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Economia Sexta-feira, 23 de Novembro de 2007, 17:02 - A | A

Sexta-feira, 23 de Novembro de 2007, 17h:02 - A | A

Dólar ignora recuperação das bolsas e sobe mais de 1%

Reuters

A saída de recursos do País fez o dólar superar R$ 1,80 pela primeira vez em um mês nesta sexta-feira, ignorando o dia tranquilo nos mercados internacionais.

A moeda norte-americana fechou com alta de 1,40%, a R$ 1,805. Em novembro, a valorização acumulada é de 3,9%.

Agentes relataram que houve várias operações de saída nesta sessão. "Teve uma de 300 (milhões de dólares), é significativa. Falei com outros bancos, e era de 20, 30 (milhões cada). Muita saída institucional, e muita de dividendos", disse Mario Battistel, gerente da Fair Corretora.

No começo do dia, a moeda chegou a operar em baixa, refletindo a alta das bolsas de valores e a falta de notícias ruins sobre o setor de crédito no exterior.

Mas a saída de cerca de US$ 300 milhões, expressa por uma compra no mercado futuro, desequilibrou um mercado que tinha volume abaixo da média.

Segundo Carlos Alberto Postigo, operador de câmbio da corretora Action, houve uma espécie de "efeito manada" a partir de então e, ao longo do dia, o dólar manteve a escalada.

Os operadores não conseguiram identificar a origem da primeira operação. Mas, segundo Battistel, "há alguns dias já vêm aparecendo mais saídas do que entradas" por causa da incerteza com os prejuízos dos bancos estrangeiros e com o crescimento dos Estados Unidos.

Na quarta-feira, segundo dados da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F), os estrangeiros já haviam intensificado as compras, reduzindo a posição vendida futura (mercado futuro de dólar e cupom cambial) em aproximadamente US$ 1,5 bilhão. No dia, o dólar subiu 0,62%.

De acordo com Gustavo Cunha, operador de derivativos do Rabobank, "o mercado também comentou a declaração do Mantega ontem". O ministro da Fazenda disse, sem dar detalhes, que o governo vai buscar no mercado os dólares necessários para a criação do fundo soberano planejado pelo governo.

O volume mínimo anunciado é de US$ 10 bilhões. Cunha explicou que esse não foi um fator determinante para a alta do dólar nesta sessão, mas reconheceu que "é uma má noticia a mais para o mercado", já que sinaliza uma maior atuação do governo na compra de moeda.

Além disso, mesmo com a forte alta do dólar, o Banco Central manteve a rotina e comprou dólares no mercado. No leilão, o BC definiu taxa de corte a R$ 1,7985 e aceitou, segundo operadores, ao menos duas propostas.

Na próxima semana, o mercado espera mais volatilidade na taxa de câmbio. Segundo Francisco Carvalho, gerente de câmbio da corretora Liquidez, o dólar deve reagir a dados norte-americanos - que reservam uma semana carregada, com números sobre o crescimento, por exemplo.

Um outro fator importante é a oferta pública de ações (IPO) da Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F). Mesmo com a instabilidade externa, a operação deve atrair muitos dólares e pode compensar as recentes saídas. As ações da BM&F começam a ser negociadas na sexta-feira.

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