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Meio Ambiente Terça-feira, 27 de Novembro de 2012, 15:23 - A | A

Terça-feira, 27 de Novembro de 2012, 15h:23 - A | A

Catadores recusam empregos e dizem ganhar mais do que a usina de reciclagem promete pagar

Fernanda Kintschner - Capital News (www.capitalnews.com.br)

A representante da cooperativa de catadores de recicláveis Cataforte, Cleonice Oliveira, esteve na manhã desta terça-feira (27) na Câmara Municipal, a convite do vereador Athayde Nery, para expor os problemas enfrentados pelos catadores de material reciclável de Campo Grande com o fechamento do Lixão Dom Antônio Barbosa, previsto para dezembro.

Em texto lido pela representante, os catadores afirmam que a prefeitura não respeita o direito que eles têm de no processo de reciclagem visto que há muitos anos trabalham no lixão e reivindicam uma participação maior na divisão dos lucros advindos da reciclagem.

Eles explicam que a usina de reciclagem que está em construção pela prefeitura em parceria com a Solurb, empresa que ficará responsável pela destinação dos resíduos sólidos da capital pelos próximos 25 anos, a ser entregue em dezembro, promete contratar os catadores como funcionários.

Porém, os catadores reivindicam a criação de uma cooperativa em que o lucro da reciclagem seja dividida entre eles e não que os mesmos tenham um salário fixo, que seria um pouco mais de um salário mínimo.

“Esse negócio de usina de reciclagem que a prefeitura está propondo não existe. Não somos máquinas. As pessoas não podem mais ser exploradas, nem devem atropelar nossos direitos”, disse Cleonice que ainda diz que a pressa de sair do lixão é também dos catadores, mas que seja de lá para uma nova cooperativa. Ela alega que a renda deles hoje na Cataforte varia em torno de quase R$ 3 mil.

Para o vice-presidente da Associação dos Catadores do Lixão, Sérgio Souza, conhecido como Gauchinho, a usina prometida não terá capacidade de abrigar a todos os catadores do lixão. Ele também afirma que a prefeitura não está dando conta de capacitar todos os catadores e nem de adequar o local para o trabalho até dezembro.

“Eles também nos ofereceram salários de até R$ 1.200,00, pra trabalhar nos setores da limpeza pública com a Solurb, mas a gente pode ganhar muito mais que isso sendo catador ou também montando uma cooperativa para nós. Ganhamos em média R$ 100 por dia e trabalhamos quase todo dia” explicou Gauchinho afirmando também que a Solurb já vai ganhar muito dinheiro pelos anos de contrato.

De acordo com o edital, a prefeitura irá pagar R$ 1,3 bilhão para a empresa ao longo de todo o contrato, pela prestação dos serviços por todo o ciclo da coleta, transporte e destinação do lixo e resíduos da saúde até o gerenciamento do aterro sanitário, varrição e limpeza da cidade, incluindo ruas de feiras (onde também será feita a desinfecção), manutenção de bocas de lobo, capina em praças, logradouros públicos e pintura de meio fio.

O Projeto Cataforte é uma parceria entre a Fundação do Banco do Brasil e a Secretaria nacional de Economia solidário do Ministério do Trabalho e Emprego e envolve a capacitação de 10.600 catadores em 17 Estados e no Distrito Federal.

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