Margen de lucro da distribuição farmacêutica. Como Solucionar?
Em toda esta cadeia que envolve o setor de medicamentos, chama a atenção a situação das distribuidoras. O segmento enfrenta a dificuldade da pequena margem de lucro, resultante da redução de descontos praticados anteriormente pela indústria. Com restrição no crédito e prazos de pagamento engessados, estas margens minguaram ainda mais. Porém, a crise econômica apenas agravou um quadro que já vem sendo debatido há muito tempo pelos distribuidores. São várias as dificuldades que o atacado enfrenta e que afetam diretamente o consumidor.
Falta de segurança no transporte, falsificação de remédios, precariedade da malha viária brasileira e aumento da carga tributária são fatores que dificultam a margem de lucro, mas que podem ser solucionados com ações estrategicamente pensadas para melhorar a distribuição de medicamentos no País.
No que diz respeito a segurança, a Abafarma - Associação Brasileira do Atacado Farmacêutico, em parceria com a Anvisa, trabalha para a implantação do Sistema Nacional de Rastreabilidade dos Medicamentos. O procedimento permitirá identificar se o produto tem origem em contrabando, é falsificado ou roubado, diminuindo os erros e os riscos para atacado, varejo e consumidor.
A melhoria da malha viária, além de contribuir para a logística do setor, também teria impacto direto na segurança do transporte de medicamentos. Para evitar a alta incidência de roubos seria ainda necessário um maior intercâmbio de informações entre os Estados, para facilitar o acompanhamento da movimentação de cargas.
Este intercâmbio transcende a questão da segurança. A troca de informações com entidades da indústria, do comércio e universidades pode proporcionar um avanço nas atividades da cadeia de distribuição. A tecnologia é outro fator que pode aprimorar todo o processo realizado pelas distribuidoras. O e-commerce, por exemplo, otimiza a rotina operacional, possibilitando um maior controle sobre emissão e trânsito de notas fiscais e avisos de embarque de cargas.
Por fim, a redução da carga tributária seria uma das principais ações que auxiliaria na recomposição da margem de lucro das distribuidoras e também traria benefícios para todos os envolvidos, principalmente para os consumidores. O setor farmacêutico sofre com a elevada taxa tributária de 38% sobre o PIB. Recentemente, o governo anunciou a redução de IPI para a linha branca. Por que não aplicar a mesma medida para produtos que são indispensáveis para a vida do consumidor? A redução de IPI ou a isenção de imposto sobre medicamentos torna-se necessária diante das altas taxas cobradas do setor farmacêutico.
Como visto, são vários os obstáculos. Mas as soluções estão aos nossos olhos e são pautadas pela melhoria de todo o processo que envolve a dinâmica do setor. Com amparo dos órgãos públicos e da iniciativa de entidades do varejo, atacado e indústria, o setor farmacêutico brasileiro poderá caminhar para um melhor desenvolvimento. A população agradece.
Por: Luiz Fernando Buainain é presidente da Abafarma - Associação Brasileira do Atacado Farmacêutico