Valter Pereira fica, mas rompe oficialmente com André: \"O PMDB é maior que certos dirigentes\"

Marcelo Eduardo - Capital News

Demonstrando insatisfação com a cúpula regional do partido e rompendo formalmente relações com o governador André Puccinelli, o senador Valter Pereira afirma que continua no PDMB. “O PMDB é maior que certos dirigentes e é por isso que nós continuamos a nossa luta”, anunciou há pouco na tarde desta quarta-feira (26) na tribuna da sessão ordinária do Senado.

Tendo recebido proposta formal do PSB nacional e irritado com a disputa peemedebista que perdeu para o deputado federal Waldemir Moka (veja mais em notícias relacionadas), Valter gerou expectativa quanto à definição de seu futuro político.

Valter comenta que fez sempre “opção por uma dignidade da história”. “Que ajudei a escrever ao longo de décadas de militância política”, complementou.

“O antigo MDB unia cúpula e base num só projeto nacional e suas lideranças eram devotos que pregavam democracia em todos os cantos do país”, comentou, dando claro entendimento de que acredita que essa prática não é mais corriqueira em Mato Grosso do Sul.

Valter comentou ainda que pensa que André foi ingrato. Ele comentou a saída do agora governador em 1989, quando ele, à época deputado estadual, o ex-governador Wilson Barbosa Martins, o senador Ramez Tebet haviam feito “debandada para se alojarem no ninho dos tucanos”.

Naquela ocasião, Valter era recém eleito presidente regional do PDMB. “Priorizei a pacificação do partido quando presidente. Com este espírito, não apenas abri mão, não apenas abri as portas para estas ovelhas desgarradas, como as chamei de volta. (...) Eles se encontravam em desconforto no PSDB, mas precisavam de estímulo para voltar. Estímulo que dei para que voltassem.”

O parlamentar defendeu que a carreira política de André não teria sido vitoriosa se não retornasse ao PMDB, já que defendeu que o PSDB na época não dispunha de condições para levá-lo mais adiante em suas pretensões. Porém, o retorno deles lhe causou “seqüelas” pontuou.

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Valter diz que foi buscar André de volta para o PDMB e que governador deveria se lembrar disso; ainda disse que André usou a máquina pública para o desfavorecer
Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

“Minha condição de presidente me produziram seqüelas. E paguei um alto preço: a longa interrupção da carreira parlamentar. E isso só terminou quando retornei após o falecimento de Ramez Tebet.”

A insatisfação com a situação a que foi imposta dentro do PMDB de Mato Grosso do Sul ficou mais evidente quando citou: “Mais de três anos de trabalho nesta casa, meu direito de conquistar a reeleição é contestado. Dos apelos de André (...), resultaram em um critério que, a primeira vista, parecia justo [prévias internas contra Moka]. (...) O único compromisso que ele apalavrou foi que a máquina pública não seria manejada para influir no resultado. Era o mínimo que imaginava. (...) Sucedeu exatamente o contrário. (...) Um tratoraço. (...) Em menos de três semanas inverteu o resultado e eu perdi.”

Continuou Valter, com mais veemência: “A interferência do governador foi um desrespeito contra quem nunca desrespeitou o partido. (...) Se ele encontra-se a porta do partido fechada quando quisesse retornar teria obstáculos intransponíveis, pois o PSDB não tinha capilaridade nem estrutura capazes de realizar as expectativas dele. (...) Esperava a mínima conduta ética com um companheiro de partido, mesmo que não fosse apalavrado.”

Valter comentou que “generosas” ofertas para que tivesse estrutura para candidatar-se a deputado federal foram feitas, mas, por dois motivos não pôde aceitá-las. “A oferenda é incapaz de pagar a dignidade, o respeito a quem acumulou 44 anos de fidelidade partidária. Segundo, o mandado eletivo é de interesse público que deve ficar acima de quaisquer favores.”

Ele ainda comparou características que o PMDB tinha no passado com o que seria a conjuntura atual, em seu ponto de vista: Era "o partido da participação"; tinha "liberdade" e não "censura"; tinha "convivência fraterna" e não "rancor"; e mantinha "relação amistosa" e não "de acintosa arrogância".

“Defendo os valores éticos da minha carreira, não tendo sido vassalo da ditadura, não há de ser agora que aceitarei a submissão. (...)O PMDB é maior que certos dirigentes e é por isso que nós continuamos a nossa luta”, finalizou.

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Por: Marcelo Eduardo – (www.capitalnews.com.br)

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