A Orquestra Indígena de Mato Grosso do Sul está prestes a realizar um feito histórico: uma turnê pela Europa. Formada por adolescentes da Aldeia Urbana Darcy de Souza, em Campo Grande, o grupo se prepara para sua primeira viagem de avião, primeiro contato com o mar e sua primeira experiência internacional. As apresentações acontecem em Portugal e na Espanha, e marcam um importante passo na trajetória dos jovens músicos.
“Eles vão conhecer o Atlântico em Portugal, antes mesmo de ver o nosso mar”, contou emocionado o maestro Eduardo Martinelli, que acompanha o grupo desde 2016. Ao longo dos anos, esses jovens, com idades entre 16 e 19 anos, se tornaram músicos excepcionais, misturando instrumentos tradicionais indígenas com clássicos da música brasileira.
A orquestra, batizada como Orquestra Indígena do Brasil em suas apresentações internacionais, é composta por cerca de 20 músicos e apresenta um repertório 100% brasileiro. A fusão de sons indígenas com instrumentos clássicos, como violinos, acordeon e piano, promete encantar o público europeu. O espetáculo começa com um canto da anciã Dona Leda, da etnia Terena, e inclui clássicos como “Kikio” de Geraldo Espíndola, na língua terena.
A turnê pela Europa tem sua origem em uma oportunidade criada pelo maestro Martinelli, que, em suas viagens de trabalho, apresentou o projeto a produtores culturais portugueses. Como resultado, o grupo foi incluído nas celebrações dos 200 anos do Tratado de Paz e Aliança entre Brasil e Portugal. Durante o espetáculo, que será realizado em Lisboa e Madri, os jovens músicos terão a chance de dividir o palco com artistas locais.
Na tarde de terça-feira (19), durante uma agenda oficial da ministra da Cultura, Margareth Menezes, o grupo se apresentou em Campo Grande, recebendo elogios e aplausos da ministra. Para o maestro, esse é apenas o começo de uma jornada transformadora para os jovens, que agora têm a confiança de que podem levar sua música a qualquer lugar do mundo.