Por que a gripe se propaga mais facilmente no inverno? A gripe humana causada pelo vírus Influenza se distribui de forma homogênea durante o ano nos trópicos, porém se torna um problema de saúde pública nos países de climatemperado com a chegada do inverno.
A cada ano, milhares de pessoas, especialmente os idosos, apresentam infecções graves, inclusive com casos fatais. Mas o que explicaria essa variação na ocorrência da infecção?
Cientistas da Escola de Medicina de Nova York (EUA) conseguiram demonstrar com experimentos de laboratório a relação entre o frio e a gripe.
As teorias que tentavam explicar a sazonalidade inicialmente apontavam para variações da imunidade por conta da temperatura ambiente favorecendo a disseminação da infecção.
Utilizando um modelo animal com porquinhos-da-índia os pesquisadores analisaram outros fatores e testaram várias combinações de temperatura e umidade relativa do ar. Foram medidos o tempo de duração da infecção e a eficiência de transmissão do vírus entre os animais.
Inicialmente os animais infectados foram submetidos a variações de temperatura entre 5 e 20 graus centígrados, os sintomas nos animais infectados não variaram de intensidade por causa da alteração de temperatura.
Porém, quando os porquinhos-da-índia foram colocados em ambientes com diferentes níveis de umidade relativa do ar, não só a manifestação dos sintomas variou inversamente com a umidade, como a eficiência de transmissão do vírus também se alterou.
As taxas de transmissão do vírus entre os animais foram maiores no ambiente de baixa umidade e o vírus permanecia mais tempo flutuando no ar sob a forma de aerossol nesses ambientes.
Se o vírus da gripe se transmite melhor nas baixas temperaturas e baixa umidade, como explicar a incidência de gripe nos trópicos?
Nas áreas tropicais o vírus em presença de maior umidade forma gotículas maiores e se deposita nas superfícies. Portanto, nessas regiões, a transmissão deve acontecer por contato direto entre as pessoas e menos por inalação do vírus disperso no ar.
A pesquisa está publicada na revista "PLoS Pathogens" de dezembro.