Campo Grande 00:00:00 Segunda-feira, 23 de Dezembro de 2024


Bem-Estar Sexta-feira, 15 de Novembro de 2019, 14:30 - A | A

Sexta-feira, 15 de Novembro de 2019, 14h:30 - A | A

Coluna Bem-Estar

Adidas é a marca de roupas que mais combate o trabalho escravo, diz ONG

Por Pérola Cattini

Da coluna Bem-Estar
Artigo de responsabilidade do autor

Setor de vestuário, contudo, ainda apresenta notas insatisfatórias

Divulgação

ColunaMarcoEusébio

Dona de tênis icônicos como adidas Ultra Boost, Superstar, Originals e Advantage, a empresa alemã de artigos esportivos é a que mais combate o trabalho escravo no setor de vestuário, de acordo com relatório produzido pela organização não governamental KnowTheChain. De um total de 100 pontos possíveis, a adidas ficou com 92. Nike e Puma conseguiram, respectivamente, a pontuação de 63 e 61.

O bom resultado da companhia é fruto de um trabalho perene em algumas regiões como a Ásia. Há um cuidado especial na contratação de pessoal e proteção a imigrantes, fatores que contribuem para a alta pontuação. A marca também proíbe a subcontratação de outros prestadores por empresas que prestam serviço para a adidas. As medidas também foram fruto de uma forte pressão da opinião pública, depois de décadas de descaso e uso irregular de mão de obra pelo setor.

Marcas de fast fashion também tiveram um bom desempenho: Gap e Banana Republic obtiveram a terceira melhor nota do ranking (75), enquanto a inglesa Primark tirou 72 e a sueca H&M, 65. Essas empresas, segundo o relatório, lutam pelo fim do trabalho escravo por meio de treinamentos, mas ainda precisam aprimorar a cadeia de produção, desde a matéria-prima.

Os piores índices ficaram com grifes de luxo, embora também haja bons resultados. A Burberry tirou 52, a  Ralph Lauren, 58, e a Kering, 45. A Prada, de acordo com o relatório, ficou com apenas 5 pontos; a Hermés com 17; o grupo LVMH, 14; e a Salvatore Ferragamo, 13. Os salários indignos e as jornadas forçadas de trabalho, infelizmente, ainda são uma realidade para o setor. A média das 43 marcas pesquisadas ficou em apenas 37, o que revela o quanto o mercado ainda precisa amadurecer.

Uma pesquisa da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Fundação Walk Free, em parceria com a Organização Internacional para as Migrações (OIM), mostra que, em 2016, cerca de 40 milhões de pessoas foram vítimas da escravidão moderna, sendo que 71% eram mulheres e meninas. No mesmo ano, segundo a OIT, cerca de 152 milhões de crianças entre 5 e 17 anos foram submetidas ao trabalho infantil no mesmo ano.

Já no Brasil, entre 1995 e 2015, foram libertados 49.816 trabalhadores que estavam em situação análoga à escravidão no país. 95% dos trabalhadores libertados são homens, 83% têm entre 18 e 44 anos de idade e 33% são analfabetos. Além disso, os dez municípios com maior número de casos de trabalho escravo no Brasil estão na Amazônia, sendo oito deles no Pará.

Comente esta notícia


Reportagem Especial LEIA MAIS