Projeto da startup estadunidense Boom deve levantar voo em 2020 e ter aeronave pronta daqui a quatro anos
A startup estadunidense Boom Supersonic tem um sonho ambicioso: transformar viagens de aviões supersônicos reais. A ideia da empresa é construir uma aeronave de passageiros capaz de voar a 2,7 mil km/h (Mach 2.2). Com essa velocidade, uma viagem de Roma a Pequim duraria quatro horas -- e não as oito atuais, e um voo entre Nova York e Paris levaria cerca de três horas.
Os desafios técnicos, no entanto, abundam sobre todo o processo de engenharia da produção da aeronave. O Concorde, último avião supersônico a levantar voo no mundo, permanece um produto prejudicado pelos altos custos por assento e pela disponibilidade limitada de viagens por causa da poluição sonora. A Boom, no entanto, mantém o discurso de que pode tornar as viagens nesse tipo de avião mais baratas: ainda assim, os bilhetes só seriam comprados por pessoas ricas, já que custariam cerca de US$ 5 mil (R$ 20 mil).
O Concorde teve seu prestígio emprestado pelos dois países que fizeram o projeto acontecer: a estadunidense Boeing e a francesa Airbus. A Boom está apostando agora que pode superar a tecnologia das duas gigantes da aviação mundial por meio do sistema da Stratasys, uma empresa de fabricação de componentes industriais por meio de impressão 3D. A ideia é que o Overture, o primeiro modelo supersônico da Boom, tenha parte de suas peças impressas pelo sistema Stratasys F900 Fortus. A startup já usa o Fortus para fazer partes do XB01, o projeto-piloto do Overture cuja escala é de um terço do tamanho original -- e que deve levantar voo ainda neste ano.
"Sendo capaz de imprimir partes fundamentais e componentes ao invés de comprá-los de fornecedores permite que a gente crie peças customizadas, aumentando a velocidade da engenharia e da manufatura e foque em construir uma aeronave que satisfaça nossa ideia original", disse Mike Jagemann, head da Boom para o XB-1, ao site 3D Print.
"Durante os três primeiros anos de nossa parceria, nós imprimimos mais de 300 peças em 3D, economizando centenas de horas de jornadas de trabalho e permitindo uma interação rápida entre os ciclos de design, por exemplo", completou.
Depois do XB-1, a Stratasys espera que as peças impressas em 3D sejam parte do supersônico Overture. "Construir uma aeronave que pode viajar de forma segura e eficiente no Mach 2.2 requer uma nova abordagem aos processos de manufatura. Agora estamos prontos para ir além -- para produção poderosa, durável e eficiente de partes aeronáuticas", finalizou o presidente da Stratasys, Rich Garrity.