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Luis Fernando Buainain Sexta-feira, 12 de Junho de 2009, 17:01 - A | A

Sexta-feira, 12 de Junho de 2009, 17h:01 - A | A

Margem de Lucros da Distribuição Farmacêutica, como solucionar?

Luiz Fernando Buainain presidente Abafarma

Margem de Lucros da Distribuição Farmacêutica, como solucionar?

Uma crise financeira tende a, num primeiro momento, não abalar o setor farmacêutico, já que o medicamento é um bem para a recuperação da saúde, não tendo reflexos de demanda em função de preços promocionais ou compra por impulso. No entanto, quando a crise se dissemina e aflige vários segmentos da economia mundial, torna-se praticamente impossível não sentir os sintomas da turbulência. E as empresas atuantes no atacado, que movimentam em torno de R$ 16 bilhões ao ano, sofreram uma queda na sua rentabilidade, já que os custos do varejo e da indústria registraram alta considerável.

Em toda esta cadeia que envolve o setor de medicamentos, chama a atenção a situação das distribuidoras. O segmento enfrenta a dificuldade da pequena margem de lucro, resultante da redução de descontos praticados anteriormente pela indústria. Com restrição no crédito e prazos de pagamento engessados, estas margens minguaram ainda mais. Porém, a crise econômica apenas agravou um quadro que já vem sendo debatido há muito tempo pelos distribuidores. São várias as dificuldades que o atacado enfrenta e que afetam diretamente o consumidor.

Falta de segurança no transporte, falsificação de remédios, precariedade da malha viária brasileira e aumento da carga tributária são fatores que dificultam a margem de lucro, mas que podem ser solucionados com ações estrategicamente pensadas para melhorar a distribuição de medicamentos no País.

No que diz respeito a segurança, a Abafarma - Associação Brasileira do Atacado Farmacêutico, em parceria com a Anvisa, trabalha para a implantação do Sistema Nacional de Rastreabilidade dos Medicamentos. O procedimento permitirá identificar se o produto tem origem em contrabando, é falsificado ou roubado, diminuindo os erros e os riscos para atacado, varejo e consumidor.

A melhoria da malha viária, além de contribuir para a logística do setor, também teria impacto direto na segurança do transporte de medicamentos. Para evitar a alta incidência de roubos seria ainda necessário um maior intercâmbio de informações entre os Estados, para facilitar o acompanhamento da movimentação de cargas.

Este intercâmbio transcende a questão da segurança. A troca de informações com entidades da indústria, do comércio e universidades pode proporcionar um avanço nas atividades da cadeia de distribuição. A tecnologia é outro fator que pode aprimorar todo o processo realizado pelas distribuidoras. O e-commerce, por exemplo, otimiza a rotina operacional, possibilitando um maior controle sobre emissão e trânsito de notas fiscais e avisos de embarque de cargas.

Por fim, a recomposição das margens de lucro e prazos a serem ajustados pelas indústrias aos distribuidores e a redução da carga tributária seriam as principais ações que auxiliariam na sustentabilidade das distribuidoras e também trariam benefícios para todos os envolvidos, principalmente para os consumidores. O setor farmacêutico sofre com a elevada taxa tributária de 38% sobre o PIB. Recentemente, o governo anunciou a redução de IPI para a linha branca. Por que não aplicar a mesma medida para produtos que são indispensáveis para a vida do consumidor? A redução de IPI ou a isenção de imposto sobre medicamentos torna-se necessária diante das altas taxas cobradas do setor farmacêutico.

Como visto, são vários os obstáculos. Mas as soluções estão aos nossos olhos e são pautadas pela melhoria de todo o processo que envolve a dinâmica do setor. Com amparo dos órgãos públicos e da iniciativa de entidades do varejo, atacado e indústria, o setor farmacêutico brasileiro poderá caminhar para um melhor desenvolvimento. A população agradece.

Luiz Fernando Buainain é presidente da Abafarma - Associação Brasileira do Atacado Farmacêutico

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