De suecos a etíopes, de iranianos a australianos -- há festivais, comidas e músicas de todos os cantos do mundo no país
Quase qualquer cidade dos Estados Unidos possui uma Chinatown, mas poucas podem se orgulhar de ter uma "Little Persia" ou uma Greektown". O país que foi construído pelos migrantes ao longo dos séculos tem, como consequência, comunidades estrangeiras espalhadas por quase todos os seus estados.
Segundo o sociólogo holandês Jan Rath, o fenômeno dos bairros “étnicos” é recente e faz parte tanto da expansão dos transportes -- passagens de avião para mais destinos e por valores mais baratos e construções de estradas e ferrovias -- como da circulação de imagens das cidades pelo mundo pelo mercado turístico.
De fato, em 1880, quando Nova York abriu sua Chinatown, a região era delimitada como quarteirões próprios aos asiáticos por sua "percebida diferença". Os nova iorquinos não costumavam frequentar o bairro porque os jornais diziam que ele era perigoso.
Hoje, no entanto, a Chinatown é um símbolo da diversidade cultural e objeto de orgulho cívico da metrópole estadunidense. A seguir, mostramos alguns bairros e cidades que contam histórias da migração aos EUA.
Andersonville, Chicago
Bandeiras suecas dão o tom das ruas de Andersonville, um bairro sueco autêntico próximo ao Lago Michigan, em Chicago, uma das grandes metrópoles dos EUA. Fundado por imigrantes do país europeu em 1850, é conhecido por possuir a maior concentração de cidadãos suecos dos Estados Unidos. O núcleo da região é a Clark Street, onde se encontram padarias, restaurantes e cafés suecos, além do famoso Swedish American Museum of Chicago -- cuja cerimônia de inauguração teve a presença do Rei Carlos XVI -- e de um dos festivais mais populares da cidade: o Midsommarfest.
Fredericksburg, Texas
Fredericksburg é uma pequena cidade texana nomeada assim depois do período do príncipe Frederick à frente da antiga Prússia. É um poucos locais nos EUA em que a primeira língua fala nas ruas era o alemão até a Segunda Guerra Mundial. Hoje, ainda há quem fale o "alemão texano", um dialeto que começou quando os moradores germânicos que fundaram a cidade, em 1846, se recusaram a aprender o inglês. Os pontos mais conhecidos são a Vereins Kirche, uma igreja típica prussiana que hoje foi transformada em museu, assim como restaurantes, padaria e empresas sediadas ali e que vendem produtos alemães para todo o país.
Greektown, Baltimore
Antigamente conhecida como "A Montanha", a vizinhança de Greektown, em Baltimore, recebeu este nome apenas na década de 1980. Como já diz o nome, é um bairro tipicamente grego e, por isso, oferece tudo o que remete à cultura do país europeu: restaurantes e eventos como o Greek Folk Festival, uma celebração de quatro dias que toma conta de todos os quarteirões.
Solvang, Califórnia
Apenas 209 km de Los Angeles, um mundo à parte surge: um vilarejo fundado há um século por um grupo de professores migrantes dinamarqueses que até hoje possui uma população de 6 mil pessoas. Desde a fundação, os nórdicos chamavam o local de "Lugar Ensolarado". Todos os clichês dinamarqueses estão bem representados em forma de moinhos de vento: ali, há cinco padarias da Dinamarca, uma réplica da estátua da Pequena Sereia de Copenhague, uma cópia da Torre Rundetaarn, cartão-postal da capital dinamarquesa, e um busto do escritor Hans Christian Andersen.
Little Australia, Nova York
Possivelmente apenas os australianos chamam a região de Nolita assim, mas recentemente surgiu um bairro dentro dela conhecido como Little Australia que aproximou a comunidade do país oceânico na Big Apple. O coração do local é a Mulberry Street, onde as bandeiras australianas precedem restaurantes, docerias, cafés, butiques especializadas e o B-Space, um auto-proclamado "centro da criativa cultura australiana em Nova York".
India Square, Nova Jersey
Também conhecida como Little India ou Little Bombay, a India Square, em Nova Jersey, tem uma das maiores concentrações de indianos asiáticos do Ocidente (mais de 13 mil, de acordo com o último censo, o que corresponde a 11% da população da Jersey City). Como todas as outras regiões apontadas nesta lista, há restaurantes, lojas e estabelecimentos que rodeiam a Newark Avenue, que termina na praça. Uma vez por ano há o festival Holi e a celebração conhecida como Navratri.
Persian Square, Los Angeles
Persia Square, também conhecida como Little Persia ou “Tehrangeles”, apareceu em Los Angeles depois da Revolução Iraniana, em 1979, e hoje possui a maior comunidade iraniana fora do país do Oriente Médio. Por isso, cresceram ali lojas, restaurantes tradicionais, sorveterias típicas e padarias que vendem fusões de pratos, como a pizza persa ou os famosos kebabs.
Little Ethiopia, Washington
A capital estadunidense também é a casa da maior comunidade etíope fora do país africano: segundo a administração municipal, 200 mil cidadãos da Etiópia vivem ali. Consequentemente, vários negócios funcionam na região -- recentemente, o jornal Washington Post fez uma reportagem mostrando que há uma lista telefônica apenas para as empresas e pequenos estabelecimentos tocados por migrantes etíopes.