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Rural Segunda-feira, 19 de Outubro de 2009, 19:13 - A | A

Segunda-feira, 19 de Outubro de 2009, 19h:13 - A | A

Índios devem desocupar áreas e seguir viagem com a Famasul para SP

Redação Capital News (www.capitalnews.com.br)

Após quase quatro horas de discussão, os indígenas e representantes da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de MS) chegaram a um acordo. Cerca de 100 terenas da Terra Indígena Buriti, que compreende oito aldeias da região de Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti, buscavam apoio da entidade para cobrarem do TRF (Tribunal Regional Federal) uma resposta.

De acordo com um dos membros do Conselho Estadual dos Direitos Indígenas, Venício Jorge, amanhã eles vão levar aos seus “patrícios” o resultado da discussão desta segunda-feira e às 10 horas devem desocupar as fazendas, tendo a palavra da Famasul, que com a desocupação, a federação via locar um ônibus e viajar para São Paulo com os representantes das aldeias para pressionarem pessoalmente o tribunal. “Quando o Ministério Público Federal ou a Funai Consegue adiantar o processo, a Famasul entra com uma ação, entra com uma representação e embarga o processo. Com essa reunião a gente caminha em parceria”, afirma o indígena.

Com três propriedades ocupadas, eles tem que deixar a área na parte da manhã para prosseguirem viagem a noite. “Ficou acordado que se eles saírem a Famasul vai alugar um ônibus e vamos juntos cobrar em Brasília”, afirma o presidente da Famasul, Ademar da Silva Júnior.

Ademar considerou a conversa de hoje “interessante”. “Isso é uma situação inédita, pois foi a primeira vez que nós negociamos diretamente com eles. Se der certo na justiça, essa negociação vai ser um exemplo. Só esperamos que a justiça tome uma decisão.”

Decisão

A primeira decisão do tribunal foi contrária aos indígenas, mas após estudos realizados por doutores em antropologia da UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados), o caso voltou a ser analisado, mas até agora não teve resultado.

Atualmente cerca de três mil índios vivem em uma área de aproximadamente 2,5 mil hectares. Eles esperam aumentar essa terra para mais de 7 mil hectares.

Ocupação

No sábado, 17 de outubro, os indígenas ocuparam duas terras na região de Sidrolândia, as fazendas Bacará e 3R, que segundo eles foram habitadas por seus antepassados.

De acordo com Venício a informação de que eles teriam ocupado a fazendas de forma violenta é “inverídica”. “Entramos no sábado a tarde inclusive com o documento que garante a integridade dos bens. Nossa ação não é vandalismo é pacífica”, afirma.

Justificativa

A demora para que seja tomada uma decisão é o principal motivo para a ocupação das terras. Após a decisão em primeira instância, outras informações foram adicionadas ao processo e voltaram para o tribunal que até hoje não chegou a uma conclusão, criando esse conflito entre indígena e produtor.

Para um dos proprietários da fazenda 3R, que foi ocupada, essa demora também prejudica o produtor. “A fazenda foi invadida e quando perguntei para eles porquê, me responderam que é por causa da demora. Só que essa demora não é interesse para ninguém, índio ou não índio”, afirma Renato Bacha.
 

Por Reginaldo Rizzo e Marcelo Eduardo - (www.capitalnews.com.br)

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