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Esporte Sábado, 13 de Maio de 2023, 09:13 - A | A

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Mercado de Bets

Esquema de manipulação em jogos de futebol assusta dirigentes e torcedores

MP-GO investiga diversos jogadores e partidas, inclusive no MS, estariam sob investigação

Rogério Vidmantas
Capital News e Agência Brasil

Divulgação

Apostas Bet

Sites de apostas proliferam pela internet e viram alvo de criminosos

Com o crescimento exponencial de sites de apostas esportivas, aumentaram também os indícios de manipulação em partidas em diversas competições, particularmente do futebol. Nas últimas semanas, a operação Penalidade Máxima, do Ministério Público de Goiás (MP-GO), trouxe à tona denúncias envolvendo jogadores que atuam em clubes das séries A e B do Campeonato Brasileiro. 

 

Mas há meses, situações chamam atenção em campeonatos regionais menos cotados. No Campeonato Sul-Mato-Grossense, por exemplo, seis partidas, nas competições de 2022 e deste ano, estariam sob investigação, segundo fonte ligada ao futebol profissional, mas quais atletas e partidas seguem sob sigilo. No Goiano, a partida entre Goiás e Goiânia, pela primeira fase, é apontada como uma com resultado fraudado por atletas e apostadores.

 

Para tentar coibir irregularidades no setor e consequente manipulação nas partidas, na última quinta-feira (11) o Ministério da Fazenda informou que editará uma medida provisória para regularizar o mercado no país. O texto foi encaminhado aos ministérios coautores (Planejamento, Gestão, Saúde, Turismo e Esportes) e será levado à Casa Civil, após avaliação e assinatura, antes de ser submetido ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

 

O texto se debruça especificamente sobre a regulamentação de apostas de quota fixa, conhecidas como mercado de bets. Segundo a Fazenda, a partir desse processo, os ministérios terão a possibilidade de editar portarias com regras para criar mecanismos que evitem e coíbam os casos de manipulação de resultados.

 

A Agência Brasil fez um resumo do que foi apurado pelo MP-GO.

 

Apostas

 

Atualmente as casas especializadas oferecem várias modalidades de apostas, além do simples resultado de uma partida. É possível palpitar, dentro do chamado mercado secundário, em diferentes eventos que acontecem no decorrer de um jogo, como número de cartões amarelos ou vermelhos, finalizações, escanteios, cobranças de pênaltis, entre outras estatísticas. As apostas são realizadas com diferentes cotações (as chamadas odds), a partir das quais são definidos os valores dos prêmios pagos.

 

Segundo os promotores que atuaram na operação Penalidade Máxima, organizações criminosas subornavam atletas profissionais de futebol para praticarem determinados eventos em partidas oficiais, como cometer pênaltis ou tomar cartões amarelos ou vermelhos, fazendo com que os apostadores envolvidos no esquema acertassem uma aposta feita previamente.

Divulgação/MP-GO

MP Apostas Bet

Ministério Público de Goiás abriu investigação sobre caso de manipulação de apostas na Série B de 2022

 

Denunciados

 

O MP-GO apontou a participação de alguns jogadores no esquema fraudulento. Entre eles está o zagueiro Eduardo Bauermann, afastado pelo Santos de forma preventiva. Além do atleta do Peixe, foram denunciados os atletas Gabriel Tota (Ypiranga-RS), Victor Ramos (Chapecoense), Igor Cariús (Sport), Paulo Miranda (Náutico), Fernando Neto (São Bernardo) e Matheus Gomes (que atuou no Sergipe).

 

Mais nove pessoas (apostadores e membros da organização criminosa) também foram apontadas na denúncia, que, segundo o MP/GO, “esmiúça 23 fatos criminosos ocorridos durante as partidas, nas quais jogadores se comprometeram a cometer faltas para receber cartões e a cometer pênaltis. A organização criminosa visava apostar nos resultados e eventos induzidos e, desta forma, obter elevados ganhos”.

 

Após a denúncia inicial, prints de conversas de apostadores que estão sob investigação pelo MP-GO chegaram a conhecimento público. Nessas trocas de mensagens apareceram nomes de jogadores que não foram denunciados. Alguns foram afastados de forma preventiva pelas atuais equipes, como Vitor Mendes (Fluminense), Pedrinho (Athletico-PR), Bryan García (Athletico-PR), Richard (Cruzeiro), Maurício (Internacional), Nino Paraíba (América-MG), Raphael Rodrigues (Avaí), Alef Manga (Coritiba) e Jesús Trindade (Coritiba).

 

Descoberta do esquema

 

A investigação do Ministério Público de Goiás surgiu em fevereiro, a partir de uma denúncia feita pelo presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo. Naquela oportunidade, o dirigente revelou que o meia Marcos Vinícius Alves Barreira, mais conhecido como Romarinho (que teve o contrato rescindido em 2022), aceitou R$ 150 mil para cometer um pênalti na primeira etapa do jogo contra o Sport, pela Série B. Posteriormente, em abril, o MP-GO ampliou o escopo das investigações, passando a apurar possíveis eventos irregulares em partidas da Série A.

 

Nesta semana, o ministro da Justiça, Flávio Dino, determinou que a Polícia Federal (PF) instaurasse inquérito para investigar indícios de manipulação de resultados em competições esportivas, iniciativa que tem apoio da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Mesmo com a descoberta do esquema criminoso, a entidade máxima do futebol nacional afastou qualquer possibilidade de interromper a edição atual do Campeonato Brasileiro e afirmou que trabalha "em conjunto com a Fifa [Federação Internacional de Futebol] e outras esferas internacionais para um modelo padrão de investigação".

 

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