Você sabia que 100% da captação de água é de fontes renováveis? Antes de apresentar a novidade que tem em Mato Grosso do Sul, é necessário explicar que a água é obtida através de poços artesianos, que são perfurados no solo para acessar os aquíferos. A água é bombeada para a superfície e, se necessário, é tratada antes de ser distribuída. Mas, esse processo pode ser dividido em duas categorias principais: captação de água superficial, como aquela vinda de rios e lagos; captação de água subterrânea, como aquela vinda de lençóis e aquíferos subterrâneos.
Esse processo é fundamental para evitar doenças transmitidas pela água e melhorar a qualidade de vida da população. Além disso, é importante conservar e proteger as áreas de captação para garantir a quantidade e qualidade adequadas de água.
O processo de captação teve início no Egito, Mesopotâmia e Grécia por volta de 4.000 a.C com a construção de poços, barragens, chafarizes e aquedutos. Já no Brasil, o primeiro registro de saneamento foi em 1561, quando Estácio de Sá mandou cavar o primeiro poço para abastecer o Rio de Janeiro. Entre 1857 e 1887 o governo de São Paulo construiu o primeiro sistema de abastecimento de água encanada no Brasil. Após alguns anos, em 1876 a cidade do Rio de Janeiro inaugurou uma Estação de Tratamento de Água (ETA).
Com o passar dos anos a tecnologia foi avançando e os consumidores sendo beneficiados, até que em 1997 o Brasil recebeu o primeiro sistema fotovoltaico instalado na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). O sistema foi trazido pelo professor Ricardo Rüther, que concluiu um pós-doutorado em Sistemas de Energia Solar na Alemanha. Em 2011, a primeira usina solar do país foi a de Tauá, no Ceará, sendo a maior em escala comercial no Brasil e na América Latina.
Contando com 16 mil placas fotovoltaicas, a Companhia Elétrica de Minas Gerais instalou a primeira usina de Geração Distribuída (GD). Atualmente a Águas Guariroba tem um consumo total de 9.853 MWh em sua operação. Em 2023, Mato Grosso do Sul inaugurou na cidade de Cassilândia a Usina de Geração Distribuída Fotovoltaica, gerando energia suficiente para abastecer o equivalente a 1.279 residências. A nova usina ocupa uma área de aproximadamente 40.000 m² e tem uma potência instalada de 1.264 kWp e 1.000 kWac.
Segundo a coordenadora de operações da Águas Guariroba, Isadora Andrade, a energia elétrica é fundamental para todas as etapas no processo de abastecimento, pois permite o funcionamento de bombas de captação, responsáveis por retirar água das captações superficiais e poços e transportá-las para estações de tratamento. Nesse processo, a energia alimenta os equipamentos que realizam processos como filtração e cloração, essenciais para garantir a potabilidade da água. Para a distribuição, a energia elétrica é usada para bombear a água tratada até os reservatórios e sistemas de abastecimento, que enviam a água para residências, muitas vezes superando grandes elevações e distâncias.
“Para a água chegar à Estação de Tratamento de Água (ETA), ela precisa ser bombeada até uma distância de aproximadamente 35km. A Captação Guariroba consome aproximadamente 4.548.170 kW de energia mensalmente, para que possa circular a água da Captação até a Estação de Tratamento. Para colocar isso em perspectiva, o consumo médio de uma residência é de cerca de 152,2 kW por mês. Isso significa que o consumo energético do processo da Guariroba é equivalente ao consumo de aproximadamente 30.000 residências por mês”, explica Isadora.
Além disso, a produção da usina evita a emissão de aproximadamente 906 toneladas de gás carbônico por ano, contribuindo significativamente para a diminuição da pegada de carbono, ajudando com a meta do Governo de Mato Grosso do Sul de levar o estado a carbono zero até 2030. Essa redução também equivalente ao plantio de 5.556 árvores anualmente, destacando o impacto positivo do projeto no meio ambiente.
Parques eólicos
Em 2024 a Águas Guariroba, concessionária da Aegea, passou a produzir a própria energia através de parques eólicos localizados na Bahia. Com a novidade, a concessionária atinge o patamar de 99% de toda energia consumida em sua operação proveniente de fontes 100% limpas.
De acordo com as informações da concessionária, essas usinas eólicas implantadas pela empresa parceira Serena Energia passam a gerar essa energia através de 20 aerogeradores de 5,8MW cada, resultando em uma potência instalada total de 116MW e serão responsáveis por fornecer uma energia equivalente a uma cidade de cerca de 700 mil habitantes.
As usinas que compõem o projeto já estão totalmente implantadas e fazem parte do complexo eólico Assuruá 5, localizados em Xique-Xique e Gentil do Ouro, no estado da Bahia.