A fibromialgia, uma síndrome que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, foi o tema do novo episódio do Podcast Guia+Saúde, exibido nesta quinta-feira (14), no YouTube. O programa recebeu a reumatologista Dra. Talita Batata, que esclareceu os principais desafios enfrentados pelos pacientes, além de abordar tratamentos e os mitos que cercam a condição.
Durante a entrevista, a especialista explicou que a fibromialgia se manifesta por meio de uma dor crônica generalizada, sem origem inflamatória ou infecciosa, e que tem relação com uma desregulação dos neurotransmissores responsáveis pela dor. “O paciente com fibromialgia sente dor nos quatro quadrantes do corpo ao mesmo tempo. Isso acontece porque há um desequilíbrio nos hormônios que regulam a sensibilidade à dor”, afirmou a médica.
Além da dor difusa, a doença pode estar associada a outros sintomas, como fadiga extrema, distúrbios do sono, alterações intestinais e problemas psicológicos, incluindo ansiedade e depressão. “É uma síndrome que pode ter muitos gatilhos, desde predisposição genética até eventos traumáticos ou estresse extremo. Por isso, cada caso precisa ser avaliado individualmente”, explicou Dra. Talita.
A médica também destacou a importância do diagnóstico correto, já que outras doenças podem ser confundidas com a fibromialgia. “É essencial descartar outras condições, como diabetes descompensado, hipotireoidismo ou doenças reumatológicas, que também podem causar dores generalizadas. Nem toda dor no corpo é fibromialgia”, alertou.
Preconceito e a necessidade de conscientização
Durante o bate-papo, um dos pontos mais discutidos foi o preconceito enfrentado pelos pacientes, especialmente por ser uma "doença invisível", ou seja, que não apresenta alterações físicas evidentes. “Muitos pacientes se arrumam, colocam uma maquiagem, tentam seguir a vida normalmente, mas isso não significa que não estão sofrendo. O julgamento da sociedade piora o quadro emocional e aumenta a sensação de solidão dessas pessoas”, disse a reumatologista.
Sobre o reconhecimento da fibromialgia como deficiência, Dra. Talita foi cautelosa. “A fibromialgia não causa uma incapacidade permanente, mas pode gerar períodos de maior limitação. O tratamento adequado pode melhorar a qualidade de vida, e cada caso deve ser avaliado com atenção”, afirmou.
Tratamento e importância do exercício físico
A reumatologista ressaltou que o tratamento da fibromialgia deve ser multidisciplinar, envolvendo mudanças de estilo de vida e acompanhamento médico. “O exercício físico é a base do tratamento. Ele é a única intervenção que realmente ajuda a reverter a sensibilização à dor. Mas é preciso começar aos poucos e respeitar os limites do corpo”, destacou.
A especialista também citou o uso de medicamentos moduladores de dor, antidepressivos e relaxantes musculares como parte do tratamento, mas reforçou que a abordagem deve ser personalizada. “O objetivo é garantir que o paciente tenha qualidade de vida e consiga realizar suas atividades diárias com o mínimo de dor possível”, pontuou.
Sobre o uso do canabidiol para tratar a fibromialgia, a médica alertou que ainda não há comprovação científica suficiente para recomendá-lo como primeira opção. “É um tema polêmico, mas, no momento, o canabidiol não está incluído nos protocolos oficiais de tratamento da fibromialgia. Muitas pessoas apostam nele como uma solução mágica, mas sem a prática de exercícios e o controle adequado da doença, ele não trará os resultados esperados”, concluiu.
O Podcast Guia+Saúde vai ao ar todas as quintas-feiras, às 20h (horário de Mato Grosso do Sul), pelo YouTube. O episódio completo com a Dra. Talita Batata já está disponível na plataforma.
Fibromialgia: A dor invisível que impacta milhões | Dra. Talita Batata | Guia+Saúde Podcast #17