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Saúde Quarta-feira, 26 de Dezembro de 2007, 13:34 - A | A

Quarta-feira, 26 de Dezembro de 2007, 13h:34 - A | A

Vacina contra a Aids poderá ficar pronta em dois anos

Capital do Pantanal

Uma vacina capaz de proteger a população contra o vírus da Aids pode estar pronta e disponível no mercado daqui a dois ou três anos. O anúncio é de cientistas do Instituto Karolinska, da Suécia, uma das mais respeitadas instituições de pesquisa do mundo.

Os testes clínicos do produto - fruto de um estudo iniciado há sete anos - detectaram resposta imunológica contra o vírus HIV em 97% dos 40 voluntários inoculados testados.

A vacina agora está sendo testada em 60 voluntários na Tanzânia, e os primeiros testes sinalizam sucesso semelhante ao alcançado na Suécia.

- Os resultados das fases 1 e 2 dos testes têm sido extremamente promissores - disse a cientista Britta Wahren, responsável pelo projeto da vacina no instituto.

Durante os últimos 20 anos, cerca de 200 vacinas foram desenvolvidas em diferentes países, mas nenhuma conseguiu, até agora, obter resultados eficazes depois dos testes em larga escala com humanos. Em setembro, depois de falhas nos resultados preliminares, foram suspensos os testes conduzidos pelo laboratório Merck de uma vacina experimental que era considerada uma das mais avançadas. O estudo, realizado em nove países, incluindo o Brasil, mostrou que o produto não impedia a contaminação pelo HIV.

O diferencial da vacina sueca é que ela foi desenvolvida para atuar contra vários subtipos do vírus. A idéia é proteger as pessoas contra as variantes mais comuns em circulação na África e no Ocidente. Outro ponto importante é que a vacina é complementada por um segundo tipo de vacina, que aumenta a resposta imunológica do paciente. Esta segunda vacina contém um vírus vaccinia - usado para erradicar a varíola - modificado, e outros genes do vírus HIV.

No próximo ano, o estudo sueco entrará na chamada fase 2-B, com os testes clínicos em larga escala. Será uma fase crucial, com duração prevista de dois anos. A etapa final será a fase 3, que vai determinar o grau de proteção da vacina.

Juvêncio Furtado, da Sociedade Brasileira de Infectologia, conta que ao longo dos últimos anos foram testados dois tipos de vacina. Algumas para auxiliar o tratamento, usadas junto com terapia anti-retroviral. E outras com o intuito de prevenir a doença, como é o caso da sueca. Na última linha, há várias sendo ainda testadas no mundo, inclusive no Brasil.

- Essa vacina do Instituto Karolinska parece ter mais chances de dar certo. A grande dificuldade encontrada é imunizar o indivíduo contra todos os tipos de virus, e parece que esta nova pode ser capaz de fazer isso. Qualquer estudo em fase 2-B já tem boas perspectivas. Mas ainda é cedo para cantar vitória - pondera Furtado.

O médico explica que ainda é preciso checar se há efeitos colaterais e se a resposta imunológica é duradoura.

- De qualquer forma, é uma esperança para evitar os 15 mil novos casos que temos por ano no Brasil - acrescenta Furtado.

Segundo a Organização das Nações Unidas, a Aids já provocou mais de 20 milhões de mortes, e hoje cerca de 40 milhões de pessoas são portadoras do vírus HIV no mundo - 70% delas no continente africano. No Brasil, uma estimativa da Organização Mundial da Saúde feita no ano passado revela que cerca de 620 mil pessoas vivem com o HIV.

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