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Meio Ambiente Terça-feira, 12 de Novembro de 2024, 17:01 - A | A

Terça-feira, 12 de Novembro de 2024, 17h:01 - A | A

Crise Ambiental

Dia do Pantanal alerta para degradação do bioma que sofre com efeitos da seca

No Dia Nacional do Pantanal, bioma enfrenta uma drástica redução nas áreas alagadas, aumento dos incêndios e expansão das pastagens exótica

Viviane Freitas
Capital News

No Dia Nacional do Pantanal, celebrado nesta terça-feira (12), não há motivo para comemoração. O bioma, localizado nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, enfrenta uma grave crise ambiental, com a explosão de focos de incêndio que devastaram grandes áreas nos últimos anos. Em 2023, o Pantanal sofreu uma das maiores secas de sua história, o que agravou ainda mais os problemas ambientais da região, uma das mais importantes e biodiversas do Brasil.

De acordo com um estudo do MapBiomas, divulgado recentemente, a área alagada do Pantanal tem diminuído significativamente ao longo das últimas décadas. Esse fenômeno é consequência de períodos de cheia cada vez mais curtos e secas mais prolongadas, que alteram a dinâmica ecológica da região e favorecem a ocorrência de incêndios. Em 2023, o volume de água no bioma foi 61% inferior à média histórica, o que resultou em uma redução considerável nas áreas alagadas.

O estudo também aponta uma tendência preocupante de redução do tempo de alagamento, o que tem alterado a vegetação natural do Pantanal. A conversão de áreas alagadas em savanas, por exemplo, tem sido uma das consequências desse processo. A savana pantaneira já ocupa cerca de 2,3 milhões de hectares, e 22% dessa área surgiu de locais que antes eram permanentemente alagados, mas agora estão mais secos e vulneráveis ao fogo.

Alvaro Rezende/Governo MS

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Os incêndios no Pantanal se tornaram recorrentes, especialmente após 2018, quando ocorreu a última grande cheia. Entre 2019 e 2023, cerca de 5,8 milhões de hectares foram queimados, com destaque para as áreas próximas ao Rio Paraguai, que antes eram permanentemente alagadas. Em 2024, a situação se agravou, com um aumento de mais de 1.000% no número de focos de incêndio no primeiro semestre em relação ao mesmo período de 2023, conforme dados do Inpe.

Além das mudanças climáticas e do impacto dos incêndios, o estudo revela a expansão de áreas de pastagem exótica no Pantanal, um reflexo do desmatamento e da conversão do bioma para a agropecuária. O uso intensivo da terra, especialmente na Bacia Hidrográfica do Alto Paraguai (BAP), tem alterado drasticamente a dinâmica da água na região, afetando a vegetação natural e agravando os efeitos das secas. Entre 1985 e 2023, a área ocupada por pastagens exóticas no Pantanal aumentou consideravelmente, com grandes áreas de florestas e savanas sendo substituídas por pastagem, o que contribui para o desequilíbrio ecológico da região.

O Pantanal, que já enfrentou períodos de seca no passado, nunca havia experimentado uma transformação tão acelerada em sua paisagem e ecologia. A crescente intervenção humana e a intensificação do uso agropecuário têm colocado em risco a sobrevivência de um dos biomas mais ricos e complexos do planeta. O futuro do Pantanal depende de medidas urgentes para a preservação da água, do controle do fogo e da recuperação das áreas degradadas.

Divulgação

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