Jaelson Lucas/ANPr
Governadores dos Estados de Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo estiveram juntos no lançamento do projeto
O novo trecho ferroviário, de cerca de 1.000 quilômetros, que vai ligar e Dourados (MS) ao Porto de Paranaguá, no litoral paranaense, com valor estimado para a construção da ferrovia de R$ 10 bilhões, vai reduzir os custos com transporte em até 30%, segundo cálculos divulgados durante o evento de lançamento do empreendimento. “Fazendo esse modal a gente integra uma região extremamente produtiva. Juntos, Mato Grosso do Sul e Paraná são responsáveis por cerca de 30% de toda a produção de grãos do país. A previsão é termos a redução do custo de transporte em cerca de 30%, ligando essas duas importantes regiões produtoras do país”, destacou o governador do Paraná, Beto Richa, sobre a malha ferroviária, apontada como a mais econômica.
A avaliação positiva feita pelo chefe do Executivo do estado vizinho confirmada pelos representantes dos setores produtivos de Mato Grosso do Sul. “Com certeza, o maior ganho dessa ferrovia será a competitividade dos nossos produtos. Temos um levantamento feito superficialmente que pode dar uma média de R$ 5 a mais de ganho ao produtor pela saca de soja, se embarcando na exportação via ferrovia de Dourados. Então, é um ganho significativo para o Estado e mais competitividade para os nossos produtos”, analisou Sérgio Longen, acrescentando que o diretor-presidente da Ferroeste, João Vicente Bresolin, apresentou o projeto para a iniciativa privada, buscando parceiros.
“Na verdade, trata-se de uma oportunidade clara de PPP (Parceria Público Privada), via Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), que estipula 60 dias para adesão de investidores ao projeto de viabilidade econômica. As empresas podem conhecer o projeto e apresentar os seus projetos de parcerias com a Ferroeste, que é controlada pelo Governo do Paraná e é uma ferrovia que vai sair de Dourados a Guaíra, Guaíra a Guarapuava e Guarapuava a Paranaguá”, reforçou o dirigente da Fiems.
Na avaliação do presidente da Famasul, a ferrovia trará benefícios diretos ao setor. “Mato Grosso do Sul tem uma forte vocação agropecuária, a exemplo da região Centro-Sul, que é responsável por mais de 78% da produção de grãos do estado. A ferrovia proporcionará maior competitividade ao agro, principalmente, com a diversificação do modal de transporte”.
Reinaldo Azambuja reiterou os dados repassados por Richa frisou os efeitos positivos da diversificação dos modais e melhorias da logística na região que tem o agronegócio como um dos pilares da economia. “É com grande motivação que participamos do lançamento desse projeto ferroviário que vai, sem dúvida, expandir a fronteira do agronegócio no Centro-Oeste brasileiro e contribuir com a afirmação da economia brasileira. Não temos dúvida que a Ferroeste nos permitirá preparar Mato Grosso do Sul e o Paraná como uma das principais fronteiras do agronegócio”, disse Reinaldo.
Ainda segundo o governador, para Mato Grosso do Sul, que está no eixo da rota de integração latino-americana, abre-se a perspectiva de implantação, em menor tempo, do corredor ferroviário bioceânico, interligando os portos de Paranaguá (PR) e Santos (SP) aos terminais chilenos de Antofagasta, Mejillones, Iquique e Arica, e Ilo, no Peru. “Os investimentos na Ferroeste não vão significar apenas um suporte fantástico à expansão das fronteiras de produção de alimentos, com o fortalecimento da economia, mas também progresso social, melhor qualidade de vida urbana, ampliando as oportunidades com geração de emprego e renda”, afirmou.
Edital e construção
Assessoria/Divulgação
Novo modal ferroviário é fundamental para a região de Dourados, dizem empresários e governo
Para a execução do projeto do novo ramal, o Governo do Paraná lançou um Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI). Trata-se de um edital público de chamamento, elaborado pela Secretaria de Planejamento e Coordenação Geral destinado a empresas interessadas na elaboração de estudos técnico-operacionais, econômico-financeiros e ambientais para a construção e exploração de serviços ferroviários.
O trecho 1 da nova ferrovia ligará Guarapuava (PR) ao Porto de Paranaguá e terá 400 quilômetros de extensão, enquanto o trecho 2, que já é uma concessão da Ferroeste, será a extensão da linha de Guarapuava até Dourados (MS), passando por Guaíra (PR), com a construção de mais 350 quilômetros de trilhos. No trecho de Mato Grosso do Sul, a Ferroeste será interligada ao ramal da ferrovia Rumo, que liga Itahum (Dourados) a Maracaju, Sidrolândia, Campo Grande e aos extremos leste (Três Lagoas) e oeste (Corumbá).
O projeto prevê ainda a revitalização do traçado de 250 quilômetros já existente e operado pela Ferroeste entre Guarapuava e Cascavel, sendo que esse trecho também será subconcessionado. O traçado da nova ferrovia não poderá utilizar a malha operada pela Rumo, nem mesmo a sua Faixa de Domínio, proporcionando um impacto direto na melhoria dos serviços logísticos.
Dados da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) apontam a capacidade ociosa e ocupada por trecho em cada ferrovia do País. No caso do Paraná, os dois maiores gargalos logísticos ferroviários estão entre Curitiba e Paranaguá e Guarapuava e Ponta Grossa. O Porto de Paranaguá, o segundo maior do Brasil, movimentou em 2017 quase 50 milhões de toneladas, entre importação e exportação.