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Reportagem Especial Sexta-feira, 17 de Julho de 2009, 14:00 - A | A

Sexta-feira, 17 de Julho de 2009, 14h:00 - A | A

Boa viagem, Alex!

Fonte: Marcelo Eduardo - Redação Capital News (www.capitalnews.com.br)

O leão Alex - que havia sido retirado de um circo por maus tratos - deixou esta sexta-feira, 17 de julho, o Cras (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres) de Campo Grande rumo ao Rancho dos Gnomos, em Cotia (SP). Aproximadamente 980 quilômetros e 20 horas de estrada separam Alex de uma nova vida. O animal foi retirado da jaula e deve descansar sob sombra e, no final da tarde, segue viagem. Esta deve ser a última vez que o animal, acostumado em seguir por diversas regiões do país, encara as rodovias.

Alex pesa aproximadamente 250 quilos, o normal para a espécie. A saúde do animal é considerada boa em comparação ao estado em que foi encontrado em um circo que excursionava por São Gabriel do Oeste. “Em termos de escore corporal podemos dizer que ele está bem. Ele ganhou peso. Alimentávamos ele com seis quilos de carne por dia. Agora, já são quatro quilos, intercalados entre carne de boi e de frango. Não tínhamos histórico da saúde dele. Em primeira análise, ele chegou um pouco estressado. Mas, logo se acalmou”, explica o veterinário do Cras, Álvaro Cavalcante.

Há sinais claros de que Alex era torturado, diz o veterinário. “As presas [dentes] foram tiveram as pontas serradas e as unhas arrancadas. Ele manca muito. Isso é uma coisa que marcou, que é evidente. Provavelmente, é um reflexo das unhas retiradas irregularmente”, afirma Cavalcante.

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Foto: Deurico/Capital News

Nova casa

Como vizinhos, Alex terá treze leões, uma onça parda e um tigre. Ao todo, 400 animais vivem na ONG (Organização Não Governamental) Rancho dos Gnomos Santuário, criado há 18 anos. São 35 mil metros quadrados de área.

“Nosso foco é receber animais vítimas de circo, que tenham histórico de sofrerem crueldade”, explica Marcos Pompeu, que fundou o Rancho dos Gnomos junto com a esposa Silvia Pompeu, há quase duas décadas. “Não temos formação acadêmica na área, mas, sabíamos que tínhamos que fazer alguma coisa para acabar com os maus tratos que víamos. O Marcos era funcionário público e eu era do jornalismo, mas vimos que tínhamos que fazer algo e fizemos”, conta Silvia.

Mil metros quadrados serão destinados no novo lar exclusivamente a Alex. A ida dele para o Rancho foi devido a parceria com a empresa de cosméticos paulista Surya Brasil. A proprietária Clélia Angelon disse que “Alex é um ‘filhinho’ que nós adotamos”. Com “filhinho” de 250 quilos deve ser gasto cerca de R$ 100 mil somente no transporte entre hoje e amanhã. “Ainda não fizemos estimativas dos custos mensais, mas vamos arcar com tudo”, esclarece Clélia sobre a alimentação e diversos outros custos para a adequada permanência de Alex no Rancho.

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Foto: Deurico/Capital News

“A burocracia é demais”

Para o promotor de Justiça de São Gabriel do Oeste Alexandre Magno Lacerda, houve muita demora na solução do caso de Alex. “Faço a comparação com outros casos que ocorrem no Brasil. Desde o começo não tinha lugar adequado para receber. O Cras recebeu após muito tempo. Agora, finalmente, com os esforços de pessoas bem intencionadas, vamos resolver o caso. Mas, até mesmo com o Ibama de São Paulo teve demora. Perguntei, como que vai ser então? Vou ter que ir aí [São Paulo] e simplesmente deixar o leão na frente de vocês? A burocracia é demais. Mas, estou satisfeito agora, como promotor e como ser humano.”

Histórico

Alex era chamado de Maradona e foi encontrado em um circo de Rondônia que fazia excursão por São Gabriel do Oeste. Apontado como autor de maus tratos, o dono do circo perdeu a guarda do animal, aliás, a Justiça investiga se a documentação por ele apresentada realmente condiz com a realidade de que ele era proprietário.

“A própria documentação apresentada pelo proprietário do circo desmente o que ele afirma, que o animal estava com a família há oito anos, desde que nasceu. Mas, o animal é mais velho que isso”, diz o promotor Lacerda. Segundo o veterinário do Cras, Álvaro Cavalcante, Alex aparenta ter em torno de 18 anos.

Alex não retorna para a floresta, como nos desenhos animados, mas, deve voltar a ter uma vida melhor do que a de um animal enjaulado.

Fonte: Marcelo Eduardo - Redação Capital News
 

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