O PMDB decidiu desvincular as eleições para as presidências da Câmara e do Senado com o objetivo de evitar prejuízos à candidatura do deputado Michel Temer (PMDB-SP) à presidência da Câmara. PT e PMDB fecharam ontem à noite um acordo velado para garantir que os dois partidos elejam nomes para os comandos das duas Casas, embora os peemedebistas trabalhem nos bastidores para lançar um nome próprio do partido na corrida pelo comando do Senado.
O acordo informal foi selado depois que os senadores petistas lançaram ontem o nome do senador Tião Viana (PT-AC) à sucessão do presidente Garibaldi Alves (PMDB-RN), no Senado. A idéia é desvincular as eleições nas duas Casas para que Temer não se prejudique na corrida à sucessão de Arlindo Chinaglia (PT-SP) na Câmara --onde os petistas se comprometeram a aprovar o nome do peemedebista.
Como o PT reivindica a presidência do Senado, o PMDB teme que o lançamento de candidatura própria na disputa prejudique a eleição de Temer na Câmara --com o eventual recuo dos petistas no apoio ao PMDB.
No momento em que os senadores do PT lançavam o nome de Viana para a presidência do Senado, em jantar no apartamento do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), a maior parte dos deputados da base de apoio do governo se reunia em outro local para defender uma aliança em favor de Temer.
A Folha Online apurou que o acerto foi feito de forma discreta para não incomodar o ex-presidente do Senado e ex-líder do PMDB na Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), um dos articuladores da candidatura própria peemedebista no Senado. Renan tem severas restrições a Tião --desde que o petista assumiu temporariamente o controle do Senado no período em que o peemedebista era acusado de utilizar recursos de uma empreiteira para pagar despesas pessoais.
Nos bastidores, Renan articula o nome do ex-presidente da República e senador José Sarney (PMDB-AP) para ocupar o lugar de Garibaldi. Oficialmente, Sarney nega seu interesse. Interlocutores peemedebistas afirmam que o senador do PMDB chegou a dizer claramente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que não quer a presidência do Senado.
Lula, porém, disse a aliados que Sarney seria um nome capaz de unir PT e PMDB no comando do Senado para unir a base aliada em torno de um único candidato. DEM e PSDB sinalizaram estar dispostos a apoiar Sarney para evitar que o PT fique com o comando do Senado.
Peemedebistas que acompanham o processo eleitoral no Congresso afirmam que Sarney gostaria de ocupar a presidência do Senado desde que não tivesse de enfrentar disputa com outros nomes da Casa. De acordo com parlamentares, o objetivo de Sarney é ser lançado como unanimidade, e não mais uma opção do partido para pacificar a Casa.
Ao mesmo tempo, lideranças peemedebistas asseguraram a Temer que não vão apoiar declaradamente a candidatura própria no Senado, que poderia trazer prejuízos ao seu nome na Câmara. A estratégia do PMDB, segundo líderes do partido, será articular a candidatura própria no Senado, nos bastidores, em prol de Temer, mas sem deixar as articulações pela candidatura própria na Casa Legislativa. (Fonte: Folha Online)
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