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Bem-Estar Terça-feira, 12 de Outubro de 2021, 12:13 - A | A

Terça-feira, 12 de Outubro de 2021, 12h:13 - A | A

Coluna Bem-Estar

Número de transplantes caiu consideravelmente em 2020

Por Pérola Cattini

Da coluna Bem-Estar
Artigo de responsabilidade do autor

Avanço da pandemia fez com que pacientes perdessem sua qualidade de doadores

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ColunaBem-Estar

A pandemia de COVID-19 fez com que os números de doadores de órgãos diminuíssem consideravelmente. Em 2020, foram realizadas pouco mais de 13 mil cirurgias de transplantes – quase dez mil a menos do que o mesmo período em 2019. A baixa resultou no crescimento da fila de espera por órgãos (hoje, mais de 46 mil pessoas aguardam pela cirurgia) e tem preocupado especialistas e centros responsáveis.

Como é sabido, entre todas as áreas afetadas, a rotina hospitalar foi a que mais sofreu com a pandemia. Além da suspensão de alguns atendimentos, o número de casos e óbitos afetou intensamente não só a vida de quem espera na fila de transplantes, mas também a de quem havia sinalizado interesse em doar órgãos. Por se tratar de uma cirurgia mais delicada que a maioria dos demais procedimentos (uma vez que, para sua realização, é necessário que a imunidade do paciente seja baixada de forma induzida, a fim de evitar possíveis reações ou rejeições da parte do receptor), o número de doadores caiu consideravelmente. Mesmo com a alta no número de óbitos, pacientes vítimas de COVID-19 perderam sua qualidade de doadores, uma vez que o vírus segue presente – e em atividade por algum tempo – no corpo das vítimas, mesmo depois do seu falecimento. Além disso, a ocupação da maioria dos leitos de UTI foi destinada ao tratamento da doença, o que também colaborou para a baixa na realização de transplantes.

Em pacientes que foram a óbito por outra causa, para identificar possíveis problemas ou alterações que os impedissem de realizar a doação de órgãos, profissionais da área de medicina nuclear (como alunos graduados no curso de radiologia) são responsáveis por fazer exames de imagem, que podem auxiliar no processo pré-cirúrgico. O acompanhamento dos pacientes e doadores é realmente delicado e cuidadoso. Estima-se que, com o avanço da vacinação e a queda no número de vítimas da pandemia, aos poucos, o cenário melhore e o número de doação de órgãos volte a subir.

Apesar do cenário preocupante, como há um número positivo de captação de doadores, a projeção é de que, com o passar do tempo (e a queda na letalidade, decorrente da COVID-19), os procedimentos voltem a ser realizados e que haja um desafogamento, tanto nas filas, quanto no Sistema Único de Saúde. O Ministério da Saúde também prevê promover ações de conscientização sobre a importância da doação de órgãos. Pacientes vítimas de morte cerebral têm potencial de até 60% de chance de realizar o transplante de seus órgãos saudáveis. A ideia é incentivar que a realização do procedimento seja feita e que um número maior de vidas sejam salvas.

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