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Rural Terça-feira, 20 de Outubro de 2009, 16:04 - A | A

Terça-feira, 20 de Outubro de 2009, 16h:04 - A | A

Índios deixam fazendas, mas outro grupo ameaça nova ocupação; Famasul diz que acordo está mantido

Marcelo Eduardo - Redação Capital News (www.capitalnews.com.br)

Após decisão acordada na noite de ontem entre um grupo de índios terena e a Famasul (Federação de Agricultura de Mato Grosso do Sul), as equipes que ocupavam a s fazendas Cambará e 3R, em Sidrolândia, deixaram a localidade em troca da confirmação de que a entidade que representa os ruralistas arque com as despesas da ida à sede do TRF3 (Tribunal Regional Federal da 3ª Região), em São Paulo (SP). Todavia, um contingente de indígenas da mesma etnia, mas de outra aldeia ameaça ocupar as mesmas áreas.

“Encaminhei uma equipe até lá, mas, até agora, não obtive retorno. Não tem como confirmar que aquela área foi invadida. O que existe é uma informação que recebemos de que índios da aldeia Buriti estariam querendo invadir a mesma área desocupada pelos indígenas das aldeias Córrego do Meio e Lagoinha”, explica Ademar da Silva Junior, presidente da Famasul.

Mesmo se houver nova ocupação, o acordo de ontem está mantido, garante Ademar. “Não tem porque nós não cumprirmos. Como os indígenas que estiveram aqui [sede da Famasul] ontem cumpriram com o que foi acertado, nós também cumpriremos porque a resolução de tudo isso também nos interessa”, completa.

Acordo

Índios terena das aldeias Córrego do Meio, Lagoinha e Tereré (de Sidrolândia) e Água Azul, Olho d´Água e Recanto (de Dois Irmãos do Buriti) ocuparam duas fazendas na região, no dia 17. Ontem, um grupo de cerca de 70 deles foram à sede da Famasul, na Capital, para pedir, segundo eles, parceria junto à entidade para que façam juntos pressão na Justiça para a decisão sobre o conflito na região.

Ficou acordado que se, até as 10h de hoje, eles saíssem das fazendas, a Famasul iria disponibilizar ônibus para levá-los a São Paulo – onde fica o Tribunal Regional Federal da 3ª região, que deve responder pelas questões na área – e, ainda, iriam pressionar a Justiça também.


Os indígenas dessas aldeias saíram do local, inclusive, antes do prazo limite. Cumprindo, portanto, com sua parte no acordo. “Vamos sair rumo a São Paulo, provavelmente, ainda esta semana. Famasul e indígenas juntos”, diz Ademar da Silva Junior, ao Capital News, via telefone.

Conflito

Nesta região, área indígena Buriti, são oito aldeias (todas terena) que vivem na divisa entre os municípios de Dois Irmãos do buriti e Sidrolândia. A disputa está na Justiça há quase nove anos. Em primeira instância, o parecer foi contrário à causa indígena, porém, estudo antropológico (solicitado pela Justiça Federal) comprova que as terras reivindicadas são de origem indígena.

Hoje, os cerca de 3 mil terena [conhecido como índio agricultor, pela habilidade em lidar com a terra] de lá vivem em área de 2,4 mil hectares. Caso a Justiça acate a decisão apontada em pesquisas cientificas, a área aumentaria para 17,2 mil hectares.

Porém, desde 2006 (mesmo com os estudos), os processos judiciais ficaram parados no TRF3, após novo procedimento da Funai (Fundação Nacional do Índio) contrária à decisão de embargo do processo demarcatório feita pelo juiz federal Odilon de Oliveira.

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Por: Marcelo Eduardo – (www.capitalnews.com.br)

 

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