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Educação e Carreira Domingo, 20 de Julho de 2025, 16:47 - A | A

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Coluna Educação e Carreira

Desafios e caminhos para a inclusão plena na educação

Por Thais Hott

Da coluna Educação e Carreira
Artigo de responsabilidade do autor

A inclusão plena vai além da matrícula; envolve preparo, recursos e um ambiente escolar que respeite a diversidade

FG Trade/iStock

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Promover a inclusão plena de todos os alunos em escolas do Brasil ainda continua sendo um desafio para muitas redes de ensino. Apesar de avanços legais, como a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) e a obrigatoriedade de escolhas públicas e privadas aceitarem alunos com deficiência, transtornos de aprendizagem e necessidades específicas, a prática cotidiana ainda esbarra em barreiras estruturais, falta de formação docente e preconceitos muitas vezes silenciosos.

Mesmo assim, dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) mostram que, em cinco anos, houve um crescimento de 41,6%, o número de matrículas saltou de 1,25 milhão em 2019 para 1,77 milhão em 2023. Para efeito de comparação, em 2010, havia cerca de 702 mil matrículas na educação especial. “Do ponto de vista social, o aumento das matrículas representa uma ampliação da confiança das famílias das pessoas com deficiência na educação inclusiva, e isso é muito importante para construir as políticas adequadas”, analisa André Lázaro, diretor de Políticas Públicas da Fundação Santillana em entrevista para o portal Diversa.

Entretanto, garantir a inclusão plena vai além de abrir vagas ou matricular alunos com deficiência em salas regulares, é preciso criar condições reais para que todos aprendam, convivam e participem efetivamente da vida escolar. Para isso, algumas medidas são fundamentais para assegurar um ambiente realmente inclusivo, como:

Formação continuada de professores

Investir em cursos, oficinas e capacitações que apresentem práticas pedagógicas adaptadas e estratégias para atender os diferentes perfis de estudantes é uma das principais estratégias. Cursos online gratuitos e parcerias com organizações especializadas podem oferecer treinamentos sobre inclusão e educação especial, preparando professores para identificar as necessidades de cada criança e ajustar suas metodologias.

Acessibilidade física e pedagógica

A acessibilidade é uma base fundamental para que alunos com deficiência possam frequentar e aproveitar plenamente o ambiente escolar. Rampas, corrimãos, banheiros adaptados, sinalizações táteis e em braile são exemplos de recursos estruturais indispensáveis. No campo pedagógico, materiais adaptados, livros em formatos acessíveis e recursos multimídia legendados ampliam as possibilidades de participação de todos.

Diálogo com as famílias

O contato próximo entre professores, equipe pedagógica e responsáveis ajuda a entender melhor as particularidades de cada aluno e a construir soluções conjuntas. Reuniões periódicas, canais de comunicação abertos, escuta ativa e espaços para que pais ou responsáveis opinem e participem de decisões são algumas práticas possíveis. Assim, a escola não atua isolada, mas em parceria com quem convive mais de perto com a criança ou adolescente.

Projetos de conscientização

Campanhas de sensibilização, rodas de conversa, palestras, semanas temáticas e atividades culturais são ações que estimulam a empatia, valorizam as diferenças e promovem o respeito à diversidade entre alunos, professores e comunidade. Além disso, incluir no currículo temas como direitos humanos e cidadania reforça que a inclusão não é um favor, mas um direito garantido a todos.

Para muitos educadores, criar um ambiente de pertencimento é tão importante quanto oferecer recursos materiais. Em entrevista ao Podcast Porvir, a jornalista e fundadora da ONG Escola de Gente afirmou que “Não basta ter a lei, é preciso capacitar toda a comunidade escolar para que saiba acolher e ensinar de forma inclusiva”.

Embora o avanço nas matrículas mostre sinais positivos, para garantir qualidade, permanência e sucesso escolar para todos ainda é preciso depender de políticas públicas estruturadas, engajamento coletivo e uma gestão escolar comprometida, capaz de atuar de forma integrada, garantindo recursos financeiros, formação de equipes, supervisão de práticas pedagógicas e avaliação constante dos resultados.

No fim das contas, a inclusão plena é um direito assegurado por lei e condição essencial para que cada criança e adolescente tenha oportunidades reais de aprender, conviver e construir um futuro com mais autonomia e cidadania.

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