A Votorantim Siderurgia e o empresário Alexandre Grendene Bartelle, fundador e controlador da fabricante de calçados Grendene anunciaram ontem a criação de uma joint venture para construção de uma usina siderúrgica em Três Lagoas. Batizada de Siderúrgica Três Lagoas (Sitrel), a unidade irá produzir aços longos para atender o mercado da região Centro-Oeste, utilizando, para isso, matéria-prima (aços brutos) da usina da Votorantim em Resende (RJ), inaugurada em outubro. O investimento total, segundo uma fonte próxima ao projeto, é de US$ 450 milhões.
O valor será aplicado em duas fases. A primeira contempla a construção de uma unidade de laminação, com capacidade para produzir 300 mil toneladas de aços longos (barras e vergalhões). Em um segundo estágio, deverá ser construída uma aciaria no local. A Sitrel deve começar a operar em 2012. "O empreendimento, aliado às unidades de Resende e Barra Mansa (RJ), fará com que a empresa siga o seu caminho rumo à consolidação como importante player no mercado siderúrgico brasileiro", informou a Votorantim Siderurgia, em nota.
A Sitrel é um projeto antigo do empresário gaúcho Alexandre Grendene, que comprou uma área há dois anos, a 18 quilômetros do centro de Três Lagoas, para implantar a usina. "O conhecimento do setor e a força de gestão da Votorantim Siderurgia foram determinantes para a decisão de investirmos neste projeto", disse o empresário ontem, por meio de comunicado. Com o acordo assinado ontem, as companhias dividirão o controle da nova usina, com 50% de participação cada.
Procurada pela reportagem, a Grendene disse apenas que o investimento é um projeto particular de seu controlador, e não diz respeito à empresa. O grupo Votorantim, que atua em cimento, metais e celulose, entre outros setores, tem ampliado seus investimentos na área siderúrgica. A unidade de Resende, que custou US$ 550 milhões, foi inaugurada há cerca de um mês, com a promessa de expansão no médio prazo.
Além da utilização dos insumos produzidos nessa unidade, o novo investimento em Três Lagoas pode trazer mais sinergias ao grupo. O grupo mantém na cidade outro importante negócio: a fábrica de celulose da Fibria (empresa resultante da união da Votorantim Celulose e Papel, a VCP, com a Aracruz), com capacidade de produzir 1,3 milhão de toneladas por ano do insumo, em operação desde o início do ano. Cerca de 80% da produção da fábrica é destinada ao mercado externo, por meio de uma ferrovia que liga a região ao Porto de Santos. Segundo o analista da Link Investimentos, Leonardo Alves, a facilidade logística pode explicar o interesse do grupo pelo projeto da Sitrel. (Com informações do Perfil News)
Por Alessandro Perin (www.capitalnews.com.br)