A inflação de Campo Grande voltou a subir após cinco meses registrando quedas consecutivas. O Índice de Preços ao Consumidor de Campo Grande (IPC/CG) de julho, divulgado mensalmente pelo Núcleo de Pesquisas Econômicas (Nepes) fechou o mês em 0,51%, bem acima da inflação de junho, que foi de 0,31%, a menor de 2015. O índice do mês passado superou em 0,29% julho de 2014, quando o indicador registrado foi de 0,22%. Conforme o Nepes a conduta da inflação registrada no mês passado revela um cenário preocupante na Capital.
Em julho Campo Grande foi beneficiada com uma redução significativa nos preços dos combustíveis, com promoções da gasolina e do etanol e uma redução do ICMS do diesel, que impactou em média -6,6% no preço, fazendo com que o grupo Transportes, com deflação de (-2,37%), com uma contribuição negativa de (-0,35%), propiciando uma menor taxa de inflação. Outro grupo que registrou queda foi Educação, com -0,02%. Entretanto no mês de julho também aconteceu um reajuste na taxa de água/esgoto da Capital, em média de 8,21%, fazendo com que o índice do grupo Habitação atingisse 1,26%, contribuindo com 0,41% para o índice de inflação. Outros grupos pesquisados que registraram alta foram: Despesas Pessoais (2,67%), Alimentação (0,75%), Saúde (0,65%) e Vestuário (0,19%).
Segundo assessoria do Nepes, o coordenador do Núcleo de Pesquisas Econômicas da Anhanguera-Uniderp, Celso Correia de Souza, explica que o retorno da inflação ao centro da meta estabelecido pelo CMN, que é de 4,5%, só deverá ocorrer em meados de 2016. “Se as medidas tomadas pelas autoridades responsáveis forem bem-sucedidas, já que as taxas mensais de inflação do ano de 2014 foram muito baixas se comparada com as atuais. Podem-se citar como exemplos, a inflação do mês de julho do ano passado foi de 0,22%, a do mês de agosto 0,23%, a de setembro 0,25%, índices muito difíceis de serem alcançados neste ano em Campo Grande”, revela o pesquisador.
A inflação acumulada nos últimos doze meses, em Campo Grande, é de 9,39%, muito acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 6,5%. As maiores inflações no período, por grupo, foram: Alimentação com 12,08%, Habitação com 12%, Despesas Pessoais com 11,30% e Transportes com 9,69%. O grupo Vestuário está com deflação de -0,24%. O professor Celso Correia compartilha que ainda há tendência de aumento da inflação acumulada. “O índice está se aproximando perigosamente de atingir os dois dígitos, ou seja, se tornar maior que 10%, que, certamente, terá uma grande repercussão negativa por parte da comunidade campo-grandense”, ressalta o pesquisador.
Nos sete meses de 2015 a inflação acumulada já ultrapassou o teto da meta, chegando a de 7,24%. Destacam-se com as maiores inflações acumuladas os grupos: Habitação com 11,49%, Despesas Pessoais com 9,48% e Educação com 7,69%. No período o grupo Vestuário registra deflação acumulada de -0,96%. Os responsáveis pelas maiores contribuições para a inflação do mês de julho foram: Taxa de água/esgoto (0,32%), pescado fresco (0,07%), acém (0,07%), papel higiênico (0,04%), leite pasteurizado (0,03%), blusa (0,03%), paleta (0,02%), aluguel apartamento (0,02%), aluguel de casa (0,02%) e batata (0,02%).
Itens que seguraram a inflação
Já os dez itens que mais ajudaram a segurar a inflação nesse período com contribuições negativas foram: diesel (-0,18%), gasolina (-0,14%), etanol (-0,06%), vestido (-0,04%), alcatra (-0,03%), tomate (-0,02%), frango congelado (-0,02%), óleo de soja (-0,01%), maçã (-0,01%), milho para pipoca (-0,01%). O grupo Habitação apresentou elevação de 1,26% em relação ao mês anterior. Alguns produtos/serviços deste grupo que sofreram majorações de preços foram: taxa de água/esgoto (8,21%), vela (3,78%), esponja de aço (3,17%), entre outros com menores aumentos. Quedas de preços neste grupo ocorreram com: limpa vidros (-2,69%), carvão (-2,37%), saponáceo (-1,99%), entre outros.
O índice de preços do grupo Alimentação apresentou alta de 0,75%. Os maiores aumentos que ocorreram em produtos desse grupo foram: pescado fresco (11,56%), limão (9,86%), cebola (9,62%), paleta (8,89%), entre outros. Quedas de preços ocorreram com tomate (-11,10%), repolho (-8,09%), abóbora (-7,80%), entre outros. O pesquisador explica os motivos da variação. “O grupo Alimentação sofre muita influência de fatores climáticos e da sazonalidade de alguns de seus produtos, principalmente, verduras, frutas e legumes. Alguns produtos aumentam de preços ao término da safra, outros diminuem de preços quando entram na safra. Quando o clima é desfavorável há aumentos de preços, ocorrendo quedas quando o clima se torna favorável”, diz Souza.
Setor de Carnes
Dos quinze cortes de carnes bovinas pesquisados, sete tiveram quedas nos preços, oito sofreram elevações. As reduções foram identificadas com: alcatra (-2,37%), cupim (-1,67%), fígado (-1,21%), costela (-1,11%), picanha (-0,95%), contra filé (-0,61%), vísceras de boi (-0,14%). Os maiores aumentos de preços ocorreram com: paleta (8,89%), acém (8,81%), músculo (3,27%), filé mignon (2,75%), peito (2,72%), patinho (2,09%), coxão mole (1,70 %) e lagarto (-0,90%). “Percebe-se que está existindo a migração do consumidor para os cortes de segunda, de menores preços, fazendo com que esses cortes subam de preços. Com a expressiva alta do dólar, que poderá favorecer a exportação da carne bovina, a tendência é de que o valor do produto não recue a curto prazo, pois, estamos na entressafra, com redução da oferta de boi gordo para o abate”, analisa o pesquisador Celso Correia de Souza.
No mês passado, o frango resfriado teve redução de preço de 2,40% e miúdos, queda de 1,19%. Quanto à carne suína, o aumento foi de 2,97% na bisteca e a diminuição de ocorreu com pernil (-3,63%) e costeleta (-2%). “Com o alto preço da carne bovina, o consumidor pode migrar para cortes mais baratos resultando em novos aumentos. As carnes de frango e suína, com valores já bastante baixos, continuam sendo boas opções para a substituição à carne bovina”, observa o professor Celso.
Transporte apresentou queda devido à redução do ICMS
Com relação ao grupo Transportes houve uma forte queda, da ordem de -2,37%, devido à redução de preços de combustíveis. O diesel registrou -6,60%, gasolina -4,01% e etanol -3,22%. Altas de preços ocorreram com passagens de ônibus interestadual (7,47%), de ônibus intermunicipal (1,69%) e automóvel novo (0,53%). O grupo Despesas Pessoais apresentou uma forte elevação em seu índice: 2,67%. Alguns produtos/serviços desse grupo que tiveram aumentos de preços foram: papel higiênico (8,94%), creme dental (5,21%), xampu (3,42%), entre outros. Queda de preço ocorreu somente com produto para limpeza de pele (-0,03%).
O grupo Saúde registrou alta de 0,65% e não houve nenhuma queda de preço em produtos deste grupo. Os itens com maiores aumentos foram: antidiabético (5,28%), psicotrópico e anorexígeno (3,69%), antimicótico e parasiticida (3,05%), entre outros. Contrariando o comportamento de queda de junho, o grupo Vestuário, em julho, teve elevação em torno de 0,19%. Aumentos de preços que ocorreram com: sapato feminino (2,67%), blusa (2,37%), short e bermuda masculina (1,33%), entre outros com menores aumentos. Quedas de preços ocorreram com: vestido (-6,81%), saia (-2,93%), sapato masculino (-0,78%), entre outros. O grupo Educação também apresentou uma moderada deflação de -0,02%, devido a pequenas quedas de preços em produtos de papelaria.
IPC - O Índice de Preços ao Consumidor de Campo Grande (IPC / CG) é um indicador da evolução do custo de vida das famílias dentro do padrão de vida e do comportamento racional de consumo. O Índice busca medir o nível de variação dos preços mensais do consumo de bens e serviços, a partir da comparação da situação de consumo do mês atual em relação ao mês anterior, de famílias com renda mensal de 1 a 40 salários mínimos.