dois casados e um atualmente mora com ela. Quatro meses se passaram desde a morte de Miriam, Walquiria ainda não voltou a rotina que tinha antes da morte da filha. Ela conta que atualmente faz tratamento psicológico e que toma medicamentos para dormir, no entanto para amenizar a saudade da filha, tatuou uma foto dela no braço. “Sinto que ela está bem perto de mim”, detalhou.

O luto é um é algo importante e precisa ser respeitado na vida

De acordo com a psicóloga Ana Flávia Weis, o luto é um processo vivenciado com a perda de entes queridos e que é algo importante e precisa ser respeitado na vida. Trata-se de uma reação emocional natural diante da perda de alguém ou de algo importante.

Acervo pessoal

Os perigos de ouvir áudio acelerado

Segundo a psicóloga Ana Flávia Weis, cada pessoa vivencia o luto de forma diferente, tudo depende da relação que a pessoa tinha com o ente que foi perdido e da forma que a pessoa tem de lidar com as emoções

Segundo a psicóloga, cada pessoa vivencia esse momento de forma diferente, tudo depende da relação que a pessoa tinha com o ente que foi perdido e da forma que a pessoa tem de lidar com as emoções. “Por isso é importante respeitar o processo de cada um sem fazer julgamentos”, pontua a psicóloga.

Uma das formas de lidar com o luto, sem que cause dor e sofrimento é falar da pessoa que se foi, lembrar dos momentos bons, dos momentos alegres vivenciados ao lado da pessoa. Essas medidas ajudam a aliviar a dor e a passar pelo luto de forma positiva, frisou a psicóloga.

Deurico/Arquivo Capital News

Foto ilustrativa de Finados, cemitérios, cemitério

Finados

O dia 02 de novembro é uma data lembrada como o dia de Finados, a especialista diz que a data deve ser respeitada, mas que cada um deve vivenciar esse momento de acordo com suas crenças e religiosidades. No entanto, essa data deve trazer à memória momentos felizes que vivemos ao lado de quem se foi, acrescenta a psicóloga.

Nesse dia 2 a família de Mirian decidiu ir ao cemitério para homenageá-la, mas ressaltou que esses últimos dias todos andam muito emotivos e que não vai ser um dia fácil. “Eu acredito que a dor no coração de uma mãe nunca passa, a força quem te dá é Deus”. Enfatiza.

Quando pergunto como ela se vê daqui um tempo, ela responde: vou tentar fazer as coisas que ela pedia para eu fazer. Não esmorecer na fé, porque sei que um dia estaremos juntas”, finaliza. 

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Luto repentino: O desafio da perda abrupta

Para amenizar a saudade da filha, Walquiria tatuou a foto dela no braço. “Sinto que ela está bem perto de mim”, detalhou

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A jovem ao fado da família

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