Comercial se diz no “fundo do poço” e coloca 2017 em dúvida

Jed Vieira/Arquivo Gazeta MS

No Jacques da Luz, o Comercial e Araguaia pelo brasileirão deste ano

A desclassificação prematura do Comercial na Série D do Campeonato Brasileiro pode estar fechando o ciclo de um dos clubes mais tradicionais de Mato Grosso do Sul e dono de nove conquistas estaduais. Em precária situação financeira, a atual diretoria divulgou carta aberta em sua página no Facebook colocando em dúvida a continuidade das atividades do Colorado no futebol profissional.

Na “Carta Aberta aos Comercialinos”, o clube fala das conquistas dos últimos anos, de como está tentando limpar o nome da entidade, mas se diz no “fundo do poço” em relação à situação financeira, apesar do esforço de alguns dirigentes.

Após muitos diretores se desfazerem dos seus patrimônios colocando dinheiro no clube para mantê-lo vivo, terem deixado sua vida pessoal e profissional de lado, até mesmo sendo deixados pela suas famílias, podemos dizer que chegamos ao fundo do poço, sem o apoio dos torcedores e sócios não conseguiremos ir a lugar algum diz em um trecho.

Já eliminado do Brasileiro deste ano, a carta cita o outro representante sul-mato- grossense na competição, o Sete de Dourados, esse classificado, mas que também tem passado por problemas financeiros. Assim como o Sete de Dourados, terminamos o estadual com uma folha salarial atrasada, e com recursos prometidos para a curta Série D, montamos uma equipe enxuta para disputar a competição neste ano e manter o sonho de disputá-la com reais chances de acesso a série C em 2017, porém os maus resultados afastaram os novos e velhos patrocinadores e as promessas de apoio não se concretizaram.

Nas palavras finais, a diretoria chegou a cobrar a própria torcida. No estádio em 2010 eram mais de 14 mil, igual número de simpatizantes e torcedores na nossa página do Facebook hoje.

Se cada um ajudasse um pouquinho, nosso time seria imbatível. Mas o que você pode fazer para que nosso colorado não feche as portas após 73 anos de histórias.

Anderson Ramos/ Arquivo Capital News

Ítalo Ítalo Milhomem, Presidente do Comercial, hoje quase que sozinho administra o 2º clube mais importante do MS

Três presidentes em quatro anos
A instabilidade financeira e política do Comercial não é recente. Desde a saída de Carlos Alberto de Assis do comando do clube, em 2012, foram três presidentes e dificuldade para fechar as contas em cada final de competição. Luiz Carlos Cortez assumiu em novembro e ficou no cargo até agosto de 2014. Alegou problemas familiares e particulares para continuar, mas reclamou também da falta de apoio ao futebol da Capital. “O que falta é uma ajuda por parte dos governantes. Você esta vendo o Corumbaense. Vai ser campeão da Segundona. Lá, o Paulo Duarte, prefeito da cidade, ajuda, mas aqui, os clubes não têm nenhum tipo de ajuda”, disse à época. O Corumbaense foi vice-campeão, mas garantiu o retorno à Série A.

A saída de Cortez levou ao cargo o então vice-presidente Fernando Doldan. Na sua gestão o clube conquistou o Campeonato Estadual de 2015 e disputou a Série D do Brasileiro, também caindo na primeira fase. Após a desclassificação, Doldan também renunciou, mas disse não ter deixado dívidas. “Saio e deixo a finança do clube em dia. Todos os jogadores que defendera o time no Campeonato Brasileiro foram dispensados, mas receberam”, afirmou.

No lugar de Doldan, foi eleito o jornalista e então diretor Ítalo Milhomen, que levou o time novamente à Copa do Brasil e ao Campeonato Brasileiro com o vice estadual de 2016, mas sofre com a falta de apoio como exposto agora abertamente pelo presidente.

Na Série D, o time faz o último jogo neste domingo, às 17h, no Estádio Douradão, contra o Ceilândia (DF). Depois, só volta às atividades em 2017. Pelo menos é o que o torcedor colorado espera.

Divulkgação/Face Book

Ítalo Milhomem foi eleito junto com a nova diretoria do Comercial para o cumprimento de um mandato "tampão", mas muitos diretores na foto já deixaram o Comercial